Comunista por convicções e práticas

Muitas foram as mensagens de luto pela morte de José Saramago, «uma perda irreparável para Portugal, para o povo português, para a cultura portuguesa». «Construtor de Abril, enquanto interveniente activo na resistência ao fascismo, ele deu continuidade a essa intervenção no período posterior ao Dia da Liberdade como protagonista do processo revolucionário que viria a transformar profunda e positivamente o nosso País com a construção de uma democracia que tinha como referência primeira a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País», recordou, na sexta-feira, o Secretariado do Comité Central do PCP, dando conta que a sua morte «constitui uma perda para todo o colectivo partidário comunista».

A Direcção do Sector Intelectual de Lisboa do PCP lembrou, de igual forma, a «figura destacada de intelectual comunista» que foi José Saramago, membro daquele sector antes do 25 de Abril, da Célula dos Escritores e da direcção das Artes e Letras, após a Revolução de Abril. «O espanto e a indignação com a dimensão opressiva do presente em que vivemos - dão testemunho do compromisso ético e político que até ao fim da vida o uniu aos explorados e oprimidos, aos humilhados e ofendidos da terra», acentuam os comunistas.

Por seu lado, a Comissão Executiva da CGTP-IN valorizou o «extraordinário português, militante sem hesitações, comunista por convicções e práticas, identificado e solidário com as grandes causas dos trabalhadores e dos humilhados de todas as latitudes e espaços, lutador pela paz, democrata efectivo, jovem até ao fim, corajoso e frontal, sempre procurou abrir caminhos novos».

A morte de José Saramago foi também sentida a nível internacional. Hugo Chávez, presidente da Venezuela, prestou, no domingo, uma homenagem póstuma ao Prémio Nobel, «um imenso escritor e ao mesmo tempo uma grande consciência de Portugal e do mundo, um verdadeiro chefe da dignidade dos povos». Num artigo publicado em vários jornais venezuelanos, o chefe de Estado disse ainda: «Como testemunho de admiração, quero recordar umas palavras suas nas quais me reconheço plenamente como revolucionário e como homem: "Espero morrer como tenho vivido, respeitando-me a mim mesmo como condição para respeitar os demais sem perder a ideia de que o mundo deve ser outro e não esta coisa infame"».

Já Lula da Silva, presidente do Brasil, lembrou que Saramago foi um «intelectual respeitado em todo o mundo» e «nunca esqueceu as suas origens, tornando-se militante das causas sociais e da liberdade por toda a vida».

De Cuba, como última homenagem, veio uma coroa de flores, que se destacava de todas as outras, enviada por Fidel e Raul Castro.

 



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