Carrapatos
Carrapato – Carraça, estorvo (Dicionário da Língua Portuguesa)
Os donos do dinheiro voltaram ao convento. Reunidos no Beato, o denominado «Compromisso Portugal» juntou-se para redefinir e ampliar o caderno de encargos dos representares maiores dos principais grupos económicos e financeiros. A coisa merece reflexão. Curto seria concluir que o que ali se decidiu constituiu apenas um passo mais no processo de voragem e parasitagem do país e dos seus recursos que o grande capital, qual carraça sugando o produto dos que produzem, tem em curso. O que ali se ensaiou é uma indisfarçável tentativa de concretização de uma verdadeira OPA do poder económico sobre o poder político e o próprio regime democrático. Para levar a sério, olhando ao conteúdo e alcance das exigências do capital e da solícita atenção que os poderes lhes têm dedicado.
A nova edição do Compromisso Portugal e as suas conclusões são expressão da arrogância e do carácter insaciável do grande capital e, sobretudo, sinal do ânimo que as condições políticas lhe proporciona. Ali, no Beato, estiveram de corpo inteiro, e em comunhão, por mais ensaiadas ausências que se tenham encenado, os interesses do capital e os promotores activos da política de direita – do PS ao PSD, do Governo ao Presidente da República.
Se ilusões houvesse, — ou se por elas alguém tivesse sido tomado por razão de uns tímidos sinais de distanciamento a que o governo foi obrigado perante a excessiva e inconveniente clareza de objectivos enunciados que os ilustres participantes, levados pelo entusiasmo, não contiveram — os promotores do conclave encarregaram-se de as dissipar.
E se Carrapatoso, nome maior da coisa e da Vodafone, lá foi tranquilizando a audiência ao afirmar «ter recebido garantias do interesse do gabinete de José Sócrates», já Paulo Teixeira Pinto, patrão do BCP, enunciou com imbatível lucidez «existirem todas as condições políticas e institucionais para concretizar o que sair do Beato».
Aqui chegados, é altura de — contrariando todos aqueles que, gravitando em redor de uns trocos que sempre sobram do mar de lucros em que navegam os grandes grupos financeiros, se apressaram a louvar os do convento apresentado-os enquanto expressão maior da sociedade civil e motores da retoma económica — deixar duas óbvias anotações: uma, de ordem biológica, para constatar que, carecendo a acção de qualquer parasita de um hospedeiro que a favoreça, a parasitagem do grande capital tem na política de direita o seu principal aliado; outra, de ordem económica, para constatar que o futuro de Portugal, enquanto nação próspera e desenvolvida, tem no grande capital nacional, extensão dos interesses estrangeiros, o principal estorvo para se afirmar.
Os donos do dinheiro voltaram ao convento. Reunidos no Beato, o denominado «Compromisso Portugal» juntou-se para redefinir e ampliar o caderno de encargos dos representares maiores dos principais grupos económicos e financeiros. A coisa merece reflexão. Curto seria concluir que o que ali se decidiu constituiu apenas um passo mais no processo de voragem e parasitagem do país e dos seus recursos que o grande capital, qual carraça sugando o produto dos que produzem, tem em curso. O que ali se ensaiou é uma indisfarçável tentativa de concretização de uma verdadeira OPA do poder económico sobre o poder político e o próprio regime democrático. Para levar a sério, olhando ao conteúdo e alcance das exigências do capital e da solícita atenção que os poderes lhes têm dedicado.
A nova edição do Compromisso Portugal e as suas conclusões são expressão da arrogância e do carácter insaciável do grande capital e, sobretudo, sinal do ânimo que as condições políticas lhe proporciona. Ali, no Beato, estiveram de corpo inteiro, e em comunhão, por mais ensaiadas ausências que se tenham encenado, os interesses do capital e os promotores activos da política de direita – do PS ao PSD, do Governo ao Presidente da República.
Se ilusões houvesse, — ou se por elas alguém tivesse sido tomado por razão de uns tímidos sinais de distanciamento a que o governo foi obrigado perante a excessiva e inconveniente clareza de objectivos enunciados que os ilustres participantes, levados pelo entusiasmo, não contiveram — os promotores do conclave encarregaram-se de as dissipar.
E se Carrapatoso, nome maior da coisa e da Vodafone, lá foi tranquilizando a audiência ao afirmar «ter recebido garantias do interesse do gabinete de José Sócrates», já Paulo Teixeira Pinto, patrão do BCP, enunciou com imbatível lucidez «existirem todas as condições políticas e institucionais para concretizar o que sair do Beato».
Aqui chegados, é altura de — contrariando todos aqueles que, gravitando em redor de uns trocos que sempre sobram do mar de lucros em que navegam os grandes grupos financeiros, se apressaram a louvar os do convento apresentado-os enquanto expressão maior da sociedade civil e motores da retoma económica — deixar duas óbvias anotações: uma, de ordem biológica, para constatar que, carecendo a acção de qualquer parasita de um hospedeiro que a favoreça, a parasitagem do grande capital tem na política de direita o seu principal aliado; outra, de ordem económica, para constatar que o futuro de Portugal, enquanto nação próspera e desenvolvida, tem no grande capital nacional, extensão dos interesses estrangeiros, o principal estorvo para se afirmar.