Nova greve geral convocada na Grécia

Corda esticada

Os prin­ci­pais sin­di­catos do sector pú­blico e pri­vado con­vo­caram para o pró­ximo dia 29 uma pa­ra­li­sação de 24 horas em pro­testo contra os novos pro­jectos de re­forma da se­gu­rança so­cial e do mer­cado de tra­balho.

Novas leis re­duzem sa­lá­rios e pen­sões na Grécia

Para ontem, quarta-feira, 23, dia em que os di­plomas de­ve­riam ser apre­sen­tados no par­la­mento, a Frente Mi­li­tante dos Tra­ba­lha­dores (PAME) já tinha con­vo­cado uma greve geral contra a nova le­gis­lação adop­tada pelo go­verno sob exi­gência do FMI e da UE.

Nas pa­la­vras da se­cre­tária-geral do Par­tido Co­mu­nista da Grécia, Aleka Pa­pa­riga, este novo pa­cote le­gis­la­tivo re­pre­senta uma in­ten­si­fi­cação da ofen­siva que está a «trans­formar os tra­ba­lha­dores em exér­citos de es­fo­me­ados».

Entre as muitas al­te­ra­ções pre­vistas, des­taca-se a abo­lição das con­ven­ções co­lec­tivas e a drás­tica di­mi­nuição do sa­lário mí­nimo na­ci­onal, que atinge em par­ti­cular os jo­vens. Assim, os tra­ba­lha­dores até aos 21 anos só terão di­reito a 80 por cento da re­mu­ne­ração mí­nima, pas­sando para 85 por cento entre os 21 e 25 anos. Deste modo, se­gundo cál­culos da PAME, o ac­tual sa­lário mí­nimo na­ci­onal de 740 euros cairá em termos brutos para 592 euros, que re­pre­sentam para os jo­vens 470 euros lí­quidos por mês, isto é, 21 euros por cada oito horas de tra­balho.

En­quanto eli­mina res­tri­ções aos des­pe­di­mentos, o go­verno de Pa­pan­dreu pre­tende impor a re­dução para me­tade do valor das in­dem­ni­za­ções de­vidas aos tra­ba­lha­dores, ou seja, em vez dos ac­tuais 24 sa­lá­rios, pas­sarão a re­ceber apenas 12.

Pa­ra­le­la­mente, pros­segue a de­mo­lição dos di­reitos da se­gu­rança so­cial, com a eli­mi­nação na prá­tica das pen­sões de re­forma e a sua subs­ti­tuição por pres­ta­ções so­ciais no valor de 360 euros, a partir dos 65 anos. Os ser­viços pú­blicos passam para as mãos dos pri­vados, tor­nando a saúde e a edu­cação em bens cada vez mais ina­ces­sí­veis à mai­oria da po­pu­lação.

«Guerra ao go­verno»

Em con­fe­rência de im­prensa, Aleka Pa­pa­riga afirmou que pe­rante a gra­vi­dade destas me­didas «o povo deve de­clarar guerra ao go­verno». Con­de­nando o exe­cu­tivo do PASOK e os par­tidos ND (con­ser­vador) e LAOS (ex­trema-di­reita) que o apoiam, a di­ri­gente co­mu­nista notou que o ob­jec­tivo destes par­tidos, juntos, é obrigar «os tra­ba­lha­dores a pa­garem as con­sequên­cias da crise do ca­pi­ta­lismo, apesar de não terem qual­quer res­pon­sa­bi­li­dade nela».

«Pro­curam assim ga­rantir ele­vados lu­cros no fu­turo e o po­derio do ca­pital grego. Cortam as con­quistas que res­tavam aos tra­ba­lha­dores para dar um sopro de vida ao modo de pro­dução ca­pi­ta­lista que está fe­rido de morte. O ca­pi­ta­lismo está ob­so­leto, podre e é pa­ra­si­tário. É in­capaz de su­perar as suas con­tra­di­ções in­trín­secas e por isso torna-se mais agres­sivo em re­lação à classe ope­rária, aos auto-em­pre­gados, aos pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios.»

Ape­lando à luta para «der­rotar a po­lí­tica an­ti­po­pular e os seus de­fen­sores, Pa­pa­riga con­si­derou que é pre­ciso «ini­ciar a luta pelo der­rube do poder dos mo­no­pó­lios. Basta de men­tiras, o de­sen­vol­vi­mento do ca­pi­ta­lismo só conduz a sa­cri­fí­cios e so­fri­mentos, À ex­plo­ração sel­vagem da ju­ven­tude, aban­do­nando à sua sorte os idosos».

A di­ri­gente co­mu­nista exortou ainda os tra­ba­lha­dores a vol­tarem costas às «di­rec­ções con­ci­li­a­tó­rias das cen­trais GSEE e ADEDY» e a jun­tarem-se à sua cen­tral sin­dical de classe – a PAME.



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