Por pouco dinheiro
Nas toneladas de papel ou nos gigabites de informação que semanalmente nos despejam em cima, há, por vezes, uma frase, uma notícia, um lampejo de realidade – muitas vezes devidamente «ficcionada» - que nos prende, ou alerta, ou, muito simplesmente nos chama a atenção.
Desta vez, entre a chusma de títulos que olhamos quase sem ver, fomos apanhados por uma manchete do Correio da Manhã. «Árbitros vendem-se por 500 euros», lia-se na primeira de sábado.
Seria um anúncio, em que uma confraria de árbitros punha à venda os seus serviços, numa promoção popular?
Não era, certamente. Deu ainda para pensar que, na frase objectiva do jornal, se veiculava a ideia de que a corrupção era barata de mais. Que ficava mal a um árbitro vender os seus «serviços», falseando resultados, por tão pouco, quando arriscava o aborrecimento de, por exemplo, ser detido, levado a julgamento, enxovalhado, apontado a dedo pelos adeptos dos clubes a que terá recusado vitórias (os adeptos dos clubes ganhadores não costumam protestar).
Tão pouco dinheiro, de resto, contribuirá certamente para angariar aos prevaricadores da arbitragem penas severas e uma justiça célere. Quando o montante é grande, os eventuais arguidos podem contar com a preciosa ajuda de advogados pagos também principescamente que asseguram, pelo menos, o arrastar dos processos, os habeas corpus, quiçá uma viagem de ida e volta ao Brasil.
Porque isto da confiança na Justiça – que toda a gente e principalmente os arguidos de crimes mais horríveis do que uma simples «distracção» a deixar cair uma falta ao jogador que meteu a mão à bola, faz gala em garantir – é uma falácia que não convence. Veja-se os casos de Felgueiras ou da Casa Pia, que demoram anos a ir a julgamento, de tal sorte que já ninguém dá como certo que a Justiça vai prevalecer.
E, se quiséssemos falar de política, quanto mais altas e mentirosas são as promessas, mais certo é que os governos vão passar sem julgamento. E quando mentem ou quando metem nos bolsos do capital o dinheiro que é produto do trabalho, ninguém os leva presos.
Desta vez, entre a chusma de títulos que olhamos quase sem ver, fomos apanhados por uma manchete do Correio da Manhã. «Árbitros vendem-se por 500 euros», lia-se na primeira de sábado.
Seria um anúncio, em que uma confraria de árbitros punha à venda os seus serviços, numa promoção popular?
Não era, certamente. Deu ainda para pensar que, na frase objectiva do jornal, se veiculava a ideia de que a corrupção era barata de mais. Que ficava mal a um árbitro vender os seus «serviços», falseando resultados, por tão pouco, quando arriscava o aborrecimento de, por exemplo, ser detido, levado a julgamento, enxovalhado, apontado a dedo pelos adeptos dos clubes a que terá recusado vitórias (os adeptos dos clubes ganhadores não costumam protestar).
Tão pouco dinheiro, de resto, contribuirá certamente para angariar aos prevaricadores da arbitragem penas severas e uma justiça célere. Quando o montante é grande, os eventuais arguidos podem contar com a preciosa ajuda de advogados pagos também principescamente que asseguram, pelo menos, o arrastar dos processos, os habeas corpus, quiçá uma viagem de ida e volta ao Brasil.
Porque isto da confiança na Justiça – que toda a gente e principalmente os arguidos de crimes mais horríveis do que uma simples «distracção» a deixar cair uma falta ao jogador que meteu a mão à bola, faz gala em garantir – é uma falácia que não convence. Veja-se os casos de Felgueiras ou da Casa Pia, que demoram anos a ir a julgamento, de tal sorte que já ninguém dá como certo que a Justiça vai prevalecer.
E, se quiséssemos falar de política, quanto mais altas e mentirosas são as promessas, mais certo é que os governos vão passar sem julgamento. E quando mentem ou quando metem nos bolsos do capital o dinheiro que é produto do trabalho, ninguém os leva presos.