Ano novo, injustiças antigas
O secretário-geral do PCP denunciou, dia 3, o brutal aumento dos preços de bens e serviços essenciais verificado no início do ano. E antecipou um 2008 de luta.
Os aumentos atingem sobretudo quem vive do seu salário ou pensão
Em conferência de imprensa realizada na sede nacional do Partido, Jerónimo de Sousa denunciou o «novo aumento generalizado dos preços dos bens e serviços essenciais, em regra superiores aos valores da inflação prevista». Estes aumentos (ver caixa), sucedem após um ano de 2007 «marcado pelo agravamento do custo de vida», referiu o dirigente do PCP.
No ano passado, aumentaram as despesas com a saúde, a educação, os transportes, a água, a electricidade, o gás ou os produtos alimentares. Também as despesas com a habitação sofreram grandes aumentos, com destaque para as taxas de juro, que aumentaram 20 por cento, recordou Jerónimo de Sousa. São precisamente os empréstimos à habitação os principais responsáveis do endividamento das famílias, que atinge 124 por cento do seu rendimento disponível.
Os aumentos registados este ano, incidindo sobre bens e serviços essenciais, não atingem todos por igual, afirmou o dirigente comunista. «Eles são sobretudo sentidos por quem vive do seu salário, da sua reforma, da sua pensão. É na classe operária e no conjunto dos trabalhadores e reformados que de uma forma mais violenta se faz sentir o brutal aumento do custo de vida.»
O agravamento dos preços, sustentam os comunistas, «torna ainda mais evidente a injusta repartição do rendimento nacional, que tem sido impiedosamente agravada pelas políticas de direita do Governo do PS».
Para o PCP, este conjunto de aumentos torna «absolutamente incompreensível o valor da inflação prevista» e coloca sérias dúvidas quanto ao rigor que está a ser utilizado para estimar o valor da inflação. Como é sabido, realçou o secretário-geral comunista, a inflação é calculada com base num cabaz de compras das famílias, do qual não faz parte, por exemplo, o valor dos empréstimos à habitação.
Os comunistas exigem que sejam divulgados os dados do novo inquérito às despesas familiares, de 2005, e que se proceda a uma revisão dos critérios que levam a determinar a inflação, sob pena de ser tornar mais evidente o factor deste indicador ser, sobretudo, um «importante instrumento e um garrote para fazer conter a evolução salarial no nosso País».
Tendo em conta esta situação, 2008 será um «ano novo com velha e requentada política». Para o PCP, na voz do seu secretário-geral, «mais exigente se torna, assim, o prosseguimento da luta por uma nova política, por uma vida melhor num País com mais justiça».
O que aumenta
Entre os produtos que viram o seu preço aumentar no dobrar do ano, destaca-se o pão, com toda a sua carga simbólica e o significado que este produto tem na dieta alimentar diária dos portugueses. O seu aumento poderá atingir os 30 por cento. No ano anterior, o pão aumentou 20 por cento.
Quanto aos restantes produtos alimentares, o seu preço aumentará entre os 5 e os 10 por cento, com destaque para o leite e derivados.
A electricidade aumenta 2,9 por cento, enquanto que os aumentos do gás andarão entre 4,3 e 5,2 por cento. Já em 2007, o preço da electricidade tinha sofrido um agravamento de 6 por cento para os consumidores domésticos. Os novos preços nas portagens estão já em vigor com um acréscimo de 2,6 por cento em relação aos valores praticados em 2007.
Na saúde, depois de um ano em que as despesas subiram em média 7,5 por cento (três vezes mais do que a inflação registada) e só os serviços hospitalares cresceram 53,8 por cento, é conhecida a intenção do Governo de aumentar as taxas moderadoras em 4 por cento. Com isto, perdem os utentes e o Serviço Nacional de Saúde. A ganhar saem apenas os interesses privados que operam e se querem instalar no sector, acusa o PCP.
À boleia do aumento do preço do barril do petróleo nos mercados internacionais, também a gasolina e o gasóleo terão o seu custo agravado. Os grandes responsáveis pelos aumentos destes produtos aos consumidores, realça o PCP, são os «fabulosos lucros das empresas, que não param de subir, e a enorme carga fiscal de que estes produtos são alvo». O aumento do preço dos combustíveis tem como agravante reflectir-se inevitavelmente no custo da maioria dos bens de consumo.
Já no dia 12 de Dezembro, o PCP emitira um comunicado rejeitando o aumento do custo dos transportes públicos, anunciado por Mário Lino. A estes aumentos, de 3,8 por cento, seguir-se-iam novas subidas de preço intercalares, durante o ano. Entre 2002 e 2007, lembrava o PCP, os transportes aumentaram quase 30 por cento, mais 64 por cento do que a inflação.
Ei-los:
30% Pão
5 a 10% Leite e derivados
2,9% Electricidade
2,6% Portagens
4%Taxas moderadoras
3,8% Transportes públicos
No ano passado, aumentaram as despesas com a saúde, a educação, os transportes, a água, a electricidade, o gás ou os produtos alimentares. Também as despesas com a habitação sofreram grandes aumentos, com destaque para as taxas de juro, que aumentaram 20 por cento, recordou Jerónimo de Sousa. São precisamente os empréstimos à habitação os principais responsáveis do endividamento das famílias, que atinge 124 por cento do seu rendimento disponível.
Os aumentos registados este ano, incidindo sobre bens e serviços essenciais, não atingem todos por igual, afirmou o dirigente comunista. «Eles são sobretudo sentidos por quem vive do seu salário, da sua reforma, da sua pensão. É na classe operária e no conjunto dos trabalhadores e reformados que de uma forma mais violenta se faz sentir o brutal aumento do custo de vida.»
O agravamento dos preços, sustentam os comunistas, «torna ainda mais evidente a injusta repartição do rendimento nacional, que tem sido impiedosamente agravada pelas políticas de direita do Governo do PS».
Para o PCP, este conjunto de aumentos torna «absolutamente incompreensível o valor da inflação prevista» e coloca sérias dúvidas quanto ao rigor que está a ser utilizado para estimar o valor da inflação. Como é sabido, realçou o secretário-geral comunista, a inflação é calculada com base num cabaz de compras das famílias, do qual não faz parte, por exemplo, o valor dos empréstimos à habitação.
Os comunistas exigem que sejam divulgados os dados do novo inquérito às despesas familiares, de 2005, e que se proceda a uma revisão dos critérios que levam a determinar a inflação, sob pena de ser tornar mais evidente o factor deste indicador ser, sobretudo, um «importante instrumento e um garrote para fazer conter a evolução salarial no nosso País».
Tendo em conta esta situação, 2008 será um «ano novo com velha e requentada política». Para o PCP, na voz do seu secretário-geral, «mais exigente se torna, assim, o prosseguimento da luta por uma nova política, por uma vida melhor num País com mais justiça».
O que aumenta
Entre os produtos que viram o seu preço aumentar no dobrar do ano, destaca-se o pão, com toda a sua carga simbólica e o significado que este produto tem na dieta alimentar diária dos portugueses. O seu aumento poderá atingir os 30 por cento. No ano anterior, o pão aumentou 20 por cento.
Quanto aos restantes produtos alimentares, o seu preço aumentará entre os 5 e os 10 por cento, com destaque para o leite e derivados.
A electricidade aumenta 2,9 por cento, enquanto que os aumentos do gás andarão entre 4,3 e 5,2 por cento. Já em 2007, o preço da electricidade tinha sofrido um agravamento de 6 por cento para os consumidores domésticos. Os novos preços nas portagens estão já em vigor com um acréscimo de 2,6 por cento em relação aos valores praticados em 2007.
Na saúde, depois de um ano em que as despesas subiram em média 7,5 por cento (três vezes mais do que a inflação registada) e só os serviços hospitalares cresceram 53,8 por cento, é conhecida a intenção do Governo de aumentar as taxas moderadoras em 4 por cento. Com isto, perdem os utentes e o Serviço Nacional de Saúde. A ganhar saem apenas os interesses privados que operam e se querem instalar no sector, acusa o PCP.
À boleia do aumento do preço do barril do petróleo nos mercados internacionais, também a gasolina e o gasóleo terão o seu custo agravado. Os grandes responsáveis pelos aumentos destes produtos aos consumidores, realça o PCP, são os «fabulosos lucros das empresas, que não param de subir, e a enorme carga fiscal de que estes produtos são alvo». O aumento do preço dos combustíveis tem como agravante reflectir-se inevitavelmente no custo da maioria dos bens de consumo.
Já no dia 12 de Dezembro, o PCP emitira um comunicado rejeitando o aumento do custo dos transportes públicos, anunciado por Mário Lino. A estes aumentos, de 3,8 por cento, seguir-se-iam novas subidas de preço intercalares, durante o ano. Entre 2002 e 2007, lembrava o PCP, os transportes aumentaram quase 30 por cento, mais 64 por cento do que a inflação.
Ei-los:
30% Pão
5 a 10% Leite e derivados
2,9% Electricidade
2,6% Portagens
4%Taxas moderadoras
3,8% Transportes públicos