«De Israel, com amor»
A fotografia era um murro no estomâgo, arrumada na edição de 18 de Julho do Público, nas páginas dedicadas a Israel e ao Líbano. Para quem não a viu, impressa ou reproduzida agora aos milhares na internet, fica uma tentativa de descrição: em primeiro plano, uma menina de cabelo claro e encaracolado, preso em totós, escreve com um marcador num objecto que parece um míssil ou uma bomba. Atrás dela, outras duas meninas, igualmente doces, olham e sorriem. Uma segura uma máquina fotográfica na mão. Mais ao fundo, em cima de um tanque, há um soldado que contempla a cena.
A legenda explica-nos que são meninas israelitas, que vivem paredes meias com o sul do Líbano, e que escreveram nos mísseis mensagens que decerto ninguém do lado de lá da fronteira pôde ler.
De tão forte que é, dói olhar para a fotografia e para a candura das meninas, a escrever em bombas que irão matar, ou ferir, ou deixar orfãs, ou desalojadas, ou traumatizadas para sempre, crianças iguais a elas. Dói imaginar o que lhes terão dito sobre o efeito das bombas que cairão no Líbano. Dói imaginar como crescerão, a achar normal e bom que as bombas do seu país destruam casas, terras de cultivo, estradas, aeroportos, vidas de pessoas.
A fotografia foi tirada por um fotojornalista israelita da agência Associated Press, Sebastien Scheiner, no dia 17 de Julho de 2006, na localidade de Kiryat Shaman. Sabe-se que as crianças tinham estado nos cinco dias anteriores refugiadas num abrigo subterrâneo com as famílias e que naquele dia chegou uma nova unidade do exército israelita, acompanhada de jornalistas. Sabe-se que os adultos escreveram mensagens de ódio ao Hezbollah e que de seguida passaram os marcadores às meninas.
A fotografia foi reproduzida e discutida em todo o mundo. Para uns, crianças criadas para a cegueira do ódio. Para outros, crianças inocentes que vivem num país, Israel, onde é proibido mostrar os corpos que sobram depois das bombas e onde lhes mostram à exaustão meninos palestinianos com cintos de explosivos – a justificar o facto de estarem presas nas cadeias israelitas centenas de crianças e jovens da Palestina.
Para muitos, a fotografia é um gigantesco punho cerrado a exigir paz, independência, liberdade, soberania. A condenar a agressão israelita e a hipocrisia dos EUA, que chamam ao cessar-fogo uma «falsa promessa» e autorizam mais bombardeamentos e mortes.
A legenda explica-nos que são meninas israelitas, que vivem paredes meias com o sul do Líbano, e que escreveram nos mísseis mensagens que decerto ninguém do lado de lá da fronteira pôde ler.
De tão forte que é, dói olhar para a fotografia e para a candura das meninas, a escrever em bombas que irão matar, ou ferir, ou deixar orfãs, ou desalojadas, ou traumatizadas para sempre, crianças iguais a elas. Dói imaginar o que lhes terão dito sobre o efeito das bombas que cairão no Líbano. Dói imaginar como crescerão, a achar normal e bom que as bombas do seu país destruam casas, terras de cultivo, estradas, aeroportos, vidas de pessoas.
A fotografia foi tirada por um fotojornalista israelita da agência Associated Press, Sebastien Scheiner, no dia 17 de Julho de 2006, na localidade de Kiryat Shaman. Sabe-se que as crianças tinham estado nos cinco dias anteriores refugiadas num abrigo subterrâneo com as famílias e que naquele dia chegou uma nova unidade do exército israelita, acompanhada de jornalistas. Sabe-se que os adultos escreveram mensagens de ódio ao Hezbollah e que de seguida passaram os marcadores às meninas.
A fotografia foi reproduzida e discutida em todo o mundo. Para uns, crianças criadas para a cegueira do ódio. Para outros, crianças inocentes que vivem num país, Israel, onde é proibido mostrar os corpos que sobram depois das bombas e onde lhes mostram à exaustão meninos palestinianos com cintos de explosivos – a justificar o facto de estarem presas nas cadeias israelitas centenas de crianças e jovens da Palestina.
Para muitos, a fotografia é um gigantesco punho cerrado a exigir paz, independência, liberdade, soberania. A condenar a agressão israelita e a hipocrisia dos EUA, que chamam ao cessar-fogo uma «falsa promessa» e autorizam mais bombardeamentos e mortes.