O passo trocado com a realidade
Jerónimo de Sousa interpelou na passada semana José Sócrates sobre a «situação concreta» das minas de Aljustrel e da Qimonda, num debate parlamentar que considerou ter «o passo trocado com a realidade nacional», sobretudo por responsabilidade do Governo.
Jovens licenciados, precários, levam 425 euros para casa
No debate parlamentar quinzenal com o primeiro-ministro, lançando-lhe a primeira questão, o Secretário-geral do PCP confessou sentir uma «sensação contraditória» ao observar a Assembleia da República empenhada em «discutir generalidades, a olhar para o umbigo», no momento em que o País e os portugueses estão a braços com crescentes dificuldades.
O debate levava já perto de uma hora e a questão principal que o dominara até aí, posta pelo PSD - e não estando em causa a sua relevância -, fora a de um Relatório elogioso da política de Educação elaborado por alegados «peritos independentes» que o Governo tentou fazer passar como sendo da autoria da OCDE.
Falsas garantias
Por isso o dirigente comunista procurou trazer o debate para o terreno da vida e dos problemas concretos, questionando Sócrates sobre as medidas que estão a ser tomadas pelo Governo para garantir a reabertura das minas de Aljustrel e a continuação da Qimonda. E sobre esta última, não deixou passar em claro a «precipitação» do chefe do Governo quando, há quinze dias, em debate, «garantira o que não podia garantir», ou seja, que a empresa de semi-condutores iria continuar em Portugal.
«Diga lá por que é que as minas continuam fechadas e a perspectiva é de que abram só em Junho? O que é que diz aos mineiros? Diga lá que medidas estão a ser tomadas para garantir o futuro da Qimonda?», inquiriu Jerónimo de Sousa.
O primeiro-ministro, no seu habitual número de vitimização, reduzindo tudo a uma mão maléfica que está sempre à espera de oportunidade para «atacar o Governo», acusou o PCP de «pegar em casos concretos de situações trágicas para levar ao Parlamento». «É mais perigoso recorrer à propaganda para esconder a realidade do que dizer a verdade», ripostou o líder comunista.
No que respeita à Qimonda, corrigindo o tiro, Sócrates precisou que há duas semanas o que dissera é que «o Estado se disponibilizara para ajudar com um aval bancário que pudesse financiar 100 milhões de euros à empresa». E esclareceu que, depois disso, o que se passou foi que a «administração não chegou a acordo com o Estado alemão». Sócrates disse ainda que só garantiu a ajuda do Governo, nada mais do que isso, reconhecendo «não ter a certeza se essa ajuda é suficiente», dado tratar-se de uma multinacional alemã que «não depende apenas do apoio do Governo português, mas principalmente dos governos federal e estadual alemães».
Quanto às minas de Aljustrel, limitou-se a dizer que «agora, depois da intervenção do Governo, a perspectiva é de que abram, quando há uns meses atrás era de que fechassem».
Jovens precários
Colocada no centro do debate pelo dirigente do PCP foi, noutro plano, a situação dos jovens trabalhadores licenciados a laborar nas Lojas do Cidadão em condições precárias e que continuam à espera de formação. Como temporários, com funções administrativas, levam para casa 425 euros, referiu Jerónimo de Sousa, antes de inquirir Sócrates sobre o que pensa de tais casos.
Em vez de se cingir à questão colocada, fugindo à resposta, o primeiro-ministro optou por enaltecer as vantagens do Cartão do Cidadão, repetindo frases feitas sobre o investimento em qualificações feito nos últimos anos.
Jerónimo de Sousa, na réplica, disse que quando voltar à Loja do Cidadão transmitirá aos jovens que o abordaram que em resposta à sua «pergunta o primeiro-ministro disse nada». «Melhor: disse que isto é o mundo das maravilhas, que a qualificação está em desenvolvimento, só que não lhes toca a eles», ironizou, concluindo que as palavras do chefe do Executivo traduzem no essencial uma ideia: «contentem-se com o emprego que têm e já não é nada mau».
O debate levava já perto de uma hora e a questão principal que o dominara até aí, posta pelo PSD - e não estando em causa a sua relevância -, fora a de um Relatório elogioso da política de Educação elaborado por alegados «peritos independentes» que o Governo tentou fazer passar como sendo da autoria da OCDE.
Falsas garantias
Por isso o dirigente comunista procurou trazer o debate para o terreno da vida e dos problemas concretos, questionando Sócrates sobre as medidas que estão a ser tomadas pelo Governo para garantir a reabertura das minas de Aljustrel e a continuação da Qimonda. E sobre esta última, não deixou passar em claro a «precipitação» do chefe do Governo quando, há quinze dias, em debate, «garantira o que não podia garantir», ou seja, que a empresa de semi-condutores iria continuar em Portugal.
«Diga lá por que é que as minas continuam fechadas e a perspectiva é de que abram só em Junho? O que é que diz aos mineiros? Diga lá que medidas estão a ser tomadas para garantir o futuro da Qimonda?», inquiriu Jerónimo de Sousa.
O primeiro-ministro, no seu habitual número de vitimização, reduzindo tudo a uma mão maléfica que está sempre à espera de oportunidade para «atacar o Governo», acusou o PCP de «pegar em casos concretos de situações trágicas para levar ao Parlamento». «É mais perigoso recorrer à propaganda para esconder a realidade do que dizer a verdade», ripostou o líder comunista.
No que respeita à Qimonda, corrigindo o tiro, Sócrates precisou que há duas semanas o que dissera é que «o Estado se disponibilizara para ajudar com um aval bancário que pudesse financiar 100 milhões de euros à empresa». E esclareceu que, depois disso, o que se passou foi que a «administração não chegou a acordo com o Estado alemão». Sócrates disse ainda que só garantiu a ajuda do Governo, nada mais do que isso, reconhecendo «não ter a certeza se essa ajuda é suficiente», dado tratar-se de uma multinacional alemã que «não depende apenas do apoio do Governo português, mas principalmente dos governos federal e estadual alemães».
Quanto às minas de Aljustrel, limitou-se a dizer que «agora, depois da intervenção do Governo, a perspectiva é de que abram, quando há uns meses atrás era de que fechassem».
Jovens precários
Colocada no centro do debate pelo dirigente do PCP foi, noutro plano, a situação dos jovens trabalhadores licenciados a laborar nas Lojas do Cidadão em condições precárias e que continuam à espera de formação. Como temporários, com funções administrativas, levam para casa 425 euros, referiu Jerónimo de Sousa, antes de inquirir Sócrates sobre o que pensa de tais casos.
Em vez de se cingir à questão colocada, fugindo à resposta, o primeiro-ministro optou por enaltecer as vantagens do Cartão do Cidadão, repetindo frases feitas sobre o investimento em qualificações feito nos últimos anos.
Jerónimo de Sousa, na réplica, disse que quando voltar à Loja do Cidadão transmitirá aos jovens que o abordaram que em resposta à sua «pergunta o primeiro-ministro disse nada». «Melhor: disse que isto é o mundo das maravilhas, que a qualificação está em desenvolvimento, só que não lhes toca a eles», ironizou, concluindo que as palavras do chefe do Executivo traduzem no essencial uma ideia: «contentem-se com o emprego que têm e já não é nada mau».