Governo dá crédito ao verdugo
O ministro dos Negócios Estrangeiros parece acreditar e fazer fé apenas nas versões que lhe são dadas pelo «amigo americano» do outro lado do Atlântico e ignora ou dá pouco valor aos factos e acusações que sobre este impendem pela comportamento sujo da CIA no caso dos voos ilegais para sequestro de suspeitos de terrorismo. Luís Amado admitiu no Parlamento que «grande parte» dos voos que terão passado por Portugal para aquele efeito fosse da CIA, mas persistiu na tese de que não há provas disso.
O ministro falava numa reunião conjunta das comissões parlamentares de Assuntos Constitucionais e de Negócios Estrangeiros, onde se deslocou na passada semana para dar a conhecer aos deputados as conclusões do grupo de trabalho interministerial que investigou os processos de autorização de sobrevoo e aterragem, bem como os esclarecimentos que ele próprio vai prestar aos pedidos de informação formulados pela comissão temporária do Parlamento Europeu.
«Eu até admito que grande parte fosse voos da CIA, mas não temos provas», disse Luís Amado, respondendo aos deputados, como o comunista Jorge Machado, que o confrontaram com a falta de esclarecimentos do Governo sobre aspectos concretos relacionadas com os voos ilegais da CIA. O governante foi mais longe e garantiu mesmo que todas as investigações efectuadas até ao momento não detectaram «nenhum indício de ilegalidades cometidas» em território nacional.
Uma das questões colocadas pelo parlamentar do PCP diz respeito, por exemplo, à manifesta contradição entre a admissão pública pelo Presidente norte-americano, George W. Bush, da existência de detenções e transporte ilegal de suspeitos de terrorismo, quando, meses antes, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, dera «garantias» da inexistência de tais actividades ao ex-ministro Freitas do Amaral, segundo afirmações do próprio às comissões parlamentares.
No habitual registo evasivo que tem caracterizado a atitude do Governo nesta matéria, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros limitou-se a afirmar que «este é um tema de grande melindre», que «exige coerência e rigor».
Amado afirmou ainda que em todos os contactos mantidos com autoridades norte-americanas encontrou «sempre total transparência e total cooperação» e acrescentou que «o Estado e o governo têm de agir segundo o princípio da boa-fé e não alimentando suspeitas».
Donde - legítimo é concluir -, agir bem, na perspectiva do Governo, é dar crédito ao que lhe diz o verdugo e ignorar as suas vítimas, é escamotear provas documentais e denúncias como, entre outras, as apresentadas pela Amnistia Internacional – as quais, aliás, serviram de base a um dos vários requerimentos sobre este assunto já dirigidos ao Governo pelo PCP - , que demonstram de forma irrefutável, através de casos concretos, a passagem por Portugal de aviões suspeitos utilizados pela CIA para o transporte de pessoas sequestradas, sem qualquer acusação ou possibilidade de defesa, para prisões ilegais ou clandestinas ou para países que praticam a tortura, onde são sujeitos às mais bárbaras atrocidades.
O ministro falava numa reunião conjunta das comissões parlamentares de Assuntos Constitucionais e de Negócios Estrangeiros, onde se deslocou na passada semana para dar a conhecer aos deputados as conclusões do grupo de trabalho interministerial que investigou os processos de autorização de sobrevoo e aterragem, bem como os esclarecimentos que ele próprio vai prestar aos pedidos de informação formulados pela comissão temporária do Parlamento Europeu.
«Eu até admito que grande parte fosse voos da CIA, mas não temos provas», disse Luís Amado, respondendo aos deputados, como o comunista Jorge Machado, que o confrontaram com a falta de esclarecimentos do Governo sobre aspectos concretos relacionadas com os voos ilegais da CIA. O governante foi mais longe e garantiu mesmo que todas as investigações efectuadas até ao momento não detectaram «nenhum indício de ilegalidades cometidas» em território nacional.
Uma das questões colocadas pelo parlamentar do PCP diz respeito, por exemplo, à manifesta contradição entre a admissão pública pelo Presidente norte-americano, George W. Bush, da existência de detenções e transporte ilegal de suspeitos de terrorismo, quando, meses antes, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, dera «garantias» da inexistência de tais actividades ao ex-ministro Freitas do Amaral, segundo afirmações do próprio às comissões parlamentares.
No habitual registo evasivo que tem caracterizado a atitude do Governo nesta matéria, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros limitou-se a afirmar que «este é um tema de grande melindre», que «exige coerência e rigor».
Amado afirmou ainda que em todos os contactos mantidos com autoridades norte-americanas encontrou «sempre total transparência e total cooperação» e acrescentou que «o Estado e o governo têm de agir segundo o princípio da boa-fé e não alimentando suspeitas».
Donde - legítimo é concluir -, agir bem, na perspectiva do Governo, é dar crédito ao que lhe diz o verdugo e ignorar as suas vítimas, é escamotear provas documentais e denúncias como, entre outras, as apresentadas pela Amnistia Internacional – as quais, aliás, serviram de base a um dos vários requerimentos sobre este assunto já dirigidos ao Governo pelo PCP - , que demonstram de forma irrefutável, através de casos concretos, a passagem por Portugal de aviões suspeitos utilizados pela CIA para o transporte de pessoas sequestradas, sem qualquer acusação ou possibilidade de defesa, para prisões ilegais ou clandestinas ou para países que praticam a tortura, onde são sujeitos às mais bárbaras atrocidades.