Defender o Serviço Público é defender o mundo rural
A defesa do mundo Rural é indissociável da defesa dos serviços públicos. Falamos da Educação, desde o pré-escolar até aos mais elevados graus de ensino; da Saúde; dos Tribunais e das forças de segurança; dos transportes colectivos, das linhas de caminho de Ferro; dos correios e das telecomunicações, da energia; dos registos e do notariado; da água, bem essencial da humanidade.
Os grandes grupos económicos engordam com a privatização dos serviços públicos
Quem leia estas linhas dirá «mas assim estamos a falar de tudo». Não é ainda tudo, mas é o que é hoje indispensável a uma vida condigna, onde quer que se more, seja no centro de Lisboa, Porto ou Coimbra, ou nos recônditos lugares da Serra da Estrela ou da Peneda-Gerês, seja nos calores da Planície Alentejana ou nas agruras do Inverno do Planalto Transmontano.
A política de destruição dos serviços públicos, que foram paulatinamente degradados, cirurgicamente descredibilizados, para na primeira curva do caminho serem encerrados, é, a par com a profunda miséria a que as políticas de direita condenaram o nosso povo e com a destruição da agricultura nacional, um dos responsáveis pela fuga generalizada do interior para o litoral ou para o estrangeiro.
O Governo apronta-se para encerrar 900 escolas. Diz que são «só 900». Só! Mas às «só 900» há que somar a razia nos últimos anos – 2436 escolas só nos dois últimos anos. Algumas das quais vendidas ao desbarato. Sabe bem o Governo e o Ministério da Educação que ao fechar uma escola, depois de tudo o resto encerrar, se fecha a última fonte de vida desse lugar.
Na saúde, assistimos ao encerramento sucessivo de unidades de saúde, postos médicos, maternidades, urgências, deixando todo o interior à sua sorte, excluindo-o dos cuidados de saúde primários atempados e gratuitos, do acesso à medicina preventiva, à saúde familiar, às consultas de especialidade, às cirurgias e às urgências.
Linha do Dão, com ligação a Viseu, Linha do Corgo, Linha do Tua, Linha do Douro entre Pocinho e Alva, Linha do Sabor, Linha do Tâmega; Ramal de Montemor, do Montijo; de Moura, de Mora, de Reguengos - fechadas ao sabor dos interesses das transportadoras privadas, que com o tempo, também abandonaram essas zonas, pois não eram essas que lhes interessavam.
Encerramento de postos de Correio, para deixar o serviço entregue à mercearia enquanto der, até fechar. Encerramento de postos de atendimento da EDP, da PT, concentração de piquetes de intervenção em meia dúzia de sítios, de onde se espera 4, 5 e mais dias pela resposta a uma avaria simples.
E até a água estão a privatizar e aos agricultores que tenham um poço para regar um pedaço de horta, exigem uma licença para o utilizar.
Encerramento dos matadouros públicos, tentando mesmo impedir que se mate um porco em casa, e exigindo para cima de uma dezena de contos para matar uma rês, a que se soma a despesa do transporte!
Não foi sempre assim
Mas sempre foi assim? Não. Houve um período luminoso, o da Revolução de Abril, em que se rasgaram estradas, construíram e abriram escolas, se electrificaram aldeias, se levou água potável a centenas de milhar de pessoas, em que se fez medicina à periferia, em que se abriram delegações dos Ministérios mais próximas das populações rurais.
A quem serve então a actual política? A quem servem tais decisões? A quem serve tanto zelo evidenciado pelos governos do PS, PSD e CDS?
Serve os interesses dos grandes grupos económicos que engordam à medida que vão apanhando estes serviços públicos.
Na era da Internet, da comunicação ao segundo, a privatização dos correios só leva o correio a casa de dezenas de milhar de cidadãos dia sim dia não ou menos que isso, mas os CTT tiveram um lucro recorde em 2006 de 66,2milhões de euros.
Na era do TGV e do novo aeroporto de muitos milhões, tornou-se novamente difícil ir de muitas aldeias às sedes de concelhos. Mas as multinacionais dos transportes crescem e têm hoje as carreiras que querem. E só a Transdev teve este ano 1 milhão de euros de lucros.
Na era da Educação e da Formação como prioridade, isso só será possível para centenas de milhar de jovens abandonando a sua terra. Mas os colégios privados crescem como cogumelos e recebem 29,5milhões de euros por mês.
E cada um de nós sabe bem que depois dos Correios, depois da Estação, depois da Carreira, depois do posto da GNR, depois da escola, fecham também os aldeãos a porta das suas casas deixando aldeias ao abandono, perdendo memória, cultura, tradições, vidas.
A ofensiva neoliberal e privatizadora só vê lucros e mais lucros querendo que os custos sejam repartidos por todos e que pesem no Orçamento do Estado, e que os lucros fiquem nas mãos de muito poucos.
A privatização dos serviços públicos conduz, assim, a crescentes assimetrias e injustiças e exclusão de vastos sectores da população.
É por isso que dizemos defender o mundo rural é defender os serviços públicos – conquistas civilizacionais para garantir os direitos sociais, a qualidade de vida, o desenvolvimento, a democracia e o progresso – e cada um de nós tem que se empenhar na sua defesa.
A política de destruição dos serviços públicos, que foram paulatinamente degradados, cirurgicamente descredibilizados, para na primeira curva do caminho serem encerrados, é, a par com a profunda miséria a que as políticas de direita condenaram o nosso povo e com a destruição da agricultura nacional, um dos responsáveis pela fuga generalizada do interior para o litoral ou para o estrangeiro.
O Governo apronta-se para encerrar 900 escolas. Diz que são «só 900». Só! Mas às «só 900» há que somar a razia nos últimos anos – 2436 escolas só nos dois últimos anos. Algumas das quais vendidas ao desbarato. Sabe bem o Governo e o Ministério da Educação que ao fechar uma escola, depois de tudo o resto encerrar, se fecha a última fonte de vida desse lugar.
Na saúde, assistimos ao encerramento sucessivo de unidades de saúde, postos médicos, maternidades, urgências, deixando todo o interior à sua sorte, excluindo-o dos cuidados de saúde primários atempados e gratuitos, do acesso à medicina preventiva, à saúde familiar, às consultas de especialidade, às cirurgias e às urgências.
Linha do Dão, com ligação a Viseu, Linha do Corgo, Linha do Tua, Linha do Douro entre Pocinho e Alva, Linha do Sabor, Linha do Tâmega; Ramal de Montemor, do Montijo; de Moura, de Mora, de Reguengos - fechadas ao sabor dos interesses das transportadoras privadas, que com o tempo, também abandonaram essas zonas, pois não eram essas que lhes interessavam.
Encerramento de postos de Correio, para deixar o serviço entregue à mercearia enquanto der, até fechar. Encerramento de postos de atendimento da EDP, da PT, concentração de piquetes de intervenção em meia dúzia de sítios, de onde se espera 4, 5 e mais dias pela resposta a uma avaria simples.
E até a água estão a privatizar e aos agricultores que tenham um poço para regar um pedaço de horta, exigem uma licença para o utilizar.
Encerramento dos matadouros públicos, tentando mesmo impedir que se mate um porco em casa, e exigindo para cima de uma dezena de contos para matar uma rês, a que se soma a despesa do transporte!
Não foi sempre assim
Mas sempre foi assim? Não. Houve um período luminoso, o da Revolução de Abril, em que se rasgaram estradas, construíram e abriram escolas, se electrificaram aldeias, se levou água potável a centenas de milhar de pessoas, em que se fez medicina à periferia, em que se abriram delegações dos Ministérios mais próximas das populações rurais.
A quem serve então a actual política? A quem servem tais decisões? A quem serve tanto zelo evidenciado pelos governos do PS, PSD e CDS?
Serve os interesses dos grandes grupos económicos que engordam à medida que vão apanhando estes serviços públicos.
Na era da Internet, da comunicação ao segundo, a privatização dos correios só leva o correio a casa de dezenas de milhar de cidadãos dia sim dia não ou menos que isso, mas os CTT tiveram um lucro recorde em 2006 de 66,2milhões de euros.
Na era do TGV e do novo aeroporto de muitos milhões, tornou-se novamente difícil ir de muitas aldeias às sedes de concelhos. Mas as multinacionais dos transportes crescem e têm hoje as carreiras que querem. E só a Transdev teve este ano 1 milhão de euros de lucros.
Na era da Educação e da Formação como prioridade, isso só será possível para centenas de milhar de jovens abandonando a sua terra. Mas os colégios privados crescem como cogumelos e recebem 29,5milhões de euros por mês.
E cada um de nós sabe bem que depois dos Correios, depois da Estação, depois da Carreira, depois do posto da GNR, depois da escola, fecham também os aldeãos a porta das suas casas deixando aldeias ao abandono, perdendo memória, cultura, tradições, vidas.
A ofensiva neoliberal e privatizadora só vê lucros e mais lucros querendo que os custos sejam repartidos por todos e que pesem no Orçamento do Estado, e que os lucros fiquem nas mãos de muito poucos.
A privatização dos serviços públicos conduz, assim, a crescentes assimetrias e injustiças e exclusão de vastos sectores da população.
É por isso que dizemos defender o mundo rural é defender os serviços públicos – conquistas civilizacionais para garantir os direitos sociais, a qualidade de vida, o desenvolvimento, a democracia e o progresso – e cada um de nós tem que se empenhar na sua defesa.