Saudades de Sócrates
Sócrates voltou a ter um dos seus porreiros desabafos ensaiados ao milímetro. Desta vez suspirou no palco do IPJ de Viseu, num plenário com militantes do PS: «já tinha saudades que me chamassem camarada!»
É natural. Não é palavra que ocorra assim às primeiras, pensando no primeiro-ministro que empurra dois milhões de portugueses para baixo do limiar da pobreza, que impõe aumentos salariais bem abaixo da inflação, que não se contenta com um milhão de trabalhadores precários e insiste em destruir de vez essa ideia, antiga, de um emprego estável e com direitos.
Sócrates sabe tão bem – ou melhor! – que nós que muitos simpatizantes, votantes, militantes do PS já se arrependeram mil vezes do seu voto e da sua confiança. Sócrates sabe bem que os há – e muitos! – descontentes com a política do Governo e participantes activos nas lutas dos trabalhadores e das populações.
Por muito que diga o contrário da boca para fora, por muito que lhe expliquem lá no Largo do Rato, Sócrates sabe que as «manifestaçõezinhas» que o esperam onde vá, que os 200 mil de 18 de Outubro, que o milhão e 400 mil de 30 de Maio, não são todos comunistas. E sabe que não é só com vinagre que se apanham moscas.
Os especialistas de propaganda que o assistem hão-de ter sugerido que guardasse uma tarde de domingo para intervalar e parecer de esquerda. E Sócrates despiu a imponente fatiota de presidente da Europa, pendurou o casaco neo-liberal e vestiu a farda de secretário-geral do PS.
Para dizer «às bases» do seu partido que o país está no bom caminho e que os «bons resultados» de dois anos e meio de governação se devem ao «rigor das contas públicas», «à prioridade à qualificação dos portugueses» e às «políticas sociais». De caminho, elogiou o encerramento de escolas, a «coragem» da ministra da Educação e o nome lisboeta do Tratado.
Não se sabe o que «as bases» terão pensado, comparando tanto êxito e brilho com a sua dura vidinha quotidiana. Por este andar, deve ser cada vez mais difícil arranjar quem trate Sócrates por «camarada» sem fazer figas. E o primeiro-ministro respira, aliviado de tal equívoco.
É natural. Não é palavra que ocorra assim às primeiras, pensando no primeiro-ministro que empurra dois milhões de portugueses para baixo do limiar da pobreza, que impõe aumentos salariais bem abaixo da inflação, que não se contenta com um milhão de trabalhadores precários e insiste em destruir de vez essa ideia, antiga, de um emprego estável e com direitos.
Sócrates sabe tão bem – ou melhor! – que nós que muitos simpatizantes, votantes, militantes do PS já se arrependeram mil vezes do seu voto e da sua confiança. Sócrates sabe bem que os há – e muitos! – descontentes com a política do Governo e participantes activos nas lutas dos trabalhadores e das populações.
Por muito que diga o contrário da boca para fora, por muito que lhe expliquem lá no Largo do Rato, Sócrates sabe que as «manifestaçõezinhas» que o esperam onde vá, que os 200 mil de 18 de Outubro, que o milhão e 400 mil de 30 de Maio, não são todos comunistas. E sabe que não é só com vinagre que se apanham moscas.
Os especialistas de propaganda que o assistem hão-de ter sugerido que guardasse uma tarde de domingo para intervalar e parecer de esquerda. E Sócrates despiu a imponente fatiota de presidente da Europa, pendurou o casaco neo-liberal e vestiu a farda de secretário-geral do PS.
Para dizer «às bases» do seu partido que o país está no bom caminho e que os «bons resultados» de dois anos e meio de governação se devem ao «rigor das contas públicas», «à prioridade à qualificação dos portugueses» e às «políticas sociais». De caminho, elogiou o encerramento de escolas, a «coragem» da ministra da Educação e o nome lisboeta do Tratado.
Não se sabe o que «as bases» terão pensado, comparando tanto êxito e brilho com a sua dura vidinha quotidiana. Por este andar, deve ser cada vez mais difícil arranjar quem trate Sócrates por «camarada» sem fazer figas. E o primeiro-ministro respira, aliviado de tal equívoco.