Respeitar princípios compensa
A III Assembleia da Organização Concelhia de Estremoz do PCP, realizada no final de Maio, está a provocar uma nova dinâmica na estrutura local do Partido.
Finalmente, há tarefas distribuídas pelos membros da Concelhia
Mais do que uma disposição estatutária, a realização de assembleias das organizações do Partido é um importante factor de funcionamento democrático, coesão, fortalecimento e dinâmica dessas mesmas organizações partidárias. Foi precisamente isto que se passou no concelho de Estremoz.
A III Assembleia da Organização Concelhia do Partido realizou-se no passado dia 31 de Maio. Dezasseis anos depois da última. E está a ter já consequências muito positivas.
A eleição de uma Comissão Concelhia, com 14 elementos, foi um passo determinante. Segundo Prazeres Garcia, eleita para este organismo, antes da assembleia «alguns camaradas eram chamados ao Centro de Trabalho para reuniões e tarefas pontuais»: construção e funcionamento da Festa do Avante!, congressos ou encontros do Partido, jornadas de propaganda. Mas não havia ninguém responsável por tarefas concretas.
Após a assembleia, e com a eleição da Comissão Concelhia, «isto já não acontece», garante. O essencial das tarefas está distribuído. Na próxima reunião, esta questão ficará arrumada, acredita Prazeres.
Na fase preparatória da assembleia (cuja convocação foi decidida pela Direcção da Organização Regional de Évora do PCP em conjunto com os militantes mais activos do concelho), foram feitas reuniões em diversas freguesias. Assim se conseguiu criar núcleos de militantes que, nesses locais, assumissem o trabalho do Partido.
Em algumas destas freguesias, foi possível desde logo responsabilizar militantes pela cobrança das quotas e pela venda do Avante!, contou Vasco Lino, do Secretariado da Direcção da Organização Regional de Évora do PCP (DOREV). Em Veiros, por exemplo, não se vendia nenhum Avante!. Agora, são distribuídos seis todas as semanas. Também na freguesia de São Lourenço há já leitores do órgão central do Partido.
A fase preparatória e a própria assembleia dos comunistas de Estremoz teve ainda o condão de recuperar para a actividade do Partido alguns militantes há muito desligados. Joaquim Coelho, ex-operário da unidade da Amora da Sorefame, não participava na actividade partidária desde que regressara a Estremoz, devido à debilidade da organização e às lacunas de direcção.
«Fui contactado ainda antes da assembleia. Daí para cá, começámos a reunir, fizemos a assembleia e estamos a distribuir tarefas», relata o membro da Comissão Concelhia.
Objectivos definidos
Realizada a assembleia, eleita a Comissão Concelhia e distribuídas as tarefas entre os seus membros, os comunistas de Estremoz têm objectivos bem definidos para o futuro. Para começar, salienta Vasco Lino, há que organizar o Partido nos locais de trabalho.
Apesar de naquele concelho alentejano não haver grandes empresas e os militantes do Partido se encontrarem dispersos por pequenos locais de trabalho, os mármores devem constituir uma prioridade para o PCP. Nos últimos meses, algumas empresas do sector encerraram e, noutras, ocorreram despedimentos. Ainda assim, os mármores ocupam, no concelho, cerca de 250 operários.
A nível regional, está a ser debatida a criação de um organismo específico para os mármores. Este sector abrange os concelhos de Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal.
Também na Câmara Municipal, o maior empregador do concelho, se vai tentar criar uma célula partidária. Vários militantes do Partido são lá trabalhadores, mas não têm ainda qualquer actividade organizada.
O reforço da organização nas freguesias é outro dos objectivos definidos pela assembleia. Se em Veiros ou São Lourenço existe «alguma coisa em termos de trabalho de organização», noutras freguesias isto não acontece, afirmou Vasco Lino. Certo é que «estamos a criar as condições para começar a trabalhar». Em sua opinião, é a partir deste trabalho, e do recrutamento de novos militantes, que «podemos dar outros saltos».
Programada está já uma acção de formação ideológica no Centro de Trabalho, a ter lugar a seguir à Festa do Avante!.
Retomar contactos
A decisão de realizar a assembleia da organização concelhia de Estremoz foi determinante para o relançamento da actividade partidária naquele concelho, que actualmente se verifica. Mas houve uma outra que, no mínimo, terá tornado possível a própria realização da assembleia – a acção de contactos com os membros do Partido.
Levada a cabo, no concelho, com alguns anos de atraso em relação ao resto do País, esta acção permitiu retomar o contacto com alguns militantes há muito desligados da actividade quotidiana do Partido. Segundo Prazeres Garcia, que esteve envolvida nesta acção, «foram muitos anos de afastamentos e as ligações foram-se perdendo». A agravar a situação, «muita gente mudou de residência e de trabalho». Não são poucos também os que saíram do concelho.
Na opinião desta dirigente do Partido, com esta campanha «foi possível saber quantos éramos e onde estávamos». Pouco antes da assembleia, lembrou a título de exemplo, «localizámos um camarada que procurávamos há muito tempo. E soubemos que trabalha nos mármores», valorizou Prazeres Garcia.
Vasco Lino salientou ainda os aumentos no pagamento da quotização, também eles alcançados com a acção de contacto. No final de 2007, «tínhamos duplicado o número de camaradas com a quota regularizada».
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Sair para a rua
A preparação da assembleia da organização possibilitou uma maior visibilidade do Partido no concelho de Estremoz. Na freguesia de Veiros, de maioria PSD, realizou-se uma visita do deputado comunista João Oliveira, em torno de alguns problemas concretos daquela localidade.
A barragem é prometida há muitos anos e tarda em ser construída; a construção da estação de tratamento de águas depende da barragem; o centro de saúde continua sem médico de família; e o lar de idosos não tem condições para cumprir os seus objectivos.
Nessa ocasião, a delegação do PCP foi recebida na Junta de Freguesia, e a CDU foi «muito elogiada» pela sua atitude, confessa Prazeres Garcia. Isto só foi possível, conta, porque Joaquim Coelho, ao ser contactado pelo Partido no âmbito da preparação da assembleia, levantou diversos problemas que se fazem sentir na freguesia.
Para Prazeres Garcia, «há muito mais questões sobre as quais o Partido poderia tomar posição, emitir um comunicado ou dinamizar um abaixo-assinado, mas que não conhecemos». Vasco Lino salienta também que esta acção contribuiu decisivamente para o reforço do Partido na freguesia de Veiros.
Vencer desânimos e seguir em frente
A derrota da CDU nas eleições autárquicas de 2005, após 12 anos de maioria, teve consequências negativas na organização do Partido em Estremoz. Nomeadamente ao nível da motivação dos militantes.
Prazeres Garcia esteve desligada da actividade do Partido durante alguns anos e regressou precisamente nessa campanha eleitoral. Em sua opinião, «não foi fácil perder» ao fim de uma campanha que deu muito trabalho. Além disso, acrescenta, da preparação das eleições ficaram feridas que custam muito a sarar. Para esta militante, «ter-se feito a assembleia e ter-se elegido a Comissão Concelhia foi um passo muito grande para a organização do Partido neste concelho».
Apesar de ter perdido a presidência da Câmara Municipal para o PS, por apenas 73 votos, a CDU é uma força a ter em conta no concelho. Na Câmara, tem três eleitos, tantos como o PS. O PSD tem um vereador.
Das 13 freguesias, apenas em 11 há eleições em urna. As outras duas, com muitos poucos eleitores, elegem a sua Junta de Freguesia através de assembleia. Numa destas freguesias, São Bento de Ana Loura, a mais pequena do País, a presidente é militante do Partido. Nas outras 11, a CDU detém a maioria em cinco. PS e PSD têm três cada uma, conta Luís Russo.
Para as próximas eleições, o objectivo é reconquistar a maioria, garantem os quatro militantes.
A III Assembleia da Organização Concelhia do Partido realizou-se no passado dia 31 de Maio. Dezasseis anos depois da última. E está a ter já consequências muito positivas.
A eleição de uma Comissão Concelhia, com 14 elementos, foi um passo determinante. Segundo Prazeres Garcia, eleita para este organismo, antes da assembleia «alguns camaradas eram chamados ao Centro de Trabalho para reuniões e tarefas pontuais»: construção e funcionamento da Festa do Avante!, congressos ou encontros do Partido, jornadas de propaganda. Mas não havia ninguém responsável por tarefas concretas.
Após a assembleia, e com a eleição da Comissão Concelhia, «isto já não acontece», garante. O essencial das tarefas está distribuído. Na próxima reunião, esta questão ficará arrumada, acredita Prazeres.
Na fase preparatória da assembleia (cuja convocação foi decidida pela Direcção da Organização Regional de Évora do PCP em conjunto com os militantes mais activos do concelho), foram feitas reuniões em diversas freguesias. Assim se conseguiu criar núcleos de militantes que, nesses locais, assumissem o trabalho do Partido.
Em algumas destas freguesias, foi possível desde logo responsabilizar militantes pela cobrança das quotas e pela venda do Avante!, contou Vasco Lino, do Secretariado da Direcção da Organização Regional de Évora do PCP (DOREV). Em Veiros, por exemplo, não se vendia nenhum Avante!. Agora, são distribuídos seis todas as semanas. Também na freguesia de São Lourenço há já leitores do órgão central do Partido.
A fase preparatória e a própria assembleia dos comunistas de Estremoz teve ainda o condão de recuperar para a actividade do Partido alguns militantes há muito desligados. Joaquim Coelho, ex-operário da unidade da Amora da Sorefame, não participava na actividade partidária desde que regressara a Estremoz, devido à debilidade da organização e às lacunas de direcção.
«Fui contactado ainda antes da assembleia. Daí para cá, começámos a reunir, fizemos a assembleia e estamos a distribuir tarefas», relata o membro da Comissão Concelhia.
Objectivos definidos
Realizada a assembleia, eleita a Comissão Concelhia e distribuídas as tarefas entre os seus membros, os comunistas de Estremoz têm objectivos bem definidos para o futuro. Para começar, salienta Vasco Lino, há que organizar o Partido nos locais de trabalho.
Apesar de naquele concelho alentejano não haver grandes empresas e os militantes do Partido se encontrarem dispersos por pequenos locais de trabalho, os mármores devem constituir uma prioridade para o PCP. Nos últimos meses, algumas empresas do sector encerraram e, noutras, ocorreram despedimentos. Ainda assim, os mármores ocupam, no concelho, cerca de 250 operários.
A nível regional, está a ser debatida a criação de um organismo específico para os mármores. Este sector abrange os concelhos de Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal.
Também na Câmara Municipal, o maior empregador do concelho, se vai tentar criar uma célula partidária. Vários militantes do Partido são lá trabalhadores, mas não têm ainda qualquer actividade organizada.
O reforço da organização nas freguesias é outro dos objectivos definidos pela assembleia. Se em Veiros ou São Lourenço existe «alguma coisa em termos de trabalho de organização», noutras freguesias isto não acontece, afirmou Vasco Lino. Certo é que «estamos a criar as condições para começar a trabalhar». Em sua opinião, é a partir deste trabalho, e do recrutamento de novos militantes, que «podemos dar outros saltos».
Programada está já uma acção de formação ideológica no Centro de Trabalho, a ter lugar a seguir à Festa do Avante!.
Retomar contactos
A decisão de realizar a assembleia da organização concelhia de Estremoz foi determinante para o relançamento da actividade partidária naquele concelho, que actualmente se verifica. Mas houve uma outra que, no mínimo, terá tornado possível a própria realização da assembleia – a acção de contactos com os membros do Partido.
Levada a cabo, no concelho, com alguns anos de atraso em relação ao resto do País, esta acção permitiu retomar o contacto com alguns militantes há muito desligados da actividade quotidiana do Partido. Segundo Prazeres Garcia, que esteve envolvida nesta acção, «foram muitos anos de afastamentos e as ligações foram-se perdendo». A agravar a situação, «muita gente mudou de residência e de trabalho». Não são poucos também os que saíram do concelho.
Na opinião desta dirigente do Partido, com esta campanha «foi possível saber quantos éramos e onde estávamos». Pouco antes da assembleia, lembrou a título de exemplo, «localizámos um camarada que procurávamos há muito tempo. E soubemos que trabalha nos mármores», valorizou Prazeres Garcia.
Vasco Lino salientou ainda os aumentos no pagamento da quotização, também eles alcançados com a acção de contacto. No final de 2007, «tínhamos duplicado o número de camaradas com a quota regularizada».
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Sair para a rua
A preparação da assembleia da organização possibilitou uma maior visibilidade do Partido no concelho de Estremoz. Na freguesia de Veiros, de maioria PSD, realizou-se uma visita do deputado comunista João Oliveira, em torno de alguns problemas concretos daquela localidade.
A barragem é prometida há muitos anos e tarda em ser construída; a construção da estação de tratamento de águas depende da barragem; o centro de saúde continua sem médico de família; e o lar de idosos não tem condições para cumprir os seus objectivos.
Nessa ocasião, a delegação do PCP foi recebida na Junta de Freguesia, e a CDU foi «muito elogiada» pela sua atitude, confessa Prazeres Garcia. Isto só foi possível, conta, porque Joaquim Coelho, ao ser contactado pelo Partido no âmbito da preparação da assembleia, levantou diversos problemas que se fazem sentir na freguesia.
Para Prazeres Garcia, «há muito mais questões sobre as quais o Partido poderia tomar posição, emitir um comunicado ou dinamizar um abaixo-assinado, mas que não conhecemos». Vasco Lino salienta também que esta acção contribuiu decisivamente para o reforço do Partido na freguesia de Veiros.
Vencer desânimos e seguir em frente
A derrota da CDU nas eleições autárquicas de 2005, após 12 anos de maioria, teve consequências negativas na organização do Partido em Estremoz. Nomeadamente ao nível da motivação dos militantes.
Prazeres Garcia esteve desligada da actividade do Partido durante alguns anos e regressou precisamente nessa campanha eleitoral. Em sua opinião, «não foi fácil perder» ao fim de uma campanha que deu muito trabalho. Além disso, acrescenta, da preparação das eleições ficaram feridas que custam muito a sarar. Para esta militante, «ter-se feito a assembleia e ter-se elegido a Comissão Concelhia foi um passo muito grande para a organização do Partido neste concelho».
Apesar de ter perdido a presidência da Câmara Municipal para o PS, por apenas 73 votos, a CDU é uma força a ter em conta no concelho. Na Câmara, tem três eleitos, tantos como o PS. O PSD tem um vereador.
Das 13 freguesias, apenas em 11 há eleições em urna. As outras duas, com muitos poucos eleitores, elegem a sua Junta de Freguesia através de assembleia. Numa destas freguesias, São Bento de Ana Loura, a mais pequena do País, a presidente é militante do Partido. Nas outras 11, a CDU detém a maioria em cinco. PS e PSD têm três cada uma, conta Luís Russo.
Para as próximas eleições, o objectivo é reconquistar a maioria, garantem os quatro militantes.