«Intervenham neste debate»
Num encontro com reformados em Alhandra, o secretário-geral do PCP apelou aos reformados e suas associações para que se mobilizem contra as medidas do Governo em relação à Segurança Social.
«É através da luta que se poderá travar esta ofensiva»
No âmbito da campanha do PCP «Direito à reforma – As pensões não podem baixar», Jerónimo de Sousa esteve em Alhandra, no passado dia 7, num encontro com reformados. O secretário-geral do PCP explicitou os objectivos da acção e deixou um apelo aos reformados e às suas associações: «Intervenham de forma própria neste debate; avaliem o que está em causa com estas medidas; apelem aos outros reformados, pensionistas e idosos para tomarem partido em defesa dos seus direitos.» E também das futuras gerações de reformados, afirmou.
Jerónimo de Sousa expressou ainda uma convicção profunda: de que «é através da luta que se poderá travar esta ofensiva contra a redução de direitos na Segurança Social e contra o aprofundamento das injustiças e da pobreza».
Acusando o Governo de, com as suas propostas, procurar impor o aumento da idade de reforma e a redução contínua do valor das reformas para todos os trabalhadores que se reformem já a partir de 2007, Jerónimo de Sousa considerou estar em marcha um «duro golpe numa importante conquista civilizacional de quem trabalha – o direito à reforma e a uma pensão digna». Isto constitui, para o dirigente comunista, uma «ilegítima e injusta opção que penaliza os trabalhadores». É, garante, um «inaceitável caminho de regresso ao tempo em que as pessoas eram obrigadas a trabalhar até ao limite das suas forças».
Contra os actuais reformados
Mas não são apenas as futuras gerações de reformados a serem postas em causa com estas medidas propostas pelo Governo, alertou Jerónimo de Sousa. Trata-se de uma ameaça, hoje, às condições de vida dos reformados, pensionistas e idosos, sustentou.
«Desde logo, com a proposta de alteração do critério de actualização anual das pensões», sujeitando-as a critérios macro-económicos, isto é, «da evolução da economia do País, nomeadamente do Produto Interno Bruto». Critérios que, lembrou, são da responsabilidade do Governo e das empresas. Aplicando esta regra, há reformas «nomeadamente aquelas que são superiores a um salário mínimo nacional e meio que correm o risco que jamais terem actualizações superiores à inflação».
Actualmente, recordou o dirigente comunista, 85 em cada 100 reformados recebem uma pensão inferior ao salário mínimo nacional, enquanto que a pensão média de velhice recebida pelas mulheres correspondia apenas a 60,9 por cento da pensão média dos homens. Esta pensão média recebida pelas mulheres ronda, este ano, os 248 euros, um valor inferior ao limiar da pobreza, denunciou o secretário-geral do PCP.
Para Jerónimo de Sousa, estes números mostram uma «preocupante situação de pobreza» que o PS prometeu combater, nomeadamente através daquilo que então chamou «complemento solidário para idosos». Esta proposta deveria fazer com que nenhuma pessoa com mais de 65 anos viveria com menos de 300 euros. Mas a realidade é bem diferente. E o PS, agora no Governo, vem impor para o cálculo deste complemento a entrada do rendimento dos filhos, «independentemente do idoso viver ou não autonomamente e independente dos seus familiares». «Ao contrário das expectativas criadas na campanha eleitoral, o que temos visto é a criação de um mar de dificuldades na sua concretização», acusou.
Discurso directo
Na sessão em Alhandra, na qual participou o secretário-geral do PCP, muitos dos presentes quiseram mostrar as suas preocupações acerca das medidas do Governo relativamente à Segurança Social. Aqui ficam alguns dos testemunhos.
«O que é que este Governo quer dar aos trabalhadores e reformados deste país? A miséria, a caridade, como no tempo de Salazar?»
Maria Deolinda Jesus
«Passámos a vida a criar riqueza para os patrões. E querem agora que, quando chegarmos à reforma, sejam os nossos filhos a sustentar-nos.»
Neves Carvalho
«Querem prolongar o tempo de trabalho, mas os empregadores querem pessoas até aos 35 anos. Como é isto?»
Neves Carvalho
«Há 44 anos que desconto para a Segurança Social e quando fizer os 65 anos terei 49 anos de descontos. Muitas vezes me interrogo: como será a minha reforma?»
Luísa Vitorino Gomes
«Trabalhei no activo 39 anos e fui obrigada a vir para casa pré-reformada após 18 meses a cumprir o horário de trabalho sem me darem nada para fazer, fechada num gabinete na central telefónica de Chelas.»
Luísa Vitorino Gomes
«O dinheiro foi descontado e não pode ser o aumento da esperança de vida a fazer as reformas às pessoas»
Luísa Vitorino Gomes
«Também existe um desvio, dizem eles (eu chamo-lhe rombo), no fundo de pensões da PT, de milhões de euros. É dinheiro dos trabalhadores que os administradores usaram sem prestarem contas. Usaram-no em quê?»
Luísa Vitorino Gomes
«Sou operária têxtil no desemprego, inscrita há mais de treze anos para trabalhar e nunca me chamaram, apesar de me darem “cursos de formação”.»
Ana Maria Belchior
(depoimento entregue na mesa)
Jerónimo de Sousa expressou ainda uma convicção profunda: de que «é através da luta que se poderá travar esta ofensiva contra a redução de direitos na Segurança Social e contra o aprofundamento das injustiças e da pobreza».
Acusando o Governo de, com as suas propostas, procurar impor o aumento da idade de reforma e a redução contínua do valor das reformas para todos os trabalhadores que se reformem já a partir de 2007, Jerónimo de Sousa considerou estar em marcha um «duro golpe numa importante conquista civilizacional de quem trabalha – o direito à reforma e a uma pensão digna». Isto constitui, para o dirigente comunista, uma «ilegítima e injusta opção que penaliza os trabalhadores». É, garante, um «inaceitável caminho de regresso ao tempo em que as pessoas eram obrigadas a trabalhar até ao limite das suas forças».
Contra os actuais reformados
Mas não são apenas as futuras gerações de reformados a serem postas em causa com estas medidas propostas pelo Governo, alertou Jerónimo de Sousa. Trata-se de uma ameaça, hoje, às condições de vida dos reformados, pensionistas e idosos, sustentou.
«Desde logo, com a proposta de alteração do critério de actualização anual das pensões», sujeitando-as a critérios macro-económicos, isto é, «da evolução da economia do País, nomeadamente do Produto Interno Bruto». Critérios que, lembrou, são da responsabilidade do Governo e das empresas. Aplicando esta regra, há reformas «nomeadamente aquelas que são superiores a um salário mínimo nacional e meio que correm o risco que jamais terem actualizações superiores à inflação».
Actualmente, recordou o dirigente comunista, 85 em cada 100 reformados recebem uma pensão inferior ao salário mínimo nacional, enquanto que a pensão média de velhice recebida pelas mulheres correspondia apenas a 60,9 por cento da pensão média dos homens. Esta pensão média recebida pelas mulheres ronda, este ano, os 248 euros, um valor inferior ao limiar da pobreza, denunciou o secretário-geral do PCP.
Para Jerónimo de Sousa, estes números mostram uma «preocupante situação de pobreza» que o PS prometeu combater, nomeadamente através daquilo que então chamou «complemento solidário para idosos». Esta proposta deveria fazer com que nenhuma pessoa com mais de 65 anos viveria com menos de 300 euros. Mas a realidade é bem diferente. E o PS, agora no Governo, vem impor para o cálculo deste complemento a entrada do rendimento dos filhos, «independentemente do idoso viver ou não autonomamente e independente dos seus familiares». «Ao contrário das expectativas criadas na campanha eleitoral, o que temos visto é a criação de um mar de dificuldades na sua concretização», acusou.
Discurso directo
Na sessão em Alhandra, na qual participou o secretário-geral do PCP, muitos dos presentes quiseram mostrar as suas preocupações acerca das medidas do Governo relativamente à Segurança Social. Aqui ficam alguns dos testemunhos.
«O que é que este Governo quer dar aos trabalhadores e reformados deste país? A miséria, a caridade, como no tempo de Salazar?»
Maria Deolinda Jesus
«Passámos a vida a criar riqueza para os patrões. E querem agora que, quando chegarmos à reforma, sejam os nossos filhos a sustentar-nos.»
Neves Carvalho
«Querem prolongar o tempo de trabalho, mas os empregadores querem pessoas até aos 35 anos. Como é isto?»
Neves Carvalho
«Há 44 anos que desconto para a Segurança Social e quando fizer os 65 anos terei 49 anos de descontos. Muitas vezes me interrogo: como será a minha reforma?»
Luísa Vitorino Gomes
«Trabalhei no activo 39 anos e fui obrigada a vir para casa pré-reformada após 18 meses a cumprir o horário de trabalho sem me darem nada para fazer, fechada num gabinete na central telefónica de Chelas.»
Luísa Vitorino Gomes
«O dinheiro foi descontado e não pode ser o aumento da esperança de vida a fazer as reformas às pessoas»
Luísa Vitorino Gomes
«Também existe um desvio, dizem eles (eu chamo-lhe rombo), no fundo de pensões da PT, de milhões de euros. É dinheiro dos trabalhadores que os administradores usaram sem prestarem contas. Usaram-no em quê?»
Luísa Vitorino Gomes
«Sou operária têxtil no desemprego, inscrita há mais de treze anos para trabalhar e nunca me chamaram, apesar de me darem “cursos de formação”.»
Ana Maria Belchior
(depoimento entregue na mesa)