A Sonae quer, o Governo faz

Acesso a Tróia condicionado

O PCP considera inaceitável o que se passa com a travessia fluvial do Sado entre Setúbal e Tróia. Em comunicado da Comissão Concelhia de Setúbal, de 19 de Julho, distribuído massivamente aos utentes dos barcos, os comunistas denunciam o aumento brutal dos preços daquele transporte: as viaturas ligeiras, pelas quais se pagava 5,70 euros, custam agora 9,50 euros; a tarifa dos passageiros aumentou de 1,30 para 2 euros. Ou seja, uma família de quatro pessoas, sem qualquer viatura, tem que pagar 16 euros para ir à praia. E só para passar o rio. Também as bicicletas, que antes não eram cobradas, passaram a sê-lo.
A tudo isto acresce o facto de a localização do terminal do barco, em Tróia, ter sido alterada, passando para junto da base militar. O novo terminal, denuncia o PCP, dista cerca de quatro quilómetros e meio da praia, o que obriga os utentes a uma de duas soluções: ou levar viatura própria ou utilizar um autocarro, com o consequente aumento de custos.
O novo trajecto fluvial tem também elevadas consequências ambientais, realçam os comunistas: não só a distância percorrida pelos barcos duplica, como no seu trajecto atravessam as zonas de alimentação e reprodução dos roazes, pondo em risco a sobrevivência desta comunidade de golfinhos no Sado, única no País.
Na opinião dos comunistas, por trás destas alterações está a intenção da Sonae, proprietária do Tróia Resort, de «impedir o acesso a Tróia por parte daqueles que durante anos foram os seus utilizadores, as populações da península e do concelho de Setúbal». O objectivo do grupo de Belmiro de Azevedo será tornar «um recurso que é de todos num local privado e reservado às elites». Os comunistas lembram ainda que, ao contrário do que a Sonae se tinha comprometido, ainda não está em funcionamento o antigo ferry-boat que permitia o acesso directo às praias.
Se é este o objectivo da Sonae, o que parece cada vez mais claro, não é menos grave, para o PCP, a conivência do Governo em todo este processo, permitindo o aumento dos preços da travessia fluvial e nada fazendo para que seja reposto o antigo trajecto.
O PCP, que desde sempre manifestou as suas preocupações acerca da instalação do complexo turístico Tróia Resort¸ reafirma, no comunicado distribuído, as suas dúvidas acerca da legalidade das operações urbanísticas. Que se avolumam, garante, quando é a «própria promotora do empreendimento a anunciar que grande parte das construções se encontram implantadas sobre sistemas dunares e areias não consolidadas». Bem como em zonas balneares que eram, há poucos anos, de livre utilização e circulação públicas.


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