Memória do anticomunismo
Prossegue a intensa campanha visando instalar a ideia de que não houve fascismo em Portugal e de que, não tendo havido fascismo, não houve resistência antifascista. Assim, pretendem os autores da campanha matar dois coelhos com uma só cajadada: apagar da história e da memória o regime terrorista que durante quase meio século oprimiu o País e o povo e, simultaneamente, silenciar o papel desempenhado pelo PCP nessa resistência e na luta pela democracia e pela liberdade – papel singular, este, como muito bem sabem (mas não querem que se saiba) os promotores dessa campanha. E percebe-se que não queiram: na verdade, não lhes interessa que se saiba que, quando em Portugal não havia liberdade e lutar por ela tinha como consequências a prisão, a tortura, por vezes a morte, os comunistas ocuparam sempre a primeira fila dessa luta e foram, sempre, os principais alvos da perseguição e da repressão fascistas.
Tanto é o empenho que esses anticomunistas militantes põem no bom cumprimento da tarefa que, por vezes, se atropelam e se atingem uns aos outros, cada qual procurando mostrar melhor trabalho feito.
Um dia destes, Pacheco Pereira publicou um texto anticomunista dirigido contra um alvo errado: o Movimento Não Apaguem a Memória – tão-somente porque, por distracção conjugada com a sua doentia obsessão anticomunista, partiu do princípio de que esse Movimento era uma criação do PCP.
Dias depois, respondeu-lhe um membro do referido Movimento - João Almeida. Corrigiu-o, garantiu-lhe que nenhuma ligação há entre esse Movimento e o PCP, explicou-lhe, mesmo, que «é fácil perceber que ao PCP não interessaria que este movimento existisse». Porquê?: porque, como dizem Pacheco Pereira e João Almeida em coro síncrono, «o PCP considera como sua propriedade privada a memória da resistência ao Estado Novo». A falsidade da afirmação é óbvia, mas que importância tem isso para quem a faz? O que interessa é que, esclarece, oportuno, João Almeida, o Movimento Não Apaguem a Memória existe precisamente para combater o PCP, para «questionar essa propriedade privada». Ou seja, unidos pela memória do anticomunismo comum aos dois, Pacheco & Almeida estão de acordo no essencial.
E, já agora, registe-se mais este traço de união: quer no texto de Pacheco Pereira quer no de João Almeida, a palavra fascismo não é utilizada uma única vez para designar… fascismo. Coincidências...
Tanto é o empenho que esses anticomunistas militantes põem no bom cumprimento da tarefa que, por vezes, se atropelam e se atingem uns aos outros, cada qual procurando mostrar melhor trabalho feito.
Um dia destes, Pacheco Pereira publicou um texto anticomunista dirigido contra um alvo errado: o Movimento Não Apaguem a Memória – tão-somente porque, por distracção conjugada com a sua doentia obsessão anticomunista, partiu do princípio de que esse Movimento era uma criação do PCP.
Dias depois, respondeu-lhe um membro do referido Movimento - João Almeida. Corrigiu-o, garantiu-lhe que nenhuma ligação há entre esse Movimento e o PCP, explicou-lhe, mesmo, que «é fácil perceber que ao PCP não interessaria que este movimento existisse». Porquê?: porque, como dizem Pacheco Pereira e João Almeida em coro síncrono, «o PCP considera como sua propriedade privada a memória da resistência ao Estado Novo». A falsidade da afirmação é óbvia, mas que importância tem isso para quem a faz? O que interessa é que, esclarece, oportuno, João Almeida, o Movimento Não Apaguem a Memória existe precisamente para combater o PCP, para «questionar essa propriedade privada». Ou seja, unidos pela memória do anticomunismo comum aos dois, Pacheco & Almeida estão de acordo no essencial.
E, já agora, registe-se mais este traço de união: quer no texto de Pacheco Pereira quer no de João Almeida, a palavra fascismo não é utilizada uma única vez para designar… fascismo. Coincidências...