Ofensiva retrógrada
Os direitos e o papel da mulher na sociedade continuam a ser postos em causa pelas forças conservadoras e retrógradas mesmo em países como a Alemanha.
Igreja e conservadores reduzem papel da mulher à família
O pretexto utilizado pela ala mais conservadora da democracia-cristã e pela Igreja católica para tentar impor as suas concepções reaccionárias sobre a família e o lugar da mulher foi uma recente proposta do governo alemão que visa criar 500 mil vagas nas creches e jardins-de-infância até 2013.
Constatando uma evidência, a ministra da Família, Ursula von der Leyen, reconheceu que o acentuado défice de equipamentos de apoio à infância, em especial na Alemanha ocidental, onde apenas oito por cento das crianças estão cobertas pela actual rede, impede muitas mulheres de conciliarem a vida familiar com a carreira profissional.
O projecto de alargamento da rede insere-se numa política de incentivos ao aumento da natalidade no país que regista uma das mais baixas taxas da União Europeia, com 1,3 crianças por mulher.
Contudo, a intervenção do Estado neste domínio, segundo relata o jornal Le Monde (28.02), começou por suscitar reacções negativas entre as hostes conservadoras da CDU-CSU, que acusaram a ministra de pretender pôr em causa o modelo familiar tradicional dos 3 K (Kinder, Küche, Kirche), ou seja, «filhos, cozinha e Igreja», e de se inspirar no sistema da ex-RDA, onde as crianças permaneciam de manhã à noite nas creches públicas e, alegadamente, as mulheres não tinham a liberdade de optar por ficar em casa a tratar dos filhos.
Em apoio destas teses, a Igreja Católica não tardou a fazer-se ouvir pela voz do bispo de Augsbourg (Baviera), Walter Mixa, que estigmatizou a ministra por pretender reduzir as mulheres a meras «máquinas de procriar» e recrutá-las «como reserva de mão-de-obra para a indústria».
Embora a hierarquia católica se tenha distanciado das afirmações radicais do bispo, e a igreja protestante as tenha rejeitado, a verdade é que o cardeal Karl Lehmann, presidente da Conferência Episcopal, não hesitou em alertar contra «o erro fundamental» que seria pensar que «o Estado é quem melhor pode cuidar das crianças».
Face a estes ataques retrógrados, a ministra cristã-democrata teve de vir a público alertar contra os que desejam «ressuscitar os anos 50 em 2010».
Constatando uma evidência, a ministra da Família, Ursula von der Leyen, reconheceu que o acentuado défice de equipamentos de apoio à infância, em especial na Alemanha ocidental, onde apenas oito por cento das crianças estão cobertas pela actual rede, impede muitas mulheres de conciliarem a vida familiar com a carreira profissional.
O projecto de alargamento da rede insere-se numa política de incentivos ao aumento da natalidade no país que regista uma das mais baixas taxas da União Europeia, com 1,3 crianças por mulher.
Contudo, a intervenção do Estado neste domínio, segundo relata o jornal Le Monde (28.02), começou por suscitar reacções negativas entre as hostes conservadoras da CDU-CSU, que acusaram a ministra de pretender pôr em causa o modelo familiar tradicional dos 3 K (Kinder, Küche, Kirche), ou seja, «filhos, cozinha e Igreja», e de se inspirar no sistema da ex-RDA, onde as crianças permaneciam de manhã à noite nas creches públicas e, alegadamente, as mulheres não tinham a liberdade de optar por ficar em casa a tratar dos filhos.
Em apoio destas teses, a Igreja Católica não tardou a fazer-se ouvir pela voz do bispo de Augsbourg (Baviera), Walter Mixa, que estigmatizou a ministra por pretender reduzir as mulheres a meras «máquinas de procriar» e recrutá-las «como reserva de mão-de-obra para a indústria».
Embora a hierarquia católica se tenha distanciado das afirmações radicais do bispo, e a igreja protestante as tenha rejeitado, a verdade é que o cardeal Karl Lehmann, presidente da Conferência Episcopal, não hesitou em alertar contra «o erro fundamental» que seria pensar que «o Estado é quem melhor pode cuidar das crianças».
Face a estes ataques retrógrados, a ministra cristã-democrata teve de vir a público alertar contra os que desejam «ressuscitar os anos 50 em 2010».