Também no Alentejo

Estes são dias de luta

José Catalino (Membro da Comissão Política)
Nestes dias em que o povo evoca a Revolução dos Cravos e os trabalhadores celebram o 1.º de Maio, também no Alentejo é tempo de festa e, sobretudo, de luta. De luta contra as políticas reaccionárias do Governo Sócrates, em defesa dos direitos laborais e sociais conquistados pelo Portugal de Abril, por uma região e um País mais desenvolvidos e mais justos, rumo a uma sociedade socialista.

Só com pequenas e grandes lutas se combate a política do Governo

O Partido, autarquias, colectividades, escolas e outras instituições no Alentejo organizaram iniciativas para assinalar os 34 anos da Revolução do 25 de Abril. Reuniões de órgãos autárquicos, debates com «capitães de Abril» e outros democratas, concertos de música, feiras do livro, espectáculos, teatro, exposições, provas desportivas – tudo isso, com a participação empenhada dos comunistas, foi pretexto para evocar a liberdade e a democracia conquistadas há quase três décadas e meia. E foi oportunidade para a denúncia das manipulações da História e do branqueamento do fascismo e para novos alertas sobre a necessidade de intensificar a luta contra o agravamento das condições de vida dos trabalhadores e de diferentes camadas e sectores sociais, resultado do poder dos grandes grupos capitalistas e das políticas governamentais ao seu serviço.
Uma das regiões do País onde os trabalhadores rurais foram mais duramente explorados ao longo da noite fascista e onde o 25 de Abril, a par das conquistas revolucionárias que transformaram a vida do povo – como por exemplo o Poder Local democrático –, significou também a experiência ímpar da Reforma Agrária, o Alentejo festeja cada aniversário da Revolução dos Cravos com a convicção de que é indispensável continuar a lutar. Por mais emprego com direitos, por melhor ensino público e formação, por melhor saúde e protecção social para as populações.
Pela concretização dos grandes investimentos públicos como Alqueva, o aeroporto de Beja ou o IP8, ligando Sines a Ficalho, e pela colocação deste projectos ao serviço do desenvolvimento e dos interesses dos alentejanos. Por novas políticas na agricultura, no ambiente, no ordenamento do território, no turismo – sector este que o Governo Sócrates pretende, com a recente «reforma» das regiões de turismo, pôr ao serviço das suas clientelas, afastando de forma escandalosa das comissões instaladoras e da futura gestão autarcas e responsáveis comunistas.

1.º de Maio de luta

Como em todo o País, no Alentejo luta-se por Abril em Maio. E, no quadro dessa luta, o Dia Internacional dos Trabalhadores é assinalado na região com diversos eventos. Nos distritos de Beja, Évora e Portalegre e no Litoral Alentejano, as uniões dos sindicatos promovem convívios de trabalhadores, sessões culturais, provas desportivas, contactos com a população, intervenções de dirigentes sindicais.
Têm boas razões para prosseguir a luta, os trabalhadores alentejanos: a par do desemprego e do trabalho precário (que as falsificações das estatísticas já não conseguem camuflar), regressa o flagelo dos salários em atraso (como na Corticeira Robinson e na Manufactura Tapeçarias de Portalegre), crescem as ameaças de novos encerramentos de fábricas (como no caso da Delphi, em Ponte de Sor, com 500 trabalhadores), sucede-se a destruição de postos de trabalho (no sector dos mármores, no distrito de Évora, ou na Universidade de Évora), generaliza-se a precariedade (nos call centers da PT em Beja e Évora) e os baixos salários (como nas Minas de Aljustrel onde os patrões inviabilizam a negociação colectiva ou em grandes superfícies comerciais de Beja, onde os contratos colectivos de trabalho não são actualizados), promovem-se processos discipilinares para despedir trabalhadores por terem participado numa greve na Sisáqua.
Mais para lá do 25 de Abril e do 1.º de Maio, a luta dos trabalhadores e das populações vai continuar no Alentejo, como no País. Em Beja, por exemplo, o PCP convocou para 5 de Maio uma concentração para reivindicar mais e melhores condições de saúde para os utentes.
Só assim, com grandes e pequenas lutas – nas empresas e serviços, nas ruas e praças de cidades e vilas, no Parlamento, no Poder Local democrático, em todas as frentes – poderemos, os trabalhadores e o povo, combater as políticas neoliberais do Governo de Sócrates ao serviço dos poderosos, travar e inverter as injustiças e desigualdades sociais, defender os direitos laborais e as conquistas de Abril, criar condições para alternativas de governação do País, lançar as bases para um Portugal mais soberano, democrático, desenvolvido e fraterno, rumo a uma sociedade sem exploração do homem pelo homem.


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