A democracia deles
Os chefões manifestaram preocupações a Sócrates sobre a possibilidade do referendo, e o primeiro-ministro decidiu-se pelo «não»: «não» ao referendo, obviamente – única forma de garantir (sem margem para dúvidas e mandando às urtigas a opinião do povo) o «sim» ao Tratado porreiro, pá, também conhecido por tratado dos tratantes.
Tenho para mim, no entanto, que tais preocupações eram dispensáveis: Sócrates é um rapaz bem comportado, sabe por intuição o que os chefes querem que ele faça em cada momento, adivinha-lhes o pensamento e age sempre em consonância com eles. Nesta coisa do não referendo, estou em crer, mesmo, que Sócrates já sabia o que queria quando, em compromisso eleitoral assumido, prometeu o contrário. É que ele, tal como os seus pares do PS(D), são especialistas na caça ao voto através da mentira - de tal forma que, quando por qualquer distracção dizem uma verdade, até coram de vergonha.
Nas promessas eleitorais não cumpridas; no cumprimento integral de medidas que não foram promessa eleitoral mas estavam previamente assentes com o grande capital; no desrespeito pela inteligência, pela sensibilidade e pelos direitos dos cidadãos eleitores; na mascarada que é, cada vez mais, cada acto eleitoral; enfim, neste conjunto de valores e princípios que norteiam a prática dos lideres da política de direita, encontramos os fundamentos daquilo a que o linguajar dominante chama ser eleito democraticamente.
Foi, então, na condição de eleito democraticamente que Sócrates decidiu dar mais uma machadada – e que machadada! – na independência nacional, negando ao povo português a possibilidade de, invocando a Constituição da República Portuguesa, a defender.
Sublinhe-se que Sócrates contou, nesta tarefa, com o insistente e persistente apoio do Presidente da República - também ele eleito democraticamente e também ele contrário à consulta popular sobre o Tratado, dados os perigos que havia de o dito vir a ser rejeitado pelo povo.
Assim vai sendo construída esta democracia dominante. Assim: desprezando e espezinhando a democracia.
Tenho para mim, no entanto, que tais preocupações eram dispensáveis: Sócrates é um rapaz bem comportado, sabe por intuição o que os chefes querem que ele faça em cada momento, adivinha-lhes o pensamento e age sempre em consonância com eles. Nesta coisa do não referendo, estou em crer, mesmo, que Sócrates já sabia o que queria quando, em compromisso eleitoral assumido, prometeu o contrário. É que ele, tal como os seus pares do PS(D), são especialistas na caça ao voto através da mentira - de tal forma que, quando por qualquer distracção dizem uma verdade, até coram de vergonha.
Nas promessas eleitorais não cumpridas; no cumprimento integral de medidas que não foram promessa eleitoral mas estavam previamente assentes com o grande capital; no desrespeito pela inteligência, pela sensibilidade e pelos direitos dos cidadãos eleitores; na mascarada que é, cada vez mais, cada acto eleitoral; enfim, neste conjunto de valores e princípios que norteiam a prática dos lideres da política de direita, encontramos os fundamentos daquilo a que o linguajar dominante chama ser eleito democraticamente.
Foi, então, na condição de eleito democraticamente que Sócrates decidiu dar mais uma machadada – e que machadada! – na independência nacional, negando ao povo português a possibilidade de, invocando a Constituição da República Portuguesa, a defender.
Sublinhe-se que Sócrates contou, nesta tarefa, com o insistente e persistente apoio do Presidente da República - também ele eleito democraticamente e também ele contrário à consulta popular sobre o Tratado, dados os perigos que havia de o dito vir a ser rejeitado pelo povo.
Assim vai sendo construída esta democracia dominante. Assim: desprezando e espezinhando a democracia.