Portugal precisa de uma nova PAC

«Globalmente mau para Portugal» é como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) classifica o acordo-base para a Reforma da PAC. Mau porque prevê baixa nos preços à produção, sobretudo para o leite; acelera o desligamento das ajudas directas da produção e introduz o princípio da redução progressiva dessas ajudas; não estabelece uma verdadeira modelação; acentua a liberalização das trocas comerciais; e mantém o tecto orçamental já previsto para o Orçamento Agrícola da UE desde a Agenda 2000, o que considerando a entrada de mais dez estados-membros significa «ainda menos dinheiro "europeu"».
A aplicação deste acordo-base vai pois trazer, segundo a CNA, «a redução dos rendimentos dos agricultores e da produção agrícola portuguesa; a ruína das explorações familiares e do mundo rural português; o aumento das importações sem controlo; a sucessão de mais desastres e escândalos alimentares; o agravamento do já insuportável défice agro-alimentar do País».
As vitórias do Governo são «migalhas», afirma a CNA, que diz sobre a manutenção, embora regressiva, da «franquia» de 73 mil toneladas de quota leiteira para os Açores e a possibilidade de a quota nacional vir a aumentar em apenas 50 mil toneladas após 2005, que «aliviam a situação presente mas não satisfazem as reais necessidades do País».
«Não é esta mas uma nova PAC que Portugal precisa», sublinha a CNA reclamando do Governo medidas para enfrentar as más consequências que dela resultam.


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