O «criacionista»
Segundo o Público, um tal Charles Brabec, «criacionista» furioso, instalou-se há uma dúzia de anos numa quinta em Mafra, onde agora pretende alojar um «parque temático» a defender as suas teorias que negam a evolução das espécies e procuram impor a ideia de que a criação do mundo e do homem se realizou como ele lê na Bíblia, com Adão e Eva e todos os seres vivos a descenderem dos animais e humanos que embarcaram na Arca de Noé.
Os «criacionistas» têm origem nos EUA, onde continuam a ter tanta expressão e influência, que contribuíram decisivamente para as duas eleições de George W. Bush para a Presidência do país, na sequência da sua «conversão» desencadeada quando, há décadas, o actual inquilino da Casa Branca buscou o apoio destas seitas para se livrar do alcoolismo. Organizados numa poderosa rede de «igrejas evangélicas» que se espalham por todo o território dos EUA, com particular incidência nas vastas extensões rurais, os «criacionistas» sedimentaram a tal ponto sua ligação à direita mais conservadora e retrógrada que, como se viu com Bush, até conseguiram instalar na Presidência do país uma criatura gravitando na sua órbita, enquanto durante todo o século XX, e até hoje, a sua enorme influência na sociedade norte-americana foi tendo picos que chegaram ao extremo de condenar à morte, em 1925, um professor do Tennessee por ensinar o evolucionismo darwiniano, que uma lei estadual de então considerava crime capital, ou a conduzir à extraordinária situação de haver actualmente nos EUA 40% da população a afirmar-se «descrente total» da evolução das espécies, como inquiriu em Agosto passado a prestigiada revista Science.
Pois este Charles Brabec não deixa por mãos alheias os seus créditos de seguidor aplicado das teorias fundamentalistas desta gente e não está com meias medidas: garante que a Terra não terá mais que 4000 anos, jura que todos os seres vivos que hoje existem descendem das espécies salvas por Noé na sua arca por ocasião do Dilúvio e os próprios dinossauros desapareceram não há 60 milhões de anos, mas afogados pelo Dilúvio e tendo sido contemporâneos dos humanos...
O facto de ser um ponto assente, demonstrado por uma panóplia tecnológica ao serviço da arqueologia, biologia, cosmologia, astrofísica, paleoantropologia e demais saberes, que os seres vivos evoluem, a Terra tem pelo menos 4500 milhões de anos, que o homem moderno (Homo Sapiens) surgiu há cerca de 150 mil anos em África, que os fósseis dos dinossauros têm no mínimo 60 milhões de anos e que as primeiras cidades humanas encontradas na antiga Mesopotâmia, como Çatal Yuk, foram erguidas há sete mil anos, nada disso conta para estes fanáticos: para eles o planeta «nasceu» há quatro mil anos, apesar de nessa altura já terem surgido e esboroado vários impérios e civilizações, e o Dilúvio-origem-de-todas-as-espécies ocorreu há menos que isso, mau grado a sua primeira descrição conhecida datar de há cinco mil anos, na epopeia mesopotâmica de Gilgamesh...
Tudo isto daria uma imensa vontade de rir se, além de flagrantemente idiota, não fosse também obviamente perigoso, como se evidencia nos EUA, onde o «criacionismo» até já conseguiu chegar à Presidência. E isso não tem piada nenhuma - nem sequer como uma imbecilidade «temática» em Mafra.
Os «criacionistas» têm origem nos EUA, onde continuam a ter tanta expressão e influência, que contribuíram decisivamente para as duas eleições de George W. Bush para a Presidência do país, na sequência da sua «conversão» desencadeada quando, há décadas, o actual inquilino da Casa Branca buscou o apoio destas seitas para se livrar do alcoolismo. Organizados numa poderosa rede de «igrejas evangélicas» que se espalham por todo o território dos EUA, com particular incidência nas vastas extensões rurais, os «criacionistas» sedimentaram a tal ponto sua ligação à direita mais conservadora e retrógrada que, como se viu com Bush, até conseguiram instalar na Presidência do país uma criatura gravitando na sua órbita, enquanto durante todo o século XX, e até hoje, a sua enorme influência na sociedade norte-americana foi tendo picos que chegaram ao extremo de condenar à morte, em 1925, um professor do Tennessee por ensinar o evolucionismo darwiniano, que uma lei estadual de então considerava crime capital, ou a conduzir à extraordinária situação de haver actualmente nos EUA 40% da população a afirmar-se «descrente total» da evolução das espécies, como inquiriu em Agosto passado a prestigiada revista Science.
Pois este Charles Brabec não deixa por mãos alheias os seus créditos de seguidor aplicado das teorias fundamentalistas desta gente e não está com meias medidas: garante que a Terra não terá mais que 4000 anos, jura que todos os seres vivos que hoje existem descendem das espécies salvas por Noé na sua arca por ocasião do Dilúvio e os próprios dinossauros desapareceram não há 60 milhões de anos, mas afogados pelo Dilúvio e tendo sido contemporâneos dos humanos...
O facto de ser um ponto assente, demonstrado por uma panóplia tecnológica ao serviço da arqueologia, biologia, cosmologia, astrofísica, paleoantropologia e demais saberes, que os seres vivos evoluem, a Terra tem pelo menos 4500 milhões de anos, que o homem moderno (Homo Sapiens) surgiu há cerca de 150 mil anos em África, que os fósseis dos dinossauros têm no mínimo 60 milhões de anos e que as primeiras cidades humanas encontradas na antiga Mesopotâmia, como Çatal Yuk, foram erguidas há sete mil anos, nada disso conta para estes fanáticos: para eles o planeta «nasceu» há quatro mil anos, apesar de nessa altura já terem surgido e esboroado vários impérios e civilizações, e o Dilúvio-origem-de-todas-as-espécies ocorreu há menos que isso, mau grado a sua primeira descrição conhecida datar de há cinco mil anos, na epopeia mesopotâmica de Gilgamesh...
Tudo isto daria uma imensa vontade de rir se, além de flagrantemente idiota, não fosse também obviamente perigoso, como se evidencia nos EUA, onde o «criacionismo» até já conseguiu chegar à Presidência. E isso não tem piada nenhuma - nem sequer como uma imbecilidade «temática» em Mafra.