«Mínimos» nos transportes <br>não podem originar processos

Os trabalhadores que aderiram à greve geral e que sejam alvo de processos disciplinares, por incumprimento dos serviços mínimos decretados em empresas de transportes, «devem reagir, porque o que se pretende é retirar-lhes o direito à greve», alertou Joaquim Dionísio, ao Avante!.
O jurista e dirigente da CGTP-IN reafirmou que aqueles serviços são, «do ponto de vista jurídico, ilegais e só podem ser decretados em empresas que satisfaçam necessidades sociais impreteríveis, que, não sendo satisfeitas, podem por em causa a saúde, a vida ou a segurança de pessoas ou animais». Ora, «se são ilegais, então não são devidos e os trabalhadores não lhes devem obediência», concluiu.
Caso sejam instaurados processos, «em tribunal, eles acabarão anulados e provaremos que não pode haver lugar a pressões sobre o exercício de um direito constitucional fundamental para o desenvolvimento económico e político de qualquer país, como é o direito à greve», declarou Joaquim Dionísio.
Quanto às represálias que já se fazem sentir na Carris, onde os grevistas foram retirados das escalas das horas extraordinárias, o dirigente acusou a empresa de estar a reincidir na ilegalidade, pois a Carris «voltou a decretar os serviços, ainda no período em que essa competência cabia aos sindicatos, ameaçando, de imediato, os trabalhadores». «Numa situação anterior, o tribunal reconheceu, através de uma decisão judicial, o direito de os trabalhadores recusarem cumprir os serviços impostos», lembrou, salientando que a repetição «configura um crime de coacção».

Arbitragem
só voluntária

Joaquim Dionísio também abordou a constituição das chamadas comissões arbitrais que, segundo o primeiro-ministro, teriam sido criadas com acordo dos sindicatos, omitindo que a CGTP-IN «sempre esteve rigorosamente contra a arbitragem obrigatória». Recordou que, onde existe, «a arbitragem é sempre um sistema voluntário», e frisou que a central «continuará a bater-se para que estas arbitragens sejam retiradas do sistema, porque destinam-se a alimentar o comportamento intimidatório a que assistimos durante a greve geral, por parte do Governo».
«As arbitragens que foram votadas por unanimidade, inclusivamente com a aprovação do representante dos trabalhadores, contaram com a participação exclusiva da UGT», esclareceu, a propósito dos acórdãos que precederam a greve geral.


Mais artigos de: Em Foco

Aviso sério <br>e exigência de mudança de rumo

O Conselho Nacional da CGTP-IN, reunido no dia 5 de Junho para fazer o balanço da greve geral, realizada no passado dia 30 de Maio, e perspectivar a acção sindical a desenvolver no imediato, concluiu:1. Na sequência das grandiosas manifestações realizadas no dia 12 de Outubro e 25 de Novembro do ano passado e no dia 2 de...

Uma luta justa e indispensável

A greve geral de 30 de Maio, que envolveu mais de um milhão e 400 mil trabalhadores, foi «uma luta justa, necessária e indispensável, tanto para os trabalhadores e o País, como para a existência de uma democracia participada, que influencia e transforma a sociedade num sentido positivo».

Uma verdade incontornável

A greve geral volta a ter justificado relevo no Avante!. Publicamos hoje a resolução que o Conselho Nacional da CGTP-IN aprovou dia 5. Às ilegalidades e pressões, contrapomos a resposta firme dos trabalhadores e das organizações sindicais. Com informações e comentários de estruturas regionais, locais e sectoriais, mostramos mais uma série de factos que ficam a marcar o dia 30 de Maio de 2007, fazendo da greve geral uma verdade incontornável, uma alavanca para as próximas lutas e um poderoso factor de mudança política.

Ameaças vencidas

Se, em muitos casos, as pressões e ameaças terão surtido o efeito desejado, a verdade é que milhares de trabalhadores e trabalhadoras enfrentaram despachos de ministros, telefonemas de chefes, receios de colegas e dificuldades objectivas (quando um dia a menos no salário se vê no orçamento da família)... e fizeram greve no dia 30.

A força alternativa em Lisboa

Fruto da falência da política de direita conduzida nos últimos seis anos pelo PSD e pelo CDS-PP, com o apoio do PS nas questões essenciais, abateu-se sobre o município de Lisboa uma crise profunda e sem precedentes. Com as eleições marcadas para 15 de Julho, a CDU apresenta-se como a única força capaz de combater as malfeitorias de Santana Lopes e de Carmona Rodrigues. Este domingo, no âmbito da pré-campanha eleitoral, contando com a presença de cerca de 250 pessoas, realizou-se no Casalinho da Ajuda, na colectividade Chinquilho Cruzeirense, um almoço que contou com as intervenções de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, e Ruben de Carvalho, cabeça de lista da CDU à Câmara de Lisboa.

«Cortes cegos» na Protecção Civil

A CDU criticou «os cortes cegos» no pagamento de horas extraordinárias aos operacionais da Protecção Civil e alertou para a possibilidade de risco acrescido para a cidade.

Política ruinosa em Lisboa

O candidato da CDU à Câmara de Lisboa denunciou, na passada semana, que a urbanização do Vale de Santo António viola o PDM e considerou que este projecto é um exemplo da «política ruinosa» do anterior executivo.