Mais um assalto ao bolso
O PS contou com a abstenção do PSD para impedir a revogação preconizada por PCP e BE do decreto-lei que introduz portagens nas SCUT do Grande Porto, Norte Litoral e Costa de Prata.
PS e PSD unem-se contra as populações
Embora ainda longe do seu epílogo, este processo é desde já revelador de como em nome do PEC aqueles partidos não olham a meios para consumar mais um assalto ao bolso de quem trabalha e das populações.
Os pedidos de apreciação parlamentar do PCP e BE foram chumbados com os votos contra do PS, a abstenção do PSD e CDS/PP, votando favoravelmente, além dos proponentes, o PEV.
O deputado comunista Jorge Machado voltou a invectivar com particular dureza as bancadas rosa e laranja, acusando-as de se unirem contra as populações e de pretenderem corrigir o «desastroso erro que é o modelo de financiamento das SCUT com um erro ainda pior que é cobrar portagens nestas vias».
Reiteradas pelo parlamentar comunista foram também as razões que sustentam a oposição da sua bancada a mais esta medida injusta, designadamente a que se baseia no comprovado facto de não estarem preenchidos os requisitos definidos pelo próprio Governo no seu programa para a cobrança de portagens, a saber: o nível de rendimentos dos concelhos abrangidos não ser inferior à média nacional; a existência de vias alternativas.
Sendo certo que nenhuma dessas condições se verifica, como foi demonstrado, aquilo a que se assistirá, caso a medida do Governo se concretize, é ao agravamento do penoso calvário nas únicas vias alternativas existentes que são as estradas municipais, bem como a um acréscimo de insegurança rodoviária e a uma maior perda do já baixo poder de compra das famílias.
O PSD foi ainda alvo da severa crítica de Jorge Machado por pretender piorar o que já é mau, ou seja, a pretexto da «universalidade», querer «multiplicar a injustiça e alargar a outras regiões a cobrança de portagens».
Os comunistas do Porto, em comunicado onde verberam o acordo entre PS e PSD sobre a introdução de portagens nas SCUT, denunciando a «cumplicidade» entre os dois partidos «nas questões de fundo», garantiram entretanto que a contestação às portagens «não ficará por aqui».