Alemães à esquerda
As duas eleições regionais realizadas no domingo nos estados de Hessen e da Baixa Saxónia resultaram numa pesada sanção para o partido conservador de Angela Merkel e num claro reforço do Die Linke (A Esquerda).
A Esquerda implanta-se em dois grandes estados do Oeste
«Estas eleições demonstram que há uma grande necessidade de um partido à esquerda da social-democracia, inclusivamente em estados que praticam o anticomunismo barato», declarou Gregor Gysi, presidente do Die Linke, partido que logrou pela primeira vez entrar para os parlamentos regionais de Hesse e da Baixa Saxónia.
Esta formação surgiu em Junho passado, na sequência da fusão entre o então Linkspartei.PDS, herdeiro do antigo partido comunista da RDA, e a Alternativa Eleitoral para o Trabalho e a Justiça Social (WASG), constituída por sindicalistas e dissidentes do Partido Social-Democrata (SPD), designadamente pelo seu ex-presidente, Oskar Lafontaine.
Em listas conjuntas, estas duas forças políticas já tinham alcançado um assinalável êxito nas legislativas federais de Setembro de 2005, com 8,7 por cento dos votos e 53 deputados, consagrando-se como o quarto grupo parlamentar do país. Seguiu-se, no ano passado, a eleição pela primeira vez para um parlamento regional ocidental, na cidade-estado de Bremen.
Facto curioso é que nenhum instituto de sondagens previu que o Die Linke fosse capaz de ultrapassar a barreira dos cinco por cento que dá acesso a lugares de deputado. Por isso, Gregor Gysi considerou que o resultado do seu partido «se trata de uma sensação».
Democratas-cristãos derrotados
Em Hessen, estado com 4,3 milhões de habitantes, a União Democrata-Cristã (CDU), partido da chanceler Angela Merkel, logrou uma vitória à tangente, com 36,8 por cento dos votos e 42 deputados, tantos quantos os eleitos pelos sociais-democratas (SPD) que recolheram 36,7 por cento dos sufrágios, registando uma subida de sete por cento. Seguiram-se os liberais (FDP), com 9,4 por cento e 11 deputados, os Verdes (7,5% e nove deputados) e finalmente A Esquerda com 5,1 por cento e seis deputados.
Apesar das aparências, o resultado dos conservadores representou uma pesada derrota, já que perderam quase 13 pontos percentuais em comparação com as eleições de 2003.
Em consequência, o primeiro-ministro cessante, Roland Koch, não poderá formar governo com os liberais, como anunciara ser sua intenção. Por seu lado, a possibilidade de uma alternativa à esquerda foi desde logo descartada pelo SPD que recusa um acordo com A Esquerda.
Neste quadro, e a menos que sejam convocadas novas eleições, a única solução de governo é uma aliança entre sociais-democratas e democratas-cristãos, reproduzindo a actual grande coligação que governa o país.
O candidato conservador, Roland Koch, que governa o estado desde 1999, apostou numa campanha xenófoba contra a delinquência juvenil nas famílias de imigrantes e sobre a alegada ameaça de os comunistas chegarem ao governo. Por seu turno, a sua rival do SPD, Andrea Ypsilanti, lançou um abaixo-assinado a favor do estabelecimento do salário mínimo, defendeu um programa de energias alternativas e medidas de carácter social
Na Baixa-Saxónia, o segundo maior estado da Alemanha com 6,1 milhões de habitantes, os democratas-cristãos, embora tenham descido 5,5 pontos percentuais, resistiram melhor, recolhendo 42,5 por cento dos votos e 68 lugares, o que lhes permite manter o governo em coligação com o FDP (8,2% e 13 deputados).
O SPD teve o seu pior resultado de sempre, caindo para 30,3 por cento e 48 deputados, seguindo-se os Verdes com oito por cento e 11 deputados, representação igual à do partido A Esquerda, que obteve neste estado 7,1 por cento dos sufrágios.
Esta formação surgiu em Junho passado, na sequência da fusão entre o então Linkspartei.PDS, herdeiro do antigo partido comunista da RDA, e a Alternativa Eleitoral para o Trabalho e a Justiça Social (WASG), constituída por sindicalistas e dissidentes do Partido Social-Democrata (SPD), designadamente pelo seu ex-presidente, Oskar Lafontaine.
Em listas conjuntas, estas duas forças políticas já tinham alcançado um assinalável êxito nas legislativas federais de Setembro de 2005, com 8,7 por cento dos votos e 53 deputados, consagrando-se como o quarto grupo parlamentar do país. Seguiu-se, no ano passado, a eleição pela primeira vez para um parlamento regional ocidental, na cidade-estado de Bremen.
Facto curioso é que nenhum instituto de sondagens previu que o Die Linke fosse capaz de ultrapassar a barreira dos cinco por cento que dá acesso a lugares de deputado. Por isso, Gregor Gysi considerou que o resultado do seu partido «se trata de uma sensação».
Democratas-cristãos derrotados
Em Hessen, estado com 4,3 milhões de habitantes, a União Democrata-Cristã (CDU), partido da chanceler Angela Merkel, logrou uma vitória à tangente, com 36,8 por cento dos votos e 42 deputados, tantos quantos os eleitos pelos sociais-democratas (SPD) que recolheram 36,7 por cento dos sufrágios, registando uma subida de sete por cento. Seguiram-se os liberais (FDP), com 9,4 por cento e 11 deputados, os Verdes (7,5% e nove deputados) e finalmente A Esquerda com 5,1 por cento e seis deputados.
Apesar das aparências, o resultado dos conservadores representou uma pesada derrota, já que perderam quase 13 pontos percentuais em comparação com as eleições de 2003.
Em consequência, o primeiro-ministro cessante, Roland Koch, não poderá formar governo com os liberais, como anunciara ser sua intenção. Por seu lado, a possibilidade de uma alternativa à esquerda foi desde logo descartada pelo SPD que recusa um acordo com A Esquerda.
Neste quadro, e a menos que sejam convocadas novas eleições, a única solução de governo é uma aliança entre sociais-democratas e democratas-cristãos, reproduzindo a actual grande coligação que governa o país.
O candidato conservador, Roland Koch, que governa o estado desde 1999, apostou numa campanha xenófoba contra a delinquência juvenil nas famílias de imigrantes e sobre a alegada ameaça de os comunistas chegarem ao governo. Por seu turno, a sua rival do SPD, Andrea Ypsilanti, lançou um abaixo-assinado a favor do estabelecimento do salário mínimo, defendeu um programa de energias alternativas e medidas de carácter social
Na Baixa-Saxónia, o segundo maior estado da Alemanha com 6,1 milhões de habitantes, os democratas-cristãos, embora tenham descido 5,5 pontos percentuais, resistiram melhor, recolhendo 42,5 por cento dos votos e 68 lugares, o que lhes permite manter o governo em coligação com o FDP (8,2% e 13 deputados).
O SPD teve o seu pior resultado de sempre, caindo para 30,3 por cento e 48 deputados, seguindo-se os Verdes com oito por cento e 11 deputados, representação igual à do partido A Esquerda, que obteve neste estado 7,1 por cento dos sufrágios.