Reforma da Segurança Social

Um «verdadeiro roubo»

Jerónimo de Sousa voltou a denunciar, no passado dia 27, «o verdadeiro roubo» aos direitos de protecção social e às reformas dos trabalhadores que representam as propostas do Governo para a Segurança Social.

Esta reforma assenta na lógica neoliberal do «Estado mínimo»

No discurso proferido em Coimbra, num comício realizado no âmbito da Campanha Nacional em Defesa da Segurança Social, o secretário-geral do PCP mostrou-se confiante em que, depois desta campanha, sejam muitos mais os trabalhadores que se apercebem da «enorme crueldade» do Governo PS que, conhecendo embora as dificuldades de emprego de homens e mulheres de 45, 55, 60 anos (considerados velhos), defende o prolongamento do tempo de trabalho após os 65 anos de idade. Ou que, mesmo aos trabalhadores mais desgastados por actividades profissionais penosas, quando chegados aos 65 anos, deixe como únicas alternativas a redução do valor da reforma, o aumento do pagamento de uma maior contribuição ou… ficar à mercê da solidariedade dos filhos.
Em sua opinião, o objectivo da reforma da Segurança Social que o governo do PS e os partidos da direita propõem – realizada «exclusivamente» à custa dos trabalhadores – é conseguir, de imediato ou a prazo, a implementação de «uma segurança social pública de mínimos, residual e assistencialista, apenas para os mais pobres dos pobres».
Mas, para Jerónimo de Sousa, a ofensiva contra a Segurança Social é apenas uma componente de uma «ofensiva global», que visa «moldar a estrutura e o papel do Estado aos interesses do grande capital monopolista», ofensiva já hoje bem visível, não apenas na segurança social, mas também no ataque aos direitos e salários dos trabalhadores, na transferência dos custos da saúde para as populações, na secundarização e desvalorização da escola pública, no ataque ao poder local Não existe, assim, qualquer sector da vida nacional «onde os interesses populares, os interesses dos trabalhadores e do nosso povo não estejam a ser atingidos». Em resumo, uma ofensiva que assenta na lógica neoliberal do «Estado mínimo».

As alternativas existem

Contudo, garante Jerónimo de Sousa, há propostas e alternativas, como as que o PCP já apresentou, capazes de «assegurar» o futuro da Segurança Social e «melhorar» o sistema de protecção social existente.
Para além, de uma nova forma contribuição para a Segurança Social com base no Valor Acrescentado Bruto (VAB) das empresas (já a aplicar às que apresentem proveitos superiores a 500 mil euros) e da criação de uma contribuição extraordinária de 0,25% sobre todas as transacções realizadas na bolsa (actividade que usufrui de um estatuto de grande privilégio), o PCP propõe outras medidas visando um «melhor e mais avançado sistema de protecção social. Entre elas, a recuperação da dívida do patronato à segurança social, avaliada em cerca de 3. 400 milhões de euros e o combate à sub-declaração de remunerações, que em 2005 representou uma perda para a segurança social de cerca de dois mil milhões de euros que foi para os bolsos das empresas.
Estas propostas, insiste o secretário-geral do PCP, «apresentam a real possibilidade de garantir a sustentabilidade futura da segurança social, não à custa de quem trabalha mas promovendo uma justa redistribuição da riqueza».

Quem tem direitos a mais?

A evolução demográfica e o alargamento da esperança de vida das últimas décadas são alguns dos argumentos que se ouvem a quem defende esta reforma, muitas vezes se «insinuando que o problema da Segurança Social está na existência de direitos a mais da parte de quem trabalha e vive da reforma». Mas… os números falam por si:
- em 2006, cerca de 1 100 000 reformados (42%) recebe pensões inferiores a 300 euros e a pensão média de sobrevivência das 653 000 pessoas que a recebem é de 164 euros mensais;
- a pensão média por invalidez situa-se em 285 euros;
- em 2005, os custos do desemprego para o País, os trabalhadores e a segurança social representavam uma perda de 10,7 do PIB, sendo que só as despesas com o subsídio de desemprego, entre 2001/2005, aumentaram 106,9%;
- em termos absolutos e a preços correntes de 2006, o desemprego é responsável por contribuições e descontos não realizados no valor estimado de 2,2 mil milhões de euros e por um crescimento anual anormal dos custos com subsídio de desemprego pagos no valor de 1,9 mil milhões de euros.
Isto, para não falar na utilização abusiva da política de reformas antecipadas que tem delapidado enormes recursos; nos processos de reestruturação de que são principais usufrutuários o grande capital económico e financeiro; nos milhões de euros da Segurança Social utilizados para «dar cobertura aos projectos de reestruturação capitalista e realizados à custa do emprego de milhares e milhares de trabalhadores»; nos recursos «que se esvaem pela ausência de medidas efectivas no combate à evasão e divida à segurança social».
Assim, é fácil concluir: «Não são os trabalhadores e o povo que têm direitos a mais! São os grandes interesses que têm responsabilidades sociais a menos!».


Mais artigos de: PCP

Um bom dia para o Partido

«Este é um bom dia para o Partido!» Foi com estas palavras que Jerónimo de Sousa se dirigiu às cerca de 150 pessoas que o esperavam num ambiente festivo e emotivo. Esta era, aliás, a primeira vez que um secretário-geral do Partido se deslocava ao Cadaval no pós 25 de Abril.Num palco improvisado, que obrigou ao corte do...

Quilómetros de exploração

«Motoristas de mercadorias por salários e horários dignos – trabalho com direitos» foi o lema do encontro realizado no domingo com a presença de Jerónimo de Sousa.

PS e direita juntos no essencial

A entrega da proposta de «reforma» da Segurança Social para um dos próximos dias de Outubro, anunciada por José Sócrates, no passado dia 27, no debate mensal com os vários grupos parlamentares, evidencia a «pressa» do Governo em vê-la aprovada e a vigorar no início de 2007, bem como a «justeza da decisão do PCP» em...

«A luta não terminou!»

Foi na rua que a Organização Regional de Lisboa do PCP terminou a campanha em defesa da Segurança Social. Entre a Praça do Chile e o Ministério do Trabalho e da Segurança Social, na Praça de Londres, muitas dezenas de pessoas desfilaram pelas ruas esclarecendo a população acerca das propostas do Governo para a Segurança...

PS impõe aumentos e novas contribuições para a ADSE

Inserindo-se na lógica reivindicada pelo grande capital no seu conclave nos passados dias 21 e 22 de Setembro, os trabalhadores e pensionistas da Administração Pública foram confrontados e afrontados com mais um anúncio do Governo de agravamento da sua situação.«A proposta de aumentar a participação dos trabalhadores no...

Em defesa da água pública

A propósito do Dia Nacional da Água, a Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP endereçou, segunda-feira, uma carta à Governadora Civil de Setúbal onde reafirma as suas posições sobre o que entende ser «um bem público, universal e essencial para a vida humana e do planeta».

Portalegre, que futuro?

A ameaça de encerramento que pesa sobre a unidade fabril da Jonhson Controls, em Portalegre, faz a Comissão Concelhia de Portalegre do PCP temer pelos postos de trabalho dos seus 250 trabalhadores e o futuro da cidade e da região.Para o PCP, são pois muito graves as declarações do ministro da Economia no sentido da...

Creche da Vista Alegre encerra

Criada em meados do século passado, com o objectivo de proporcionar aos filhos dos trabalhadores uma infância «mais acompanhada e protegida», encerrou agora a creche da Fábrica da Vista Alegre. A Célula do PCP nesta empresa considera este encerramento «uma perda concreta de direitos» por parte dos trabalhadores, que...

Quintas & Quintas<br>não honra compromissos

A administração da empresa Quintas & Quintas, da Póvoa do Varzim, está a chamar trabalhadores e a propor-lhes a rescisão dos contratos de trabalho, mudando de funções muitos deles como forma de pressão para que a aceitem. Isto, depois de se ter comprometido com a Câmara Municipal a preservar os postos de trabalho e a...

Esclarecimento prossegue

Inseridas na Campanha Nacional em defesa da Segurança Social pública, também a Organização do PCP a Zona Ocidental de Lisboa realizaram três sessões públicas de esclarecimento, duas nas associações de reformados das freguesias de Alcântara e da Ajuda – CURPIA e CURIFA –, outra nas instalações da Associação de Actividades...

Uma porta aberta <br>para os trabalhadores

Seis anos depois do incêndio que o destruiu, o Centro de Trabalho do PCP de Viana do Castelo reabriu as suas portas. A inauguração realizou-se no sábado, com a participação de Jerónimo de Sousa.