Assassínios e massacres do imperialismo

Rui Paz

Os povos, apesar de todos os sofrimentos, acabarão por se libertar

Os media acabam de revelar como em 1960 os Estados Unidos iniciaram uma série de tentativas para assassinar o dirigente da revolução cubana, Fidel Castro. Mas, se em Cuba essas tentativas falharam, a lista dos dirigentes políticos assassinados por ordem do imperialismo norte-americano é extremamente longa. Convém pois lembrar alguns desses crimes cujas vítimas são exemplos da luta da Humanidade por um mundo liberto da opressão, da exploração e da guerra. O assassínio de Martin Luther King, perpetrado por um comando da CIA, testemunhará para sempre como o então poder racista dos Estado Unidos tentou travar a luta de emancipação da população de cor norte-americana. O assassínio do dirigente social-democrata sueco, Olav Palm, que se opôs ao estacionamento dos mísseis Persching II na Europa, é a expressão do ódio visceral do imperialismo ao desarmamento e à paz. A agressão contra a Jugoslávia, o rapto do presidente Milosevic e a sua morte nas masmorras da NATO em Haia, constituem a mais clara demonstração de desprezo das potências do mundo capitalista pelos princípios do direito internacional e pela ordem jurídica mundial instaurada após a derrota do nazismo em 1945. Os assassínios de Patrício Lumumba e de Salvador Allenda por defenderem a nacionalização das riquezas naturais dos seus países, revelam a essência rapace do imperialismo e a energia criminosa que resulta da sua natureza exploradora. Os nomes de Eduardo Mondlane, Amilcar Cabral, Samora Machel e de tantos outros dirigentes africanos assassinados, relembrarão que o imperialismo tem sido o maior inimigo da independência e da libertação dos povos colonizados. O assassínio de Che-Guevara na Bolívia ou do jovem secretário-geral do Partido Comunista Sul-Africano, Chris Hani, abatido por um comando polaco ao serviço da CIA, no momento em que o regime racista sul-africano agonizava, são a prova do desespero e do pânico do imperialismo face aos ideias libertadores do comunismo.

Mas, se é verdade que no XX era fácil ao imperialismo assassinar os dirigentes defensores dos direitos e da liberdade dos povos e instalar regimes de terror dirigidos por generais golpistas e sanguinários, não é menos verdade que, hoje, têm de ser as próprias potencias capitalistas, através dos seus exércitos a intervir directamente, a oprimir e a massacrar os povos que persistem em defender a sua soberania e os seus direitos.
Diariamente do Iraque ao Afeganistão chegam-nos notícias de ataques cada vez mais crueis contra as populações civis. Se, no Iraque, a ocupação militar estrangeira transformou o Tigre e o Eufrates em verdadeiros rios de sangue, no Afeganistão, a acção criminosa das tropas da NATO passou também a matar diariamente mulheres e crianças indefesas. O que se está a desenrolar-se no Hindukuch já não é uma guerra entre tropas estrangeiras de ocupação e a resistência armada afegã, mas uma autêntico genocídio. O mais conhecido especialista alemão do Médio Oriente, Peter Scholl-Latour, (antigo director da revista Stern) afirmou recentemente num debate na TV que só no Sul do Afeganistão e na região fronteiriça do Paquistão, opõem-se à ocupação estrangeira cerca de 12 milhões de pessoas, e que, aquilo que os norte-americanos designam por «talibãs» corresponde a uma resistência muito mais vasta e impossível de ser dominada.

A destruição há poucos dias dos ficheiros dos serviços secretos militares alemães, referentes às intervenções da Bundeswehr no estrangeiro entre 1999 e 2004, é bem reveladora do pânico e do nervosismo que se está a apoderar das principais potências da NATO. Desses ficheiros constava a presença de militares alemães do comando especial KSK, juntamente com tropas norte-americanas, em centros de tortura de prisioneiros na Jugoslávia e no Afeganistão, em operações secretas e ilegais não controláveis pelo Bundestag. Por maior que seja a mentira a energia criminosa do imperialismo, os povos, apesar de todos os sofrimentos, acabarão por se libertar e pôr fim ao pesadelo em que hoje vive a humanidade.


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