Voos da CIA

Governos sabiam

O deputado do PCP no PE, Pedro Guerreiro, dirigiu uma pergunta escrita ao Conselho em que cita o documento secreto publicado pelo jornal espanhol El Pais, o qual prova que vários governos sabiam dos voos ilegais da CIA.

Deputado do PCP questiona Conselho sobre voos da CIA

O documento classificado como «muito secreto» data de 10 de Janeiro de 2002, ou seja, quatro meses depois dos ataques às torres gémeas em Nova Iorque. Nele, o então director-geral de política externa para a América do Norte, Miguel Aguirre de Cárcer, informou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha de um encontro que teve com um conselheiro militar da embaixada dos EUA em Madrid.
«Os Estados Unidos vão começar muito em breve voos para transferir prisioneiros talibãs e da Al Qaeda do Afeganistão para a base de Guantánamo em Cuba», escreveu Aguirre de Cárcer ao titular do Ministério, Josep Piqué.
Ainda segundo a missiva, Washington teria solicitado «autorização do governo espanhol», liderado na altura por José Maria Aznar, para que as aeronaves pudessem efectuar «aterragens de urgência».
Aguirre de Cárcer comprometeu-se a obter resposta «a meio do dia de sexta-feira», ou seja, «menos de 24 horas após o encontro», assinala o El País (edição on-line de 30.11), notando que outros governos europeus foram informados na mesma altura dos planos norte-americanos, designadamente Portugal, Turquia e Itália.
Recorde-se que até ao presente nenhum governo europeu admitiu estar ao corrente das operações ilegais da CIA. Em Portugal, onde está em curso uma investigação do Ministério Público, a Amnistia Internacional já identificou 16 voos da CIA.
Como sublinha o deputado do PCP, o documento «reforça a ideia de que a manutenção dessa rede de detenção, sequestro e tortura promovida pelos EUA, violando os mais elementares direitos humanos, não seria possível sem a participação de vários governos da UE.»
Nesse sentido, Pedro Guerreiro interroga o Conselho Europeu sobre «o que pensa destas notícias», «que explicações irá solicitar sobre as mesmas» e «que medidas pretende propor para que tais factos não continuem a ocorrer no presente e no futuro».


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