Ameaças vencidas
Se, em muitos casos, as pressões e ameaças terão surtido o efeito desejado, a verdade é que milhares de trabalhadores e trabalhadoras enfrentaram despachos de ministros, telefonemas de chefes, receios de colegas e dificuldades objectivas (quando um dia a menos no salário se vê no orçamento da família)... e fizeram greve no dia 30.
Como comentaram algumas estruturas e dirigentes sindicais, para atestar a importância da greve geral bastaria ver os esforços do Governo, de muitas administrações e de inúmeros capatazes de um e de outras, a procurarem evitar que mais trabalhadores fizessem greve no dia 30 de Maio e a tentarem esconder as repercussões da luta.
Retirada de um «incentivo financeiro», diminuição de dias de férias e não renovação de contratos a termo foram ameaças registadas pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses em vários hospitais, a que se somou a intimidação por meio da recolha de «dados nominais» dos profissionais que aderiram à luta. Apesar disso, «a generalidade dos enfermeiros aderiu à greve», salientou o SEP, que publicou na Internet dados detalhados dos níveis alcançados nas principais unidades de saúde.
«Valeu tudo», protestou a União dos Sindicatos de Castelo Branco, que sintetizou os casos mais graves registados no dia 30: houve patrões que se colocaram à porta das empresas, em tom ameaçador e intimidador; um chefe geral de uma empresa de lanifícios ameaçou de despedimento os contratados a prazo, caso estes trabalhadores fizessem greve; um sócio de uma empresa de confecções tentou atropelar os elementos dos piquetes de greve, que falavam com as trabalhadoras; lacaios patronais e governamentais fizeram passar a ideia de que os dirigentes sindicais e os elementos dos piquetes tinham a greve paga e recebiam para estarem nos piquetes.
A USCB/CGTP-IN destaca os elevados níveis de adesão registados, designadamente, nas autarquias locais, nas empresas Danone, Carveste, Avri e Penteadora, entre enfermeiros, professores e médicos, bem como no pessoal operário, auxiliar e administrativo em escolas, hospitais e centros de saúde.
De «um enorme rol de situações» atentatórias do direito constitucional à greve, a União dos Sindicatos do Algarve destacou alguns exemplos, tais como: a divulgação, a oito dias da greve geral, de uma decisão da administração do Grupo Jerónimo Martins (que detém os supermercados Pingo Doce e Feira Nova), a anunciar um prémio pecuniário de carácter excepcional, que não seria atribuído a quem fizesse greve; um polícia a tentar identificar grevistas, no Centro de Saúde de Olhão; a presença intimidadora de chefias, em horários nada habituais, na Fagar (empresa de saneamento e limpeza dependente da CM de Faro) e na EVA (transportes rodoviários); a tentativa de expulsão do piquete de greve na Unicer, em Loulé. No entanto, «larguíssimas centenas de empresas e serviços estiveram total ou parcialmente encerrados», realça a USAL/CGTP-IN.
Na Legrand Eléctrica, em Carcavelos, dois membros do piquete de greve, funcionários da empresa, foram impedidos sem justificação de entrar nas instalações. Um é dirigente e outro é delegado sindical.
Na Sapju, em Beja, o dia da greve geral foi precedido de tentativas para identificar quem estaria disposto a aderir. Também houve ameaças de retirada de prémios e subsídios, além do lançamento do boato de que a greve seria ilegal na empresa. A adesão, pela primeira vez, chegou a quase 50 por cento e cerca de 30 trabalhadores juntaram-se, em piquete, à porta das instalações.
Vereador «punido»
A maioria PS na CM do Crato (presidente e dois vereadores) decidiu assinalar como falta injustificada a ausência, na reunião de 30 de Maio do executivo, de João Teresa Ribeiro, vereador da CDU, depois de este ter informado que não participaria nos trabalhos por estar solidário com a greve geral. «Se tivesse informado que tinha sido por motivos pessoais», «ou seja, se tivesse mentido, a falta tinha sido justificada», protestou a Comissão Concelhia do PCP, que saudou especialmente «a forte participação dos trabalhadores da administração local» na greve.
Os vereadores da CDU na CM de Vila Franca de Xira decidiram igualmente não participar na reunião ordinária do executivo, marcada para o dia da greve geral. Em Lisboa, Ruben de Carvalho esteve nas instalações da CML, nos Olivais, com o piquete de greve, na noite de 29 de Maio, em solidariedade com os primeiros que começaram a parar. Muitos outros candidatos da CDU às eleições de 15 de Julho participaram, um pouco por toda a cidade, em acções semelhantes.
Retirada de um «incentivo financeiro», diminuição de dias de férias e não renovação de contratos a termo foram ameaças registadas pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses em vários hospitais, a que se somou a intimidação por meio da recolha de «dados nominais» dos profissionais que aderiram à luta. Apesar disso, «a generalidade dos enfermeiros aderiu à greve», salientou o SEP, que publicou na Internet dados detalhados dos níveis alcançados nas principais unidades de saúde.
«Valeu tudo», protestou a União dos Sindicatos de Castelo Branco, que sintetizou os casos mais graves registados no dia 30: houve patrões que se colocaram à porta das empresas, em tom ameaçador e intimidador; um chefe geral de uma empresa de lanifícios ameaçou de despedimento os contratados a prazo, caso estes trabalhadores fizessem greve; um sócio de uma empresa de confecções tentou atropelar os elementos dos piquetes de greve, que falavam com as trabalhadoras; lacaios patronais e governamentais fizeram passar a ideia de que os dirigentes sindicais e os elementos dos piquetes tinham a greve paga e recebiam para estarem nos piquetes.
A USCB/CGTP-IN destaca os elevados níveis de adesão registados, designadamente, nas autarquias locais, nas empresas Danone, Carveste, Avri e Penteadora, entre enfermeiros, professores e médicos, bem como no pessoal operário, auxiliar e administrativo em escolas, hospitais e centros de saúde.
De «um enorme rol de situações» atentatórias do direito constitucional à greve, a União dos Sindicatos do Algarve destacou alguns exemplos, tais como: a divulgação, a oito dias da greve geral, de uma decisão da administração do Grupo Jerónimo Martins (que detém os supermercados Pingo Doce e Feira Nova), a anunciar um prémio pecuniário de carácter excepcional, que não seria atribuído a quem fizesse greve; um polícia a tentar identificar grevistas, no Centro de Saúde de Olhão; a presença intimidadora de chefias, em horários nada habituais, na Fagar (empresa de saneamento e limpeza dependente da CM de Faro) e na EVA (transportes rodoviários); a tentativa de expulsão do piquete de greve na Unicer, em Loulé. No entanto, «larguíssimas centenas de empresas e serviços estiveram total ou parcialmente encerrados», realça a USAL/CGTP-IN.
Na Legrand Eléctrica, em Carcavelos, dois membros do piquete de greve, funcionários da empresa, foram impedidos sem justificação de entrar nas instalações. Um é dirigente e outro é delegado sindical.
Na Sapju, em Beja, o dia da greve geral foi precedido de tentativas para identificar quem estaria disposto a aderir. Também houve ameaças de retirada de prémios e subsídios, além do lançamento do boato de que a greve seria ilegal na empresa. A adesão, pela primeira vez, chegou a quase 50 por cento e cerca de 30 trabalhadores juntaram-se, em piquete, à porta das instalações.
Vereador «punido»
A maioria PS na CM do Crato (presidente e dois vereadores) decidiu assinalar como falta injustificada a ausência, na reunião de 30 de Maio do executivo, de João Teresa Ribeiro, vereador da CDU, depois de este ter informado que não participaria nos trabalhos por estar solidário com a greve geral. «Se tivesse informado que tinha sido por motivos pessoais», «ou seja, se tivesse mentido, a falta tinha sido justificada», protestou a Comissão Concelhia do PCP, que saudou especialmente «a forte participação dos trabalhadores da administração local» na greve.
Os vereadores da CDU na CM de Vila Franca de Xira decidiram igualmente não participar na reunião ordinária do executivo, marcada para o dia da greve geral. Em Lisboa, Ruben de Carvalho esteve nas instalações da CML, nos Olivais, com o piquete de greve, na noite de 29 de Maio, em solidariedade com os primeiros que começaram a parar. Muitos outros candidatos da CDU às eleições de 15 de Julho participaram, um pouco por toda a cidade, em acções semelhantes.