As novidades da «reentré»

João Frazão
Basta ler os jornais dos últimos dias para perceber que o que marca grelha de apreciação da reentre deste ano (o facto político da semana) são as novidades, não obstante as dificuldades novas e antigas nesta ou naquela agremiação.
O que já não tem novidade nenhuma é a dificuldade do PSD em fazer de contas que está na oposição a uma política de direita que eles próprios gostariam de estar a levar a cabo e por isso vão-se entretendo numas picardias internas que a ninguém aproveitam, mas sempre dão o ar de estarem ocupados.
Novo, novo apareceu o PP (Paulo Portas ou Partido Popular que é uma e a mesma coisa) com um discurso na internet, uma coisa mesmo moderna, que isso de andar nas feiras a contactar com o povo foi coisa de outra encarnação, e com um pezinho a puxar para a xenofobia, com uma palavra de ordem suficiente dúbia (imigração: outra vez a confusão) para ao mesmo tempo acolitar os direitinhas da linha e abrir para o mercado dos que, no ano passado, desenvolveram uma acção fascizante com grande visibilidade contra a imigração.
Temos também os que escolheram o debate, coisa apresentada como originalíssima. O BE, cansado de olhar para o lado e ver vazio e oco de ideias, decidiu pensar o socialismo, juntando as suas forças ali para o lado do Parque das Nações que é sítio ainda a cheirar a novo, certamente agora mais reconfortado com a possibilidade que tem de o concretizar na Câmara Municipal de Lisboa, onde foi dar uma mãozinha ao PS.
O Governo não está dado a inovações. As mesmas medidas, os mesmos ataques aos trabalhadores, mais professores no desemprego, as mesmas visitas secretas do primeiro ministro com a devida mobilização de aplausos e helicópteros para fugir depressa a eventuais protestos, as mesmas dificuldades para os que menos têm e menos podem, a mesma opulência para as grandes fortunas.
Falemos do Governo uma vez que do PS não consta que estejam a pensar reentrar, acometidos numa espécie de limbo (nem sei por que é que o Papa acabou com isso, que agora dava tanto jeito).
Nós, pela nossa parte, este fim-de-semana encontramo-nos na Festa do Avante! Espaço ímpar de debate, de cultura, de arte, de música, de desporto, de amizade, de fraternidade, de solidariedade com os povos de todo o mundo, espaço de participação massiva para jovens e outros que nem tanto, espaço para, aí sim, exigir uma nova política, uma ruptura democrática com as políticas de direita.
Mas isso é capaz de não ser grande novidade. Até porque não reentramos em coisa nenhuma, faz tudo parte da luta que continua.


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