O Sr. Apenas
Estão suspensos há algumas semanas os transplantes do fígado a crianças em Portugal. O único sítio do país onde existe uma equipa de profissionais de saúde formada para fazer uma operação tão delicada é em Coimbra, nos Hospitais da Universidade. O médico que domina a técnica suspendeu a sua actividade e os transplantes pararam. Anos de uma política de recursos humanos obtusa levou a que não fossem criadas condições para ensinar jovens profissionais que assegurassem a continuidade do serviço. O que se passa agora em Coimbra não é diferente do que vai sucedendo por todo o país: a política do Governo PS está a empurrar para fora do Serviço Nacional de Saúde muitos profissionais e a deixar o serviço público empobrecido e fragilizado.
Face ao drama das crianças portuguesas a precisar de transplantes para sobreviver, o ministro da Saúde entendeu que o que era necessário era «relativizar». Afinal, disse o ministro Correia de Campos para quem quis ouvir, estamos a falar de «não mais de 10 ou 12 casos por ano, apenas», que serão tratados no estrangeiro enquanto não se arranjar outra solução. Achará Correia de Campos que para as oito crianças que neste momento precisam de um transplante do fígado é indiferente serem operadas em Coimbra ou em Madrid, longe da sua família, da sua língua, do seu país? Saberá Correia de Campos quanto tempo demora a formar uma equipa de profissionais com a experiência desta? Saberá Correia de Campos que o envio destes casos para o estrangeiro custa no mínimo 200 mil euros, quando os conhecimentos e equipamentos existem em Portugal?
Correia de Campos não fez mais do que voltar a aplicar o argumento que mais tem posto a uso desde que se encarregou de tratar da saúde aos portugueses. «Apenas» parece ser a palavra preferida do ministro: «apenas» nascem 800 crianças numa maternidade, feche-se; «apenas» usam o SAP em média duas pessoas por noite, feche-se; um milhão de portugueses estão a «apenas» 30 minutos da urgência mais próxima, fechem-se os serviços; os portugueses estão demasiado tempo internados, modere-se o luxo com uma taxa moderadora de «apenas» 5 euros por dia; «apenas» um miúdo por mês precisa de um transplante do fígado, que vá a Espanha.
Bem que o ministro avisou: 2007 será um ano de muita luta em defesa do direito à saúde!
Face ao drama das crianças portuguesas a precisar de transplantes para sobreviver, o ministro da Saúde entendeu que o que era necessário era «relativizar». Afinal, disse o ministro Correia de Campos para quem quis ouvir, estamos a falar de «não mais de 10 ou 12 casos por ano, apenas», que serão tratados no estrangeiro enquanto não se arranjar outra solução. Achará Correia de Campos que para as oito crianças que neste momento precisam de um transplante do fígado é indiferente serem operadas em Coimbra ou em Madrid, longe da sua família, da sua língua, do seu país? Saberá Correia de Campos quanto tempo demora a formar uma equipa de profissionais com a experiência desta? Saberá Correia de Campos que o envio destes casos para o estrangeiro custa no mínimo 200 mil euros, quando os conhecimentos e equipamentos existem em Portugal?
Correia de Campos não fez mais do que voltar a aplicar o argumento que mais tem posto a uso desde que se encarregou de tratar da saúde aos portugueses. «Apenas» parece ser a palavra preferida do ministro: «apenas» nascem 800 crianças numa maternidade, feche-se; «apenas» usam o SAP em média duas pessoas por noite, feche-se; um milhão de portugueses estão a «apenas» 30 minutos da urgência mais próxima, fechem-se os serviços; os portugueses estão demasiado tempo internados, modere-se o luxo com uma taxa moderadora de «apenas» 5 euros por dia; «apenas» um miúdo por mês precisa de um transplante do fígado, que vá a Espanha.
Bem que o ministro avisou: 2007 será um ano de muita luta em defesa do direito à saúde!