Cuspir para o ar
Costumam alguns classificar a atitude de Sócrates face aos reveses da sua política, isto é, à contradição entre o que promete e o que faz, entre as metas e os resultados, dizendo que o homem «assobia para o ar» quando a realidade o desmente.
Penso que a coisa não se passa assim. De facto, a prática da falsidade e do eleitoralismo das promessas é apenas um efeito de propaganda, e o próprio Sócrates não desejaria mais nada do que aquilo que realmente vem acontecendo. Quando ele assobia, é um assobio de satisfação. «Porreiro, pá, já os enganei outra vez»...
Se atentarmos nos objectivos concretos do primeiro-ministro – se calhar muito íntimos e só partilhados por alguns eleitos do coração, democraticamente eleitos, aliás, nas listas do PS e no seio do Governo – verificamos que, coerentes com a política de direita seguida desde há mais de trinta anos pelos partidos que se revezam ou se coligam na governação, tais objectivos vêm sendo vertiginosamente alcançados: o País, que andava de «tanga» no ministério de Barroso, está completamente nu, com Sócrates.
O grande capital, nacional e globalizantemente estrangeiro, esfrega as mãos e arrecada os lucros desta política que arruinou a agricultura e as pescas, fechou minas ou vendeu-as, arrasou a indústria e encerrou grandes empresas, levou à falência milhares de médias e pequenas, produziu um extenso exército de desempregados na mira de criar uma reserva onde seja possível de novo instaurar a praça de jorna e ir buscar mão-de-obra a baixo preço e sem direitos.
Como ainda falta arrumar esta casa, do ponto de vista do capital, onde imperam os grandes accionistas e os seus iluminados gestores pagos a peso de ouro, Sócrates leva a ofensiva contra o chamado «Estado social», extorquindo, no campo da habitação, da saúde, da escola, da justiça, o último sumo do País. Assobia de contentamento por ver felizes os seus amos nacionais e os patrões da União Europeia e dos Estados Unidos.
Um dia destes vai atrever-se a cuspir para o ar – já está a fazê-lo – acreditando que, à volta, o escarro lhe não acerte. Mas, como na Física, na História também há leis...
Penso que a coisa não se passa assim. De facto, a prática da falsidade e do eleitoralismo das promessas é apenas um efeito de propaganda, e o próprio Sócrates não desejaria mais nada do que aquilo que realmente vem acontecendo. Quando ele assobia, é um assobio de satisfação. «Porreiro, pá, já os enganei outra vez»...
Se atentarmos nos objectivos concretos do primeiro-ministro – se calhar muito íntimos e só partilhados por alguns eleitos do coração, democraticamente eleitos, aliás, nas listas do PS e no seio do Governo – verificamos que, coerentes com a política de direita seguida desde há mais de trinta anos pelos partidos que se revezam ou se coligam na governação, tais objectivos vêm sendo vertiginosamente alcançados: o País, que andava de «tanga» no ministério de Barroso, está completamente nu, com Sócrates.
O grande capital, nacional e globalizantemente estrangeiro, esfrega as mãos e arrecada os lucros desta política que arruinou a agricultura e as pescas, fechou minas ou vendeu-as, arrasou a indústria e encerrou grandes empresas, levou à falência milhares de médias e pequenas, produziu um extenso exército de desempregados na mira de criar uma reserva onde seja possível de novo instaurar a praça de jorna e ir buscar mão-de-obra a baixo preço e sem direitos.
Como ainda falta arrumar esta casa, do ponto de vista do capital, onde imperam os grandes accionistas e os seus iluminados gestores pagos a peso de ouro, Sócrates leva a ofensiva contra o chamado «Estado social», extorquindo, no campo da habitação, da saúde, da escola, da justiça, o último sumo do País. Assobia de contentamento por ver felizes os seus amos nacionais e os patrões da União Europeia e dos Estados Unidos.
Um dia destes vai atrever-se a cuspir para o ar – já está a fazê-lo – acreditando que, à volta, o escarro lhe não acerte. Mas, como na Física, na História também há leis...