Regiões de Turismo

A visão centralista e autoritária do PS

A maioria socialista inviabilizou, recentemente, o projecto de lei comunista sobre o regime jurídico das regiões de turismo. Baseado numa filosofia descentralizadora, respeitadora do poder local, e «inspirado na letra e no espírito da Constituição», como sublinhou o deputado comunista José Soeiro, o projecto do PCP afirmava-se por oposição ao «projecto centralista, autoritário e anti-constitucional» plasmado no decreto-lei que sobre a matéria o conselho de ministro aprovou em Dezembro último. Um diploma que na opinião da bancada comunista encerra ainda o propósito de servir os interesses especulativos e imobiliários, eliminando restrições em áreas actualmente protegidas (RAN e REN) para as abrir à entrada de projectos turísticos de alegado interesse nacional.
Foram estas duas visões distintas que acabaram por marcar o debate realizado há quinze dias, com o PCP a defender uma solução a partir das actuais 19 regiões de turismo, consagrando a soberania e iniciativa do poder local na sua constituição e abrindo caminho à livre criação de federações como forma de «não perder nada do que foi construído ao longo dos anos e de criar um novo impulso que assegure escala capaz de potenciar recursos e oportunidades, como o demonstra a positiva experiência do Alentejo».

O exemplo do Alentejo

Ignorando deliberadamente até o carácter inovador das propostas e do modelo nele consagrados – a criação de um Fundo de Desenvolvimento Turístico na base de um mínimo de 0,5% das receitas totais do turismo do ano anterior, por exemplo –, o PS respondeu ao projecto comunista dizendo que para o PCP «tudo se baseia no agrupamento voluntário». «O que pretende verdadeiramente é manter o actual estado de coisas», referiu a deputada Hortense Martins (PS), numa leitura distorcida ao diploma comunista, recusando ver nele qualquer esforço de «reorganização» e apresentando-o apenas, como se tal fosse uma coisa negativa, numa «lógica do primado do associativismo».
José Soeiro, na resposta, aconselhou o PS a reflectir sobre as razões que levaram a que no Alentejo, «onde o PCP tem a influência que tem, tivesse sido possível construir uma solução diferente, onde há uma associação das regiões de turismo que funciona para rentabilizar recursos humanos e técnicos e que é um exemplo que o PS não foi capaz de aplicar no resto do País».
Realçando as diferenças que separam as duas concepções em presença, o deputado comunista lembrou ainda que enquanto o projecto do PCP introduz um estímulo financeiro para a Federação, que conduz à possibilidade de agregar com cooperação, com respeito pelas marcas, com respeito pela realidade e sobretudo com respeito pelas pessoas», o PS, ao contrário, «quer impor administrativamente e contra a Constituição um modelo tutelado pelo Governo, governamentalizado, autocrático».


Mais artigos de: Assembleia da República

PCP exige a suspensão imediata

O PCP exige a suspensão imediata do processo em curso de encerramento e concentração de urgências e outras valências hospitalares, bem como de serviços de atendimento urgente em centros de saúde.

Ministro falha promessas

O rumo errado da política agrícola e suas consequências desastrosas sobre a produção e o rendimento dos agricultores voltaram a ser postos em evidência em debate com o ministro da Agricultura e Pescas.

Apoiar a agricultura e os agricultores

Sexta-feira passada, em pleno debate com o ministro da Agricultura e Pescas, a bancada comunista anunciava pela voz do deputado Agostinho Lopes a entrega de um projecto de resolução em apoio de Medidas Agro-ambientais ajustadas à agricultura e aos agricultores portugueses.No texto a Assembleia da República recomenda ao...

A corrosão do poder de compra

O PCP considerou um «completo irrealismo» a inflação de 2,1 % prevista para 2008 e desafiou o Governo a proceder à sua correcção para que não haja uma ainda mais acentuada perda do poder de compra dos portugueses.A questão foi recentemente suscitada pelo deputado comunista Agostinho Lopes em declaração política proferida...

Torturar as estatísticas

O PCP acusou o Governo de pretender disfarçar a baixa qualificação dos portugueses através da «manipulação estatística», enquanto, simultaneamente, «procede a um reconhecimento de competências em massa» colocando a «tónica da política educativa» apenas na concessão do diploma.Esta ideia foi defendida pelo deputado...

Lesar os interesse nacionais

Uma reforma que não responde aos problemas da vinha e do vinho nem em Portugal nem na Europa. Esta é a convicção do Grupo Parlamentar do PCP sobre a proposta da Comissão Europeia (CE) relativa ao regulamento do Conselho que estabelece a OCM Vitivinícola. «Com esta reforma o remédio poderá matar definitivamente o doente»,...