Para além do local

Vasco Cardoso
O debate e o enorme impacto mediático em torno da localização do Novo Aeroporto de Lisboa – NAL resulta, antes de mais, dos enormíssimos interesses que orbitam em torno de tão avultado investimento, mas também, da necessidade da Direita, assinando por baixo todas as malfeitorias do Governo PS, acenar publicamente divergências sobre a política do Governo que em matérias essenciais não tem.
Não estamos com isto a desvalorizar um assunto de absoluta importância estratégica para o desenvolvimento do país, nem a descartar responsabilidades que o PCP sempre assumiu e assume sobre este assunto. A referência que aqui se faz, é tão só para chamar a atenção para o facto de que, ao contrário do que a comunicação social dominante procurou fazer crer, há evidentemente questões mais fundas para além da localização do NAL
Acontece que num assunto tão espremido, com um bombardeamento tão intensivo de argumentos contra e a favor da localização do NAL na Ota, com tanto especialista e comentador a mandar o seu palpite, a verdade é que se contam pelos dedos de uma mão aqueles que, para além do PCP, colocaram no centro da sua apreciação os perigos que resultam da associação da construção do NAL à privatização da ANA.
A ANA é a empresa pública que gere os 7 aeroportos nacionais, e que, tendo alcançado lucros ao longo das últimas décadas (em 2005 atingiu resultados de 32,4 milhões de euros e um volume de investimentos de 124,4 milhões de euros), contribuiu para a melhoria do conjunto das infra-estruturas aeroportuárias do nosso país, desde logo em Lisboa, mas também no Porto, em Faro e nas regiões autónomas.
A privatização da ANA, associada ao modelo de financiamento, construção e exploração do NAL insere-se na criminosa política de delapidação do património público e de transferência para o grande capital de importantes alavancas da economia nacional.
Com a ida do inenarrável Ministro Mário Lino à Assembleia da República reconhecer – tal como o PCP exigia – a necessidade de realizar novos estudos sobre localizações alternativas à Ota, independentemente do descortinável tacticismo inerente à batalha eleitoral em Lisboa, ganhou novo fôlego a luta dos trabalhadores e do PCP contra a privatização da ANA.


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