PCP defende soberania nacional

Pelo futuro das pescas

Os comunistas reivindicam uma maior descentralização da Política Comum de Pescas, que garanta o envolvimento dos pescadores, das suas organizações representativas e das comunidades piscatórias.

Pro­mover a mo­der­ni­zação do sector das pescas

«O sector das pescas tem vindo a ser confrontado com uma grave situação sócio-económica, recentemente agudizada com o aumento dos factores de produção (gasóleo e gasolina), em resultado das políticas nacionais e comunitárias para o sector», acusam, num projecto de relatório, os deputados comunistas no Parlamento Europeu.
Este documento, subscrito por Pedro Guerreiro, surge numa altura que a União Europeia debate a realização de uma nova reforma da Política Comum de Pescas, que poderá representar uma nova ameaça para este sector estratégico nacional.
«A pesca é uma actividade fundamental para garantir a alimentação e a sobrevivência dos seres humanos, sendo este o objectivo primordial de uma política de pescas», defendem os comunistas, sublinhando «a importância da pesca nas águas da zona económica exclusiva (ZEE) de cada Estado-Membro para a salvaguarda da sua soberania e independência, nomeadamente ao nível alimentar».
No relatório, entretanto chumbado, os deputados do PCP consideram ainda «indispensável» manter de forma permanente «a derrogação do acesso à zona do mar territorial, no mínimo até às 12 milhas, como forma de promover a sustentabilidade dos recursos pesqueiros, das actividades de pesca tradiconais e das comunidades piscatórias». Neste sentido, propõem «que a área correspondente às ZEE das regiões ultraperiféricas seja considerada “zona de acesso exclusiva” com carácter permanente».

Pri­va­ti­zação das pescas

Os comunistas manifestaram, por outro lado, «profunda preocupação» quanto à possibilidade da introdução de qualquer alteração que vise promover um sistema de quotas individuais transferíveis, com consequências na concentração da actividade pesqueira e na apropriação privada dos direitos de pesca.
«A primeira e principal tarefa de gestão de pesca, enquanto actividade que explora um recurso auto-renovável, consiste em controlar o esforço total de pesca, de modo a atingir o objectivo de capturas máximas sustentáveis, reafirmando-se a exigência de que esta seja baseada em dados científicos válidos», argumentam os eleitos do PCP, lembrando que uma Política Comum de Pescas «deverá promover a modernização e o desenvolvimento sustentável do sector das pescas, assegurando a sua viabilidade socioeconómica e a sustentabilidade dos recursos haliêuticos, garantindo o abastecimento público de pescado, a soberania e segurança alimentares, a manutenção dos postos de trabalho e a melhoria das condições de vida dos pescadores».
Uma política para as pescas deverá ainda partir de um princípio da interdependência entre o bem-estar das comunidades piscatórias e a sustentabilidade dos ecossistemas dos quais são parte integrante, sendo que é necessário reconhecer a especificidade e a importância da pequena pesca costeira e da pesca artesanal.
«A aplicação de uma “abordagem ecossistémica de gestão do meio marítimo” impõe, necessariamente, uma acção multidisciplinar e intersectorial que englobe as várias medidas e políticas com impacto nos ecossistemas marítimos», afirmam os deputados do PCP, que exigem, entre outras, «medidas de gestão das pescas diversificadas, específicas e adequadas a cada caso» e uma «investigação científica pesqueira», de modo a investir na formação de recursos humanos.

Es­tag­nação do preço do pes­cado

Num encontro com pescadores da pesca artesanal da Costa da Caparica, Pedro Guerreiro, deputado do PCP no Parlamento Europeu, foi alertado para a estagnação do preço do pescado em primeira venda e para o aumento do preço dos factores de produção, nomeadamente o preço da gasolina.
«Que medidas efectivas pensa tomar para contribuir para uma resposta adequada aos problemas e às necessidades do sector da pesca?» e «quais as normas regulamentares para o sector da pesca existentes em cada Estado-Membro (por exemplo, quanto à aplicação da regra “minimis”, ao nível da segurança social, da política fiscal, dos seguros das embarcações e das tripulações, do pagamento de taxas, do preço de combustível, entre outras)?», questiona, numa pergunta escrita, o eurodeputado comunista.

De­fender os pes­ca­dores

Sob o lema «Direitos ao trabalho e ao sustento», o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte tem vindo a realizar um conjunto de iniciativas com o objectivo de alertar para a situação dos ma­ris­ca­dores da Tor­reira (Aveiro). Entre os principais problemas, destaca-se o facto de estes pescadores terem estado, durante cinco meses, interditos de exercer a sua actividade.
«Esta paragem na sua actividade – a cujas causas os pescadores foram totalmente alheios – provocou situações de desespero, dada a perda de rendimento dos pescadores para o sustento das suas famílias», alerta o deputado Pedro Guerreiro.
Em pergunta escrita à Comissão Europeia, o eurodeputado comunista denunciou ainda as «inadequadas condições» do Porto de Pesca da Gâmbia, em Setúbal, «ao nível da segurança das embarcações e das condições de trabalho dos pescadores, incluindo a necessidade da melhoria dos serviços prestados pela lota, nomeadamente ao nível do frio».


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