Em defesa das pensões de reforma

França hoje em luta!

«Se se vive mais tempo, deve-se trabalhar mais tempo», esta é a lógica defendida pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, para aumentar novamente a idade de reforma e o período de contribuições.

Sindicatos rejeitam cortes que Sarkozy dá como «inevitáveis»

Em resposta ao novo plano apresentado na semana passada pelo governo francês, os sindicatos convocaram para hoje em todo o país uma jornada de protesto em defesa dos direitos de aposentação.

O governo de direita alega que, caso não haja uma redução de direitos, os «custos» das pensões passarão dos actuais 32 mil milhões de euros para 42 mil milhões em 2018, encargo que procura apresentar como insustentável, apesar de não o comparar com o aumento da riqueza nacional nos últimos anos nem sobretudo com o constante incremento da produtividade do trabalho.

Deste modo quer aumentar a idade mínima de reforma dos 60 para os 62 anos, e o período de contribuições dos 40 para os 41 anos e cinco meses. Acresce que um trabalhador que não atinja esta longa carreira contributiva, situação cada vez mais frequente dado o elevado desemprego e a generalização da precariedade, só poderá aceder à sua pensão completa a partir dos 67 anos.

«A primeira consequência deste projecto», notou a CGT em comunicado, «é uma redução das pensões e o aumento das injustiças, afectando em particular as mulheres e os precários». «Mais de 30 por cento das mulheres», acrescentou, «deverão trabalhar até aos 67 anos», sendo que já hoje, 28 por cento das mulheres trabalham até aos 65 anos para acederem a uma pensão.

Maioria contra

Uma sondagem (BVA-Absoluce-Les Echos-France Info) publicada na terça-feira, 22, também não deixa dúvidas sobre a opinião geral dos franceses: 56 por cento manifestam-se contra a alteração do sistema de reformas, sendo que 67 por cento qualifica de «má» a política económica do actual governo.

Sobre a jornada de protestos de hoje, 64 por cento dos inquiridos consideram-na «justificada» ou «plenamente justificada». Todavia, apenas 29 por cento se mostram dispostos a combatê-la, enquanto 27 por cento se declaram «decepcionados» não acreditando que alguém possa impedir as medidas anunciadas.

Aproveitando a maré de contestação, o partido socialista de Martine Aubry, colocou-se ao lado dos sindicatos, qualificando a proposta de «irresponsável» e prometendo repor o limite dos 60 anos caso regresse ao poder em 2012.

A acção de hoje é convocada pelas centrais CGT-CFDT-FSU-Solidaires-Unsa e CFTC, que contavam trazer às ruas mais de um milhão de trabalhadores.



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