Exclusão social no Porto

Situação agrava-se e Governo nada faz

A rede pública de equipamentos e serviços de combate à exclusão é praticamente inexistente no distrito e na cidade do Porto, avisa o PCP, lembrando que a única resposta digna desse nome é dada pelas instituições de solidariedade social que vivem a braços com dificuldades de toda a ordem.
A situação assume particular gravidade, no caso da cidade invicta, face às suas características muito próprias onde releva uma população envelhecida cujo peso relativo tem vindo progressivamente a aumentar.
«Muitas pessoas vivem abaixo do limiar da pobreza, o número dos sem abrigo e dos idosos em situação muito precária, desempregados e trabalhadores empregados cujos rendimentos não chegam para sobreviver aumentou de forma muito significativa nos últimos dois anos», alerta o deputado comunista Jorge Machado em texto dirigido ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social onde pergunta sobre a avaliação que este faz ao avanço da exclusão social e da pobreza no cidade do Porto.
Resultado de uma recente iniciativa do PCP ali ocorrida e no decurso da qual teve ensejo de visitar diferentes IPSS que se dedicam a combater a exclusão social, Jorge Machado não esconde a sua indignação pelo alheamento do Governo em relação a este problema, bem como pela sua falta de apoio às instituições que no terreno, no dia a dia, têm desempenhado um papel decisivo para reduzir a dor e suprir as carências dos mais desfavorecidos.
Estão neste caso, entre outras instituições, a «Coração da Cidade», sem qualquer tipo de apoio da Segurança Social, segundo o deputado do PCP, que lembra ainda a Fundação «Filos», a viver uma situação de constrangimento financeiro que a obriga a reconsiderar a sua intervenção, bem como o «Espaço T», cujo trabalho inovador em matéria de inclusão social (através da música, teatro, pintura e outras forma de arte) está igualmente comprometido devido a dificuldades de ordem financeira que obrigam, inclusivamente, a atrasos no pagamento dos salários dos seus trabalhadores.
Atendendo a que «praticamente não existe oferta pública no combate à pobreza e à exclusão social e que as IPSS são confrontadas com problemas de ordem financeira que são constrangimentos objectivos à sua intervenção, percebemos a atenção que o Governo dedica a este grave problema social que se vive no distrito do Porto e particularmente na cidade do Porto», refere Jorge Machado, antes de perguntar ao Governo o que pensa fazer para alterar este estado de coisas, nomeadamente quanto a pôr em prática um plano de combate à exclusão e quanto à adopção de mecanismos de apoio às IPSS que no terreno dão o melhor de si visando aquele objectivo.

Retrato negro

O distrito e em particular a cidade do Porto são bem o retrato fiel das políticas de direita. É porventura aqui que as suas consequências são mais dramáticas, atingindo níveis de extrema gravidade que não podem deixar de suscitar preocupação.
O deputado comunista Jorge Machado na sua exposição ao Governo dá alguns exemplos concretos que ilustram a difícil situação actual.
Os salários no distrito situam-se abaixo da média nacional, enquanto o desemprego, de acordo com o INE (dados relativos ao 3.º trimestre de 2007), se eleva a 9,5 %, a mais elevada taxa de desemprego a nível nacional.
Sintomático é igualmente o facto de ser no Porto que se regista um dos maiores índices de pedidos de Rendimento Social de Inserção, chegando mesmo a ter cerca de 40 por cento dos formulados a nível nacional.


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