Despenalização do aborto

Está na hora de aprovar a Lei

O Grupo Parlamentar do PCP expressou a sua frontal oposição a qualquer medida que imponha o aconselhamento às mulheres que queiram fazer um aborto, como reclamam os defensores do 'Não' à despenalização que saíram derrotados do referendo do passado dia 11.

A vitória do 'Sim' foi a vitória das mulheres

Em declaração política proferida em nome da sua bancada, na passada semana, a deputada comunista Odete Santos afirmou «não fazer sentido que o 'Não' queira ganhar por portas e travessas aquilo que perdeu no referendo».
«Não faz sentido que reivindique a criação de um sistema de aconselhamento para que eventuais estruturas criadas pelo 'Não' manobrem para impedir a liberdade de decisão das mulheres», sublinhou, considerando o exemplo alemão, tantas vezes invocado e onde este dispositivo existe, «um mau exemplo».
Segundo Odete Santos, por trás dos sistemas de aconselhamento, designadamente do alemão, «está a ideia tão cara aos movimentos antifeministas do 'Não' de que a decisão da mulher de pôr termo a uma gravidez não é uma decisão razoável ou racional». Na perspectiva de tais grupos, acusou, a mulher «é incapaz de compreender o que se passa na sua cabeça e precisa de assistência de alguém que está melhor informado».
«Nós dizemos consulta médica sim, tal como já está no Código Penal, período de reflexão sim, tal como já está no Código Penal. Aconselhamento não», sustentou Odete Santos, antes de manifestar as «maiores dúvidas» em relação a um aconselhamento não obrigatório, admitido pelo PS, que, em sua opinião, comportará sempre «os riscos de um efectivo controlo da liberdade da mulher».
Sem comentário não passaram também declarações surgidas na sequência do sufrágio popular, como foram as proferidas pelo Presidente da República, reclamando uma aproximação entre o 'sim' e o 'não' com vista a não acentuar clivagens e fracturas. Assumindo rupturas, sem tergiversar, Odete Santos lembrou a propósito que «desde os remotos tempos do apagamento do feminino, nada há de mais fracturante, nem pode deixar de ser assim, do que a luta das mulheres pela igualdade». Pelo que, conclui, «a liberdade e a igualdade não admitem superlativos. Elas são já o máximo superlativo».
Saudado pela deputado PCP foi, ainda, o resultado da consulta popular do passado dia 11 de Fevereiro - «uma grande vitória das mulheres portuguesas, mesmo de muitas daquelas que votaram não», assim a classificou - , resultado para o qual contribuíram todos aqueles que, apesar de «bombardeados com deturpações e falsidades de toda a ordem», compreenderam que estava em causa uma «questão de política criminal» e que por detrás da campanha do 'Não' estavam preconceitos anti-femininos, retrógradas ideologias sobre a Mulher e sobre a sua própria racionalidade».


Mais artigos de: Assembleia da República

Aperfeiçoar o quadro legal

O Parlamento apreciou propostas de alteração à lei da droga apresentadas pelas bancadas do PCP e do PSD. Ambas vêm na linha da descriminalização do consumo de drogas e do encaminhamento do toxicodependente para tratamento e acompanhamento.Para o Grupo Parlamentar comunista, com base na discussão e na experiência...

A falência de uma política

A taxa de desemprego, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística divulgados no dia 15, situou-se no quarto trimestre de 2006 em 8,2 por cento, o que representa uma subida de 0,2 por cento face ao período homólogo. Para o deputado comunista Francisco Lopes, esta subida é a demonstração da «falibilidade» das...

Pesar pela morte de Sérgio Vilarigues

A Assembleia da República aprovou, na passada semana, por unanimidade, um voto de pesar pela morte de Sérgio Vilarigues, histórico dirigente comunista com uma «vida dedicada à luta dos trabalhadores e do seu Partido de sempre».«Sérgio Vilarigues foi um dos mais destacados exemplos da resistência ao fascismo, da luta pela...

Acto de fé pelos governantes

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou estar pronto a «pôr as mãos no fogo» pelos governantes que o antecederam no que se refere ao caso dos voos da CIA, enquanto não houver qualquer prova de cumplicidade com actividades ilegais.Este verdadeiro acto de fé de Luís Amado foi por si assumido na Assembleia da...

Provas globais

A ministra da Educação justificou o fim da obrigatoriedade das provas globais do 9.º ano dizendo que são «desajustadas, desorganizadoras do quotidiano das escolas e dispensáveis». Maria de Lurdes Rodrigues falava aos deputados, faz hoje oito dias, num debate de urgência sobre esta matéria suscitado pelo PSD.«A sua...