Somália

Transição de poder

O presidente da Somália, Abdullahi Yusuf Ahmed, apresentou, no passado dia 29, a sua renúncia ao cargo. De acordo com declarações do próprio na sessão da Assembleia Nacional convocada para o efeito, a decisão resultou das pressões da «comunidade internacional», que exigia o seu afastamento por não ter conseguido impor a paz e a autoridade do Estado no país.
Desde 16 de Dezembro que Yusuf Ahmed mantinha com o parlamento uma contenda em torno da nomeação de um novo primeiro-ministro. O presidente chegou a exonerar do cargo o então titular, Nur Hassan Hussein, e indicou Mohamed Guled como novo chefe do executivo, mas os deputados reprovaram a decisão e durante duas semanas o chamado governo de transição teve uma liderança bicéfala. Em causa está também a inclusão no governo dos sectores políticos ditos moderados afectos às Cortes Islâmicas, grupo que controla a quase totalidade do território mas que entretanto parece ter-se cindido em diversas facções.
Nos próximos 20 dias, os políticos somális devem eleger um novo presidente. Sharif Sheikh Ahmed, ex-dirigente máximo das Cortes Islâmicas, é apontado como possível sucessor de Yusuf Ahmed. Até ao final de Janeiro, as tropas etíopes que invadiram o território em socorro do governo de transição e com o apoio dos EUA devem consumar o abandono do país.
A notícia da demissão de Yusuf Ahmed foi recebida com gáudio pelo enviado especial das Nações Unidas para a Somália, Ahmedou Ould-Abdallah, que classificou o facto de «decisão patriótica e corajosa». Ould-Abdallah disse ainda que «é chegado o tempo de os amigos da Somália ajudarem o país e de os seus inimigos pararem com a destruição».
O responsável da ONU foi nas últimas semanas uma das vozes mais críticas de Yusuf Ahmed. A 22 de Dezembro, numa reunião da Autoridade intergovernamental para o desenvolvimento, IGAD, que agrupa países do Leste do continente africano como o Djibuti, o Quénia, a Etiópia, o Uganda, a Somália, o Sudão e o Uganda, Ould-Abdallah fez eco do recente repúdio local e forasteiro ao presidente somáli qualificando a situação no país de genocídio, um volte-face em relação à sustentação que vinha sendo dada ao presidente e governo de transição da Somália e que não é alheio à presença de forças militares das principais potências mundiais no Corno de África.
Às mudanças na cúpula dirigente na Somália acresce a tomada de Mogadíscio por parte de pretensos grupos de rebeldes islamitas, aceites como força para quem será transferida a segurança da capital depois da saída das tropas etíopes.


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