Seguindo a pista
O governo dos EUA já gastou 500 mil milhões de dólares na destruição do Iraque
Não é segredo que a única coisa importante para o capitalismo é o dinheiro. Para compreender as suas prioridades e preocupações, não há melhor caminho do que seguir a pista do dinheiro.
Dois anos após a passagem do furacão Katrina, o jornal Público (29.8.07) informa que «não há uma única escola pública na cidade de Nova Orleães que tenha reaberto [...] Nalgumas zonas da cidade, o abastecimento eléctrico ainda não foi reposto». Um terço dos antigos habitantes ainda não regressaram aos seus lares e «muitos dos bairros tradicionalmente ocupados pelas famílias afro-americanas continuam desertos». Embora haja um programa governamental de apoio aos proprietários de casas destruídas, «dos mais de 180 mil candidatos, só 40 mil receberam os cheques respectivos». Não há dinheiro nem segurança para os pobres, na mais poderosa nação do capitalismo mundial.
Para outros fins, já existe dinheiro. O Boston Globe (1.8.07) calcula que o governo dos EUA já gastou 500 mil milhões de dólares na destruição do Iraque, e estima que essa despesa venha a duplicar. E estamos nestes dias a assistir à utilização de astronómicas verbas públicas para tentar evitar que a “economia de casino” - cada vez mais delirantemente especulativa e divorciada da economia produtiva – venha abaixo, com enormes repercussões mundiais. «Os Bancos Centrais dos EUA, Japão e União Europeia já despejaram (e continuam a despejar) mais de 250 mil milhões de dólares nos bancos privados [...] O Fed [Reserva Federal dos EUA] sustenta os piores especuladores em nome da “salvação do sistema financeiro” - coisa que nunca faria para salvar o sistema de saúde americano à beira da falência» (J.Petras, na revista Counterpunch, 25.8.07). O jornal Guardian (17.8.07) ilumina a natureza deste “sistema financeiro” ao informar que este ano as gratificações que os directores das grandes empresas britânicas se atribuíram a si próprios subiram 16%, para atingir 19 mil milhões de libras, «o equivalente a todo o orçamento nacional anual para os transportes». Como seria de esperar, «as grandes gratificações, que frequentemente atingem muitos milhões de libras, foram para um pequeno número de homens da finança e banqueiros de investimentos», os tais que levaram o “sistema financeiro” a necessitar da intervenção salvadora do Estado. Como resultado, «a lista de espera para novos Rolls-Royces é agora de 5 anos, em vez de 2 ou 3 como era hábito, e muitas pessoas estão a gastar milhões em iates de luxo. Existe hoje uma escassez mundial de tripulações para super-iates» (Telegraph, 30.8.07). No mesmo dia e no mesmo país, o Primeiro Ministro “trabalhista” Gordon Brown «enviou uma mensagem dura aos trabalhadores, dizendo que o governo não irá tolerar desvios aos aumentos salariais “disciplinados” que, afirmou, são a chave do êxito económico da última década». Já no início deste ano o governo tinha «imposto um congelamento de aumentos salariais, ou corte em termos reais, a quase todo o sector público, com excepção dos militares» (Guardian, 30.8.07). Lá como cá, uns comem caviar, e os outros lições de moral.
Mas há sempre um limiar de tolerância. Este capitalismo - obsceno, belicista e depredador – acabará por provocar, tal como o furacão Katrina, o rebentar dos diques que actualmente contêm o descontentamento e a revolta.
Dois anos após a passagem do furacão Katrina, o jornal Público (29.8.07) informa que «não há uma única escola pública na cidade de Nova Orleães que tenha reaberto [...] Nalgumas zonas da cidade, o abastecimento eléctrico ainda não foi reposto». Um terço dos antigos habitantes ainda não regressaram aos seus lares e «muitos dos bairros tradicionalmente ocupados pelas famílias afro-americanas continuam desertos». Embora haja um programa governamental de apoio aos proprietários de casas destruídas, «dos mais de 180 mil candidatos, só 40 mil receberam os cheques respectivos». Não há dinheiro nem segurança para os pobres, na mais poderosa nação do capitalismo mundial.
Para outros fins, já existe dinheiro. O Boston Globe (1.8.07) calcula que o governo dos EUA já gastou 500 mil milhões de dólares na destruição do Iraque, e estima que essa despesa venha a duplicar. E estamos nestes dias a assistir à utilização de astronómicas verbas públicas para tentar evitar que a “economia de casino” - cada vez mais delirantemente especulativa e divorciada da economia produtiva – venha abaixo, com enormes repercussões mundiais. «Os Bancos Centrais dos EUA, Japão e União Europeia já despejaram (e continuam a despejar) mais de 250 mil milhões de dólares nos bancos privados [...] O Fed [Reserva Federal dos EUA] sustenta os piores especuladores em nome da “salvação do sistema financeiro” - coisa que nunca faria para salvar o sistema de saúde americano à beira da falência» (J.Petras, na revista Counterpunch, 25.8.07). O jornal Guardian (17.8.07) ilumina a natureza deste “sistema financeiro” ao informar que este ano as gratificações que os directores das grandes empresas britânicas se atribuíram a si próprios subiram 16%, para atingir 19 mil milhões de libras, «o equivalente a todo o orçamento nacional anual para os transportes». Como seria de esperar, «as grandes gratificações, que frequentemente atingem muitos milhões de libras, foram para um pequeno número de homens da finança e banqueiros de investimentos», os tais que levaram o “sistema financeiro” a necessitar da intervenção salvadora do Estado. Como resultado, «a lista de espera para novos Rolls-Royces é agora de 5 anos, em vez de 2 ou 3 como era hábito, e muitas pessoas estão a gastar milhões em iates de luxo. Existe hoje uma escassez mundial de tripulações para super-iates» (Telegraph, 30.8.07). No mesmo dia e no mesmo país, o Primeiro Ministro “trabalhista” Gordon Brown «enviou uma mensagem dura aos trabalhadores, dizendo que o governo não irá tolerar desvios aos aumentos salariais “disciplinados” que, afirmou, são a chave do êxito económico da última década». Já no início deste ano o governo tinha «imposto um congelamento de aumentos salariais, ou corte em termos reais, a quase todo o sector público, com excepção dos militares» (Guardian, 30.8.07). Lá como cá, uns comem caviar, e os outros lições de moral.
Mas há sempre um limiar de tolerância. Este capitalismo - obsceno, belicista e depredador – acabará por provocar, tal como o furacão Katrina, o rebentar dos diques que actualmente contêm o descontentamento e a revolta.