Lutar pela ruptura garantir a alternativa
«A ruptura com a política de direita e a exigência de construção de uma política alternativa de esquerda» constituem aspectos centrais da actualidade, afirmou o Secretário-geral do PCP, reiterando a convicção de que «os portugueses e o País não estão condenados à regressão, ao declínio e ao atraso».
À boleia da crise, há patrões a despedir ilegalmente
«Há políticas e propostas alternativas para combater a crise e promover o desenvolvimento de Portugal», garantiu Jerónimo de Sousa, que falava num grande comício realizado sábado, 7, em S. João da Talha, Loures, no decurso do qual exigiu simultaneamente a adopção de «medidas eficazes de combate imediato aos problemas mais urgentes e aos quais o plano “anti-crise” do Governo para salvar o grande capital não respondem» (ver excertos do discurso nestas páginas).
Confiança e determinação
A necessidade de romper com a política de direita que tem em si mesma o germe causador dos problemas que atingem o País e o povo, por um lado, e, por outro, a afirmação de confiança de que com a luta dos trabalhadores e o reforço do PCP é possível construir a alternativa, abrindo assim caminho a uma vida melhor, foram duas ideias essenciais que marcaram o discurso do dirigente comunista, calorosamente acolhido por um auditório que frequentemente o interrompeu com aplausos e palavras de ordem de apoio ao PCP.
Jerónimo de Sousa sentiu de resto o ambiente de fraterna camaradagem e amizade logo que chegou ao Pavilhão José Gouveia, onde se viu rodeado de gente amiga, que não lhe regateou beijos, apertos de mão, abraços solidários e cumprimentos afectuosos, numa atmosfera de grande confiança e determinação para a luta.
Logo a abrir o seu discurso de quase uma hora, perante uma vasta plateia de camaradas e amigos do Partido, alguns bem seus conhecidos, em amizades forjadas noutros tempos e noutras lutas na zona oriental de Loures, de onde ele próprio é originário, Jerónimo retribuiu de forma sentida, sublinhando a satisfação por estar ali, em S. João da Talha, entre «gente de trabalho e de luta, numa terra CDU».
Disse-o perante as mais de cinco centenas de pessoas que enchiam por completo o espaço reservado para o comício, dominado pelo vermelho de um pano de grandes dimensões que encimava o palco onde se podia ler a letras garrafais «Sim, é possível uma vida melhor!». A mesma frase estava presente, dispersa, ao longo das paredes laterais, em grandes cartazes a várias cores enquadrando outros tantos objectivos assumidos como prioridade na acção dos comunistas, como é o caso da luta pelo «aumento dos salários e pensões» ou da luta contra o desemprego e contra a precariedade.
Esclarecer e mobilizar
«Sim, é possível uma vida melhor!», é de resto o lema que dá corpo à campanha do PCP em curso de contacto, esclarecimento e mobilização dos trabalhadores e das populações, sendo este comício sem dúvida um testemunho do interesse e receptividade que a mesma está a suscitar nas pessoas.
Presidido por Elizabete Santos, do Executivo da Organização Concelhia de Loures do PCP, que chamou à tribuna os camaradas que integram aquele organismo, o primeiro orador foi o camarada Rui Braga, trabalhador da Saint Gobain, empresa que recentemente avançou com o lay-off suspendendo os contratos de trabalho a cerca de 300 trabalhadores em duas das suas unidades fabris.
Também aqui parece não haver dúvidas de que estamos perante mais uma ilegalidade, a exemplo do que está a passar-se noutras empresas, com patrões e administrações que, à boleia da crise, de forma ilegal, como salientou aquele membro da comissão de trabalhadores da Saint Gobain, encerram, recorrem ao lay-off ou despedem sob o pretexto da falta de encomendas.
Gestão desastrosa
Da realidade que é o fecho de empresas e consequente aumento do desemprego falou também o segundo orador, Paulo Rui Amado, presidente da Junta de Freguesia de S. João da Talha, eleito pela CDU. Encerramentos e agravamento do número de desempregados que o autarca pôs em evidência sobretudo a partir de uma perspectiva local e concelhia e daquilo que tem sido o acumular de aspectos negativos na gestão do PS à frente da Câmara Municipal de Loures.
Numa leitura ao que têm sido estes últimos oito anos, Paulo Amado afirmou que o concelho de Loures, com o PS, «perdeu em toda a linha». Os exemplos vão desde a queda nos indicadores de desenvolvimento humano e bem-estar, passando pela falta de resposta aos problemas dos reformados e idosos, até ao empobrecimento da vida cultural, desportiva e associativa.
«O concelho de Loures perdeu e perde quando o envolvimento e a participação democrática das pessoas deixou de ser estimulada e passou a ser olhado com desconfiança», sublinhou, acrescentando que, «perdeu e perde, quando, em suma, o município deixou-se subalternizar, perdeu o papel activo que detinha enquanto veículo promotor e dinamizador de acções tendentes à valorização do seu território e do bem-estar da sua população».
Numa intervenção em que arrasou a gestão socialista na município, Paulo Rui Amado teceu ainda duras críticas ao que apelidou de «divórcio e desprezo» do PS pelos interesses, problemas e aspirações das pessoas, apontando, entre muitos outros, por exemplo, os aumentos dos preços da água e dos impostos municipais, a degradação dos serviços de recolha de lixo, os cortes de abastecimento de água, os recuos no plano do tratamento dos esgotos, a cumplicidade com o Governo em matérias como o traçado do TGV ou a não construção do prometido Hospital de Loures.
Intervenção de Jerónimo de Sousa
Mudar de política
«Estamos aqui para reafirmar que os portugueses e o País não estão condenados à regressão, ao declínio e ao atraso», assegurou, no início do seu discurso no comício de Loures, o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa. Acrescentando depois que «com a ruptura com a política de direita, com a luta dos trabalhadores e do nosso povo e com o reforço do PCP, é, de facto, possível uma vida melhor».
«Há quem queira convencer os portugueses de que não há outra saída senão aceitar, conformados, a perspectiva de uma vida em permanente degradação e retrocesso e que não há alternativa que não seja o de insistir na mesma desastrosa política», alertou o dirigente comunista. Precisamente aqueles que mais têm beneficiado dessa política (os grandes grupos económicos) e que são os mesmos que, «instrumentalizando a crise, dramatizando e encenando o caos, vêm dizer que a única salvação para o País está na recondução de José Sócrates e do seu Governo».
É esse mesmo Governo, acrescentou, que empurra «para a crise do capitalismo internacional a explicação de todos os graves problemas que o País enfrenta». Como se antes de tal crise o País «vivesse no melhor dos mundos e o desemprego, a precariedade, a injustiça na distribuição do rendimento nacional, a pobreza, as gritantes desigualdades e a exclusão social fossem realidades deste último ano em Portugal». O Governo do PS, sublinhou o Secretário-geral do Partido, «confundiu propositadamente a realidade do País com a sua própria propaganda».
Segundo Jerónimo de Sousa, a «tão cantada vitória sobre o défice das contas públicas esfumou-se num ápice», tendo este indicador subido novamente acima dos 3 por cento. «Não tardará que, a manter-se a actual política e os actuais protagonistas, a seguir aos sacrifícios impostos em nome da crise, regresse novamente o ciclo dos sacrifícios em nome do défice». Desta forma, dá-se vida «a esse ciclo vicioso que conduz à extorsão dos pequenos rendimentos e dos rendimentos do trabalho e ao empobrecimento dos portugueses».
Governo incentiva ilegalidades
Para o Secretário-geral do PCP, a crise está a «justificar uma inaceitável avalanche de despedimentos colectivos ilegais por parte de empresas». Despedimentos que, considera, são «intoleráveis», muitos dos quais a pretexto da crise e em relação aos quais o Governo «não só faz vista grossa como incentiva com a sua política de destruição de empregos públicos, mais de 50 mil nestes seus anos de governação».
Muitos destes despedimentos, lembrou Jerónimo de Sousa, ocorrem em empresas pertencentes a grandes grupos económicos e «com condições financeiras para assegurar a redução temporária da procura». Tudo para manter «os mesmos níveis de lucro», acusou o dirigente comunista.
Esta justificação é «intolerável» por parte daqueles que «em tempos de fartos lucros embrulham em palavras bonitas o papel social das empresas para camuflar a exploração capitalista, mas que o renegam à mínima vacilação de uma conjuntura que possa pôr em causa uma parte mínima dos seus benefícios».
Isto sucedeu na ex-Covina, hoje Saint-Gobain, «que aproveita a crise para suspender contratos e pôr termo à maioria dos contratos temporários e se prepara para avançar com o lay-off durante seis meses». Tudo isto, denunciou o Secretário-geral do PCP, «num momento em que vai beneficiar de um contrato de investimento com o Estado português de quase 50 milhões de euros para a construção de um novo forno».
Jerónimo de Sousa sublinhou ainda a necessidade de «travar os abusos» e «responder com novas medidas e medidas mais eficazes à manutenção e defesa dos postos de trabalho». Assim como de «responder ao grave problema de inaplicabilidade do subsídio de desemprego a mais de 50 por cento do que estão nessa situação».
Para o dirigente do PCP, é necessário continuar a exigir a alteração das regras de atribuição do subsídio de desemprego, alteradas pelo PS em 2006, e que provocaram uma «drástica restrição no seu acesso». O PCP apresentou recentemente uma proposta de alteração a estas regras, que o PS rejeitou.
Confiança e determinação
A necessidade de romper com a política de direita que tem em si mesma o germe causador dos problemas que atingem o País e o povo, por um lado, e, por outro, a afirmação de confiança de que com a luta dos trabalhadores e o reforço do PCP é possível construir a alternativa, abrindo assim caminho a uma vida melhor, foram duas ideias essenciais que marcaram o discurso do dirigente comunista, calorosamente acolhido por um auditório que frequentemente o interrompeu com aplausos e palavras de ordem de apoio ao PCP.
Jerónimo de Sousa sentiu de resto o ambiente de fraterna camaradagem e amizade logo que chegou ao Pavilhão José Gouveia, onde se viu rodeado de gente amiga, que não lhe regateou beijos, apertos de mão, abraços solidários e cumprimentos afectuosos, numa atmosfera de grande confiança e determinação para a luta.
Logo a abrir o seu discurso de quase uma hora, perante uma vasta plateia de camaradas e amigos do Partido, alguns bem seus conhecidos, em amizades forjadas noutros tempos e noutras lutas na zona oriental de Loures, de onde ele próprio é originário, Jerónimo retribuiu de forma sentida, sublinhando a satisfação por estar ali, em S. João da Talha, entre «gente de trabalho e de luta, numa terra CDU».
Disse-o perante as mais de cinco centenas de pessoas que enchiam por completo o espaço reservado para o comício, dominado pelo vermelho de um pano de grandes dimensões que encimava o palco onde se podia ler a letras garrafais «Sim, é possível uma vida melhor!». A mesma frase estava presente, dispersa, ao longo das paredes laterais, em grandes cartazes a várias cores enquadrando outros tantos objectivos assumidos como prioridade na acção dos comunistas, como é o caso da luta pelo «aumento dos salários e pensões» ou da luta contra o desemprego e contra a precariedade.
Esclarecer e mobilizar
«Sim, é possível uma vida melhor!», é de resto o lema que dá corpo à campanha do PCP em curso de contacto, esclarecimento e mobilização dos trabalhadores e das populações, sendo este comício sem dúvida um testemunho do interesse e receptividade que a mesma está a suscitar nas pessoas.
Presidido por Elizabete Santos, do Executivo da Organização Concelhia de Loures do PCP, que chamou à tribuna os camaradas que integram aquele organismo, o primeiro orador foi o camarada Rui Braga, trabalhador da Saint Gobain, empresa que recentemente avançou com o lay-off suspendendo os contratos de trabalho a cerca de 300 trabalhadores em duas das suas unidades fabris.
Também aqui parece não haver dúvidas de que estamos perante mais uma ilegalidade, a exemplo do que está a passar-se noutras empresas, com patrões e administrações que, à boleia da crise, de forma ilegal, como salientou aquele membro da comissão de trabalhadores da Saint Gobain, encerram, recorrem ao lay-off ou despedem sob o pretexto da falta de encomendas.
Gestão desastrosa
Da realidade que é o fecho de empresas e consequente aumento do desemprego falou também o segundo orador, Paulo Rui Amado, presidente da Junta de Freguesia de S. João da Talha, eleito pela CDU. Encerramentos e agravamento do número de desempregados que o autarca pôs em evidência sobretudo a partir de uma perspectiva local e concelhia e daquilo que tem sido o acumular de aspectos negativos na gestão do PS à frente da Câmara Municipal de Loures.
Numa leitura ao que têm sido estes últimos oito anos, Paulo Amado afirmou que o concelho de Loures, com o PS, «perdeu em toda a linha». Os exemplos vão desde a queda nos indicadores de desenvolvimento humano e bem-estar, passando pela falta de resposta aos problemas dos reformados e idosos, até ao empobrecimento da vida cultural, desportiva e associativa.
«O concelho de Loures perdeu e perde quando o envolvimento e a participação democrática das pessoas deixou de ser estimulada e passou a ser olhado com desconfiança», sublinhou, acrescentando que, «perdeu e perde, quando, em suma, o município deixou-se subalternizar, perdeu o papel activo que detinha enquanto veículo promotor e dinamizador de acções tendentes à valorização do seu território e do bem-estar da sua população».
Numa intervenção em que arrasou a gestão socialista na município, Paulo Rui Amado teceu ainda duras críticas ao que apelidou de «divórcio e desprezo» do PS pelos interesses, problemas e aspirações das pessoas, apontando, entre muitos outros, por exemplo, os aumentos dos preços da água e dos impostos municipais, a degradação dos serviços de recolha de lixo, os cortes de abastecimento de água, os recuos no plano do tratamento dos esgotos, a cumplicidade com o Governo em matérias como o traçado do TGV ou a não construção do prometido Hospital de Loures.
Intervenção de Jerónimo de Sousa
Mudar de política
«Estamos aqui para reafirmar que os portugueses e o País não estão condenados à regressão, ao declínio e ao atraso», assegurou, no início do seu discurso no comício de Loures, o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa. Acrescentando depois que «com a ruptura com a política de direita, com a luta dos trabalhadores e do nosso povo e com o reforço do PCP, é, de facto, possível uma vida melhor».
«Há quem queira convencer os portugueses de que não há outra saída senão aceitar, conformados, a perspectiva de uma vida em permanente degradação e retrocesso e que não há alternativa que não seja o de insistir na mesma desastrosa política», alertou o dirigente comunista. Precisamente aqueles que mais têm beneficiado dessa política (os grandes grupos económicos) e que são os mesmos que, «instrumentalizando a crise, dramatizando e encenando o caos, vêm dizer que a única salvação para o País está na recondução de José Sócrates e do seu Governo».
É esse mesmo Governo, acrescentou, que empurra «para a crise do capitalismo internacional a explicação de todos os graves problemas que o País enfrenta». Como se antes de tal crise o País «vivesse no melhor dos mundos e o desemprego, a precariedade, a injustiça na distribuição do rendimento nacional, a pobreza, as gritantes desigualdades e a exclusão social fossem realidades deste último ano em Portugal». O Governo do PS, sublinhou o Secretário-geral do Partido, «confundiu propositadamente a realidade do País com a sua própria propaganda».
Segundo Jerónimo de Sousa, a «tão cantada vitória sobre o défice das contas públicas esfumou-se num ápice», tendo este indicador subido novamente acima dos 3 por cento. «Não tardará que, a manter-se a actual política e os actuais protagonistas, a seguir aos sacrifícios impostos em nome da crise, regresse novamente o ciclo dos sacrifícios em nome do défice». Desta forma, dá-se vida «a esse ciclo vicioso que conduz à extorsão dos pequenos rendimentos e dos rendimentos do trabalho e ao empobrecimento dos portugueses».
Governo incentiva ilegalidades
Para o Secretário-geral do PCP, a crise está a «justificar uma inaceitável avalanche de despedimentos colectivos ilegais por parte de empresas». Despedimentos que, considera, são «intoleráveis», muitos dos quais a pretexto da crise e em relação aos quais o Governo «não só faz vista grossa como incentiva com a sua política de destruição de empregos públicos, mais de 50 mil nestes seus anos de governação».
Muitos destes despedimentos, lembrou Jerónimo de Sousa, ocorrem em empresas pertencentes a grandes grupos económicos e «com condições financeiras para assegurar a redução temporária da procura». Tudo para manter «os mesmos níveis de lucro», acusou o dirigente comunista.
Esta justificação é «intolerável» por parte daqueles que «em tempos de fartos lucros embrulham em palavras bonitas o papel social das empresas para camuflar a exploração capitalista, mas que o renegam à mínima vacilação de uma conjuntura que possa pôr em causa uma parte mínima dos seus benefícios».
Isto sucedeu na ex-Covina, hoje Saint-Gobain, «que aproveita a crise para suspender contratos e pôr termo à maioria dos contratos temporários e se prepara para avançar com o lay-off durante seis meses». Tudo isto, denunciou o Secretário-geral do PCP, «num momento em que vai beneficiar de um contrato de investimento com o Estado português de quase 50 milhões de euros para a construção de um novo forno».
Jerónimo de Sousa sublinhou ainda a necessidade de «travar os abusos» e «responder com novas medidas e medidas mais eficazes à manutenção e defesa dos postos de trabalho». Assim como de «responder ao grave problema de inaplicabilidade do subsídio de desemprego a mais de 50 por cento do que estão nessa situação».
Para o dirigente do PCP, é necessário continuar a exigir a alteração das regras de atribuição do subsídio de desemprego, alteradas pelo PS em 2006, e que provocaram uma «drástica restrição no seu acesso». O PCP apresentou recentemente uma proposta de alteração a estas regras, que o PS rejeitou.