Uma visão retrospectiva
Os dois anos decorridos após a realização do XVII Congresso do PCP, e em particular o ano que agora termina, demonstram bem a validade e o acerto da tese central sobre a análise da situação internacional então aprovada em que se afirma que «grandes dificuldades e perigos coexistem com grandes potencialidades para o desenvolvimento da luta».
É no Médio Oriente que está centrada a batalha mais importante da actualidade
O capitalismo enfrenta na actualidade dificuldades crescentes, quer para garantir a sua própria sobrevivência quer para justificar as suas políticas de exploração e guerra. Mas, confrontado com os seus limites históricos, com as suas insanáveis contradições e respondendo à incontrolável sede de lucros e de recursos do grande capital transnacional, o imperialismo recorre, como já o fez no passado, à guerra, à militarização e à repressão, numa fuga para a frente que lhe permita manter o seu poderio económico, militar e político. E aqui reside o grande perigo da actualidade, é que esta resposta de força visa exactamente aqueles que já são as vítimas do capitalismo, ou seja a esmagadora maioria da população mundial.
Os últimos dois anos, e em particular o último, são ricos de exemplos dos perigos associados a esta resposta de força do imperialismo. A somar à continuação das guerras e das chacinas no Iraque, Afeganistão e Palestina, o ano de 2006 conheceu mais uma guerra, um autêntico crime contra a Humanidade: a guerra de agressão israelita contra o Líbano.
Paralelamente, vieram para a praça pública as denúncias de actos de terrorismo de Estado que evidenciaram ainda mais a natureza criminosa do imperialismo. Os voos da CIA, as prisões clandestinas, Guantanamo, as torturas, os assassinatos selectivos, os raptos de responsáveis políticos, o bombardeamento de vilas ou de bairros residenciais inteiros, o uso de armas de destruição massiva, o regresso ao discurso nuclear, a legalização da tortura nos EUA, são apenas alguns dos possíveis exemplos. Estas expressões não surgem por qualquer acaso, não são o «estilo» deste ou daquele responsável político, como às vezes erradamente se poderia pensar.
São sim sinais mais do que claros do carácter profundamente antidemocrático e fascizante do sistema e que não tem apenas expressões na política externa e interna dos EUA. Na «democrática» Europa, num ano que fica marcado pelos avanços na militarização e simultaneamente pelas tentativas de ressuscitação da maldita «constituição europeia», em coordenação com o reforço e alargamento da NATO, conheceram-se novos ataques às liberdades e à própria democracia. Ataques desferidos quer nas instituições supranacionais, como o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, quer nos próprios Estados em que os principais alvos são os comunistas e os seus Partidos.
Resistência dos povos realça potencialidades
Os alvos desta ofensiva militarista e repressiva estão bem definidos, a luta dos povos, as suas conquistas, os processos em que afirmam a sua soberania e as organizações e países que insistem em não se submeter. Esta é uma das principais razões porque deveremos valorizar tanto quanto possível os corajosos processos de luta que se desenvolvem um pouco por todo o mundo.
Na América Latina respiram-se esperança e confiança e os processos progressistas, de afirmação da soberania daqueles povos - alguns dos quais já mesmo com características revolucionárias, como é o caso da Venezuela - contagiam-se entre si buscando inspiração e exemplo em Cuba socialista. Os processos eleitorais realizados em 2006 na Bolívia, no Equador, no Brasil e Venezuela, confirmam a tendência.
Mas as boas notícias chegaram-nos também da Ásia, com as eleições indianas e o reforço eleitoral e orgânico dos comunistas, e mais recentemente do Nepal com o melhor desfecho possível de uma prolongada luta contra a ditadura palaciana e pela paz e unidade nacional: a assinatura de um acordo de paz só possível através da intervenção dedicada dos comunistas nepaleses.
Mas se todos estes processos de luta são importantes, é no Médio Oriente que está centrada a batalha mais importante da actualidade. A derrota militar de Israel no Líbano e o autêntico cerco a que estão obrigadas as forças militares ocupantes no Iraque demonstram bem como é possível, através da luta e da afirmação dos direitos nacionais de um povo, derrotar ou infligir pesadas derrotas aos mais poderosos exércitos do mundo.
Estas evoluções, o papel das resistências, diversas, plurais e nacionais, tem uma importância crucial não só para a região mas para todo o mundo. Mas há que estar bem atento. O recente relatório norte-americano sobre o Iraque, sendo uma consequência directa da resistência do povo iraquiano que se deve obviamente valorizar, contém todos os elementos necessários para ludibriar os povos do médio oriente e os defensores da paz, manter uma visão imperialista sobre o futuro da região, e baralhar para manter tudo quase na mesma, inclusive o controlo do petróleo.
Apesar de incertezas, de dinâmicas que não dependem exclusivamente daqueles que resistem podemos concluir, após uma retrospectiva ao ano que agora finda, que num quadro de existência de perigos enormes para a Humanidade o ano que passou evidenciou o importantíssimo papel da resistência dos povos na evolução do nosso mundo e realçou as potencialidades existentes. O próximo vai, com certeza, continuar a ser de resistência, luta e construção de uum outro mundo – socialista.
Os últimos dois anos, e em particular o último, são ricos de exemplos dos perigos associados a esta resposta de força do imperialismo. A somar à continuação das guerras e das chacinas no Iraque, Afeganistão e Palestina, o ano de 2006 conheceu mais uma guerra, um autêntico crime contra a Humanidade: a guerra de agressão israelita contra o Líbano.
Paralelamente, vieram para a praça pública as denúncias de actos de terrorismo de Estado que evidenciaram ainda mais a natureza criminosa do imperialismo. Os voos da CIA, as prisões clandestinas, Guantanamo, as torturas, os assassinatos selectivos, os raptos de responsáveis políticos, o bombardeamento de vilas ou de bairros residenciais inteiros, o uso de armas de destruição massiva, o regresso ao discurso nuclear, a legalização da tortura nos EUA, são apenas alguns dos possíveis exemplos. Estas expressões não surgem por qualquer acaso, não são o «estilo» deste ou daquele responsável político, como às vezes erradamente se poderia pensar.
São sim sinais mais do que claros do carácter profundamente antidemocrático e fascizante do sistema e que não tem apenas expressões na política externa e interna dos EUA. Na «democrática» Europa, num ano que fica marcado pelos avanços na militarização e simultaneamente pelas tentativas de ressuscitação da maldita «constituição europeia», em coordenação com o reforço e alargamento da NATO, conheceram-se novos ataques às liberdades e à própria democracia. Ataques desferidos quer nas instituições supranacionais, como o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, quer nos próprios Estados em que os principais alvos são os comunistas e os seus Partidos.
Resistência dos povos realça potencialidades
Os alvos desta ofensiva militarista e repressiva estão bem definidos, a luta dos povos, as suas conquistas, os processos em que afirmam a sua soberania e as organizações e países que insistem em não se submeter. Esta é uma das principais razões porque deveremos valorizar tanto quanto possível os corajosos processos de luta que se desenvolvem um pouco por todo o mundo.
Na América Latina respiram-se esperança e confiança e os processos progressistas, de afirmação da soberania daqueles povos - alguns dos quais já mesmo com características revolucionárias, como é o caso da Venezuela - contagiam-se entre si buscando inspiração e exemplo em Cuba socialista. Os processos eleitorais realizados em 2006 na Bolívia, no Equador, no Brasil e Venezuela, confirmam a tendência.
Mas as boas notícias chegaram-nos também da Ásia, com as eleições indianas e o reforço eleitoral e orgânico dos comunistas, e mais recentemente do Nepal com o melhor desfecho possível de uma prolongada luta contra a ditadura palaciana e pela paz e unidade nacional: a assinatura de um acordo de paz só possível através da intervenção dedicada dos comunistas nepaleses.
Mas se todos estes processos de luta são importantes, é no Médio Oriente que está centrada a batalha mais importante da actualidade. A derrota militar de Israel no Líbano e o autêntico cerco a que estão obrigadas as forças militares ocupantes no Iraque demonstram bem como é possível, através da luta e da afirmação dos direitos nacionais de um povo, derrotar ou infligir pesadas derrotas aos mais poderosos exércitos do mundo.
Estas evoluções, o papel das resistências, diversas, plurais e nacionais, tem uma importância crucial não só para a região mas para todo o mundo. Mas há que estar bem atento. O recente relatório norte-americano sobre o Iraque, sendo uma consequência directa da resistência do povo iraquiano que se deve obviamente valorizar, contém todos os elementos necessários para ludibriar os povos do médio oriente e os defensores da paz, manter uma visão imperialista sobre o futuro da região, e baralhar para manter tudo quase na mesma, inclusive o controlo do petróleo.
Apesar de incertezas, de dinâmicas que não dependem exclusivamente daqueles que resistem podemos concluir, após uma retrospectiva ao ano que agora finda, que num quadro de existência de perigos enormes para a Humanidade o ano que passou evidenciou o importantíssimo papel da resistência dos povos na evolução do nosso mundo e realçou as potencialidades existentes. O próximo vai, com certeza, continuar a ser de resistência, luta e construção de uum outro mundo – socialista.