US Porto contra intimidação

«Não nos calam!»

Intimidar, reprimir e perseguir dirigentes e activistas sindicais é uma orientação que visa abafar o protesto contra a injustiça da política de direita do Governo do PS e de Sócrates, afirma a União dos Sindicatos do Porto.

Procuram abafar os protestos justos

«Contra a repressão e a intimidação, pelas liberdades sindicais, de expressão e manifestação», a USP/CGTP-IN promoveu na sexta-feira uma conferência de imprensa, para «denunciar publicamente a sanha persecutória de que estão a ser alvo trabalhadores do distrito, designadamente dirigentes e activistas sindicais, pelo facto de exercerem acções constitucionalmente consagradas, como é o caso das manifestações e das greves» - alguns dos quais compareceram perante os jornalistas.
Numa declaração apresentada por João Torres, da Comissão Executiva da CGTP-IN e coordenador da estrutura distrital, a Direcção da USP afirma que «não se calará nem se conformará com esta política e os seus efeitos» e «não continuará calada, ante comportamentos inaceitáveis de alguns patrões, das forças de segurança, GNR e PSP, bem como do próprio Ministério Público».
Este, acusa a União, mostra-se «muito mais aplicado com os “crimes” praticados pelas organizações sindicais e pelos trabalhadores, do que com todo o outro tipo de crimes praticados por patrões, por banqueiros, pelos ricos e poderosos, como a corrupção, o compadrio, o enriquecimento ilícito e todo o tipo de crimes, de que o povo se queixa e de que é a principal vítima».
O Executivo de José Sócrates e do PS é responsabilizado «por este crescendo da intervenção da Polícia, da GNR, do Ministério Público», salientando a USP que «nunca, como no mandato do actual Governo, a acção daquelas instituições foi tão acentuada». Foram lembrados alguns factos, a propósito, como: a “visita” da PSP e da GNR a algumas escolas, quando das lutas dos professores; o recurso do Ministério Público, a pedido do Governador Civil de Braga, após a absolvição de quatro dirigentes sindicais de Guimarães; a actuação do sargento Fernandes, da GNR, em Penafiel, contra o piquete de ferroviários, na greve geral de 30 de Maio de 2007.

Outros são protegidos

Por outro lado, a USP afirma não compreender «a passividade das mesmas organizações e da Autoridade para as Condições de Trabalho» perante «comportamentos patronais lesivos dos interesses dos trabalhadores e claramente inconstitucionais». Nestes casos, «raramente se vê a sua actuação disciplinada e disciplinadora».
É esta «clara cumplicidade com as arbitrariedades cometidas pelos patrões e com as políticas anti-sociais e antilaborais deste Governo» que, para a USP, justifica «a impunidade reinante, que permite que um patrão humilhe uma dirigente sindical, pagando-lhe um salário miserável, com moedas de um euro», e «o à-vontade com que a maioria dos patrões trata os trabalhadores». «Veja-se o exemplo da JP Sá Couto, do famoso Magalhães, uma das empresas-modelo do engenheiro Sócrates, onde já se despede por SMS», protesta a USP).
No distrito do Porto, «o Governo Civil tem sido o ponta-de-lança da atitude repressiva e intimidatória do actual Governo, orientando o Ministério Público no sentido da perseguição, da criminalização, de homens e mulheres, que representando com dignidade as suas organizações, não calam injustiças e arbitrariedades, exigindo respeito pelos direitos dos trabalhadores e dos cidadãos». A USP recordou os membros do Movimento dos Utentes dos Transportes Públicos, levados a tribunal e condenados por causa de uma manifestação. E «não esquece que, na véspera das manifestações estudantis, a PSP visita a casa dos dirigentes associativos, falando com os pais, procurando intimidá-los».
Indicando mais de duas dezenas de nomes de trabalhadores, activistas e dirigentes com processos-crime ou sucessivamente identificados pela Polícia, notificados, interrogados e constituídos arguidos, a Direcção da USP reafirma que «não se conforma com estes comportamentos inaceitáveis, antidemocráticos e inconstitucionais do Governo, do Governo Civil, do Ministério Público, das forças de segurança e dos patrões». Por eles são ofendidos «os artigos 45, 53, 55 e 57 da Constituição (respectivamente, direito de reunião e de manifestação; garantia de segurança no emprego; liberdade sindical; direito à greve) e, fundamentalmente, o direito à indignação, ao protesto e à luta, pelas principais vítimas das políticas anti-sociais e antilaborais do actual Governo, que fez aumentar o desemprego, fez diminuir salários e pensões de reforma, aumentou a precariedade, fez crescer as injustiças sociais, a pobreza e a exclusão social, em contraponto com a outra face da mesma moeda: a protecção dos banqueiros, dos patrões, dos ricos e poderosos».


Mais artigos de: Trabalhadores

Rota de luta

Para defender as empresas do Grupo TAP, garantir o emprego de milhares de trabalhadores e exigir actualização de salários e respeito pelos direitos, foi decidido recorrer à greve.

Protesto no MNE

Trabalhadores dos serviços externos do MNE são chamados a participar, dia 21 de Agosto, numa concentração, em Lisboa, junto ao Palácio das Necessidades.

Rejeitar perdas de direitos

Guardas-florestais e polícias avisaram que adoptarão formas de luta, se o Governo continuar a não apresentar uma proposta de estatuto profissional que lhes salvaguarde os direitos adquiridos.

Chantagem no ISS de Évora

O Instituto da Segurança Social «tem chantageado um conjunto de trabalhadores, na sua maioria auxiliares, chamando-os à chefia e, na presença de vários chefes, pressionando-os para que assinem um documento de “mobilidade voluntária”, com estas chefias avisando que, “se não vai a bem, vai a mal».Juntamente com o...

<i>Alisuper</i> assume compromissos

Depois de ter convocado uma greve para amanhã, na cadeia de supermercados Alisuper, a direcção regional do Algarve do Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP/CGTP-IN) foi chamada a reunir com a administração do grupo e, perante os compromissos assumidos, cancelou a luta.A decisão de ir para a greve fora...

<i>Portucel Viana</i> condenada

A Portucel Viana foi condenada a pagar uma coima de 44 891 euros e as quantias em dívida a trabalhadores e Segurança Social. Na sentença proferida a 29 de Julho, o Tribunal do Trabalho de Viana do Castelo considerou que a empresa retirou ilegitimamente o «prémio de resultados» a trabalhadores que aderiram às greves...

Greve na <i>Budelpack</i>

Amanhã, os trabalhadores da Budelpack cumprirão uma greve de 24 horas contra «intransigência da administração em relação aos horários de trabalho», anunciou anteontem o Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas. Segundo o mesmo comunicado do Sinquifa/CGTP-IN, a...

Tribuna de sargentos

Uma tribuna pública de protesto foi convocada por sócios da Associação Nacional de Sargentos para hoje, diante da residência oficial do Presidente da República, porque continuam sem resposta problemas como a desvalorização funcional e a desqualificação profissional. A ANS acusa o Governo por não responder à situação de...

Fenprof rejeita «disfarce» do ME

«O que a ministra da Educação afirmou, a propósito das alterações ao Estatuto da Carreira Docente aprovadas em Conselho de Ministros, serve, sobretudo, para disfarçar a realidade: não houve, de facto, revisão do ECD; não teve lugar, na verdade, qualquer processo negocial», afirmou dia 5 a Federação Nacional dos...

Enfermeiros

Depois de uma última sessão negocial que se prolongou por onze horas, e ao fim de um processo que se arrastava desde 2005 e passou por greves, concentrações e outras formas de protesto e luta, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, da CGTP-IN, e todos os demais sindicatos de Enfermagem deram o seu acordo formal, dia...

Oficiais das Forças Armadas

Numa análise ao Decreto-Lei n.º 202/93, de 3 de Junho, aprovado pelo Governo no dia 31 de Julho e que reduz os efectivos dos quadros permanentes das Forças Armadas, a Associação dos Oficiais das Forças Armadas considerou, num comunicado de dia 10, que aquele diploma não teve em conta o sistema de meios técnicos e...