O agravamento da tensão na Coreia
Destaque: As classes dominantes querem roubar-nos a perspectiva e a confiança na vitória
Tal como na Palestina, em Timor-Leste ou qualquer outra situação de aguda confrontação, também em relação à Coreia é fundamental contrariar a desinformação, com que se procura transformar as vítimas em agressores, sem um mínimo de enquadramento histórico. Só desse modo será possível derrotar a visão atomisada, caótica e maniqueísta da vida internacional que acompanha a ofensiva imperialista de exploração, opressão e guerra.
Vem isto a propósito da escalada de tensão que uma vez mais irrompeu na Península da Coreia. Com o pretexto de ensaios balísticos pela República Popular Democrática da Coréia, ensaios que as grandes potências e seus aliados se arrogam o direito de fazer quando e como bem entendem mas que negam àqueles países que querem submeter, os EUA agitam o espantalho do «eixo do mal» e procuram a todo o custo que o C.S. da ONU aprove sanções contra a RPDC, que esta por sua vez considera uma «declaração de guerra». E enquanto o governo de Tóquio chega ao ponto de ameaçar com um «ataque preventivo», desenvolvem-se pressões sobre a China e a Rússia que defendem que as disputas na Península coreana devem ser resolvidos por meios políticos e não pela via do estrangulamento económico e da ameaça militar.
Que leva os EUA e o Japão a escolher este momento para elevar tão alto o tom das ameaças? Manobra de diversão perante a crescente resistência no Iraque e no Afeganistão? Contornar dificuldades na ofensiva contra o Irão, apesar da servil colaboração da União Europeia? Afastar as atenções dos monstruosos crimes de Israel na Palestina? Acrescentar um novo degrau na sofisticada política de «cerco» à China perante o seu crescente papel na cena internacional? Cobertura para um novo salto do militarismo japonês e reforço da aliança estratégica nipo-norte americana? Esperemos pela resposta dos factos. Por agora o mais importante para o PCP, para lá de conhecidas diferenças de prática e projecto de sociedade, é combater a habitual campanha de diabolização da RPDC que tem sido uma peça central na estratégia do imperialismo norte-americano no Extremo Oriente.
Coreia. País milenário e uma das civilizações mais antigas. Ocupada após a guerra russo-japonesa de 1905, torna-se numa colónia do Japão, fonte de trabalho forçado para a indústria nipónica e base para a invasão da China em 1937 abrindo caminho à 2ª Guerra Mundial. Resistência, guerra de libertação e expulsão das tropas japonesas da Península. Mas a sul do paralelo 38 os EUA instalam o governo fascizante de Syngman Rhee. A RPDC fundada em 1948 fica circunscrita à parte norte do país. Instala-se uma situação de divisão e tensão alimentada pela «guerra fria». Com o triunfo da revolução chinesa em Outubro de 1949 a política de «contenção do comunismo» torna-se ainda mais agressiva. Em 25 de Junho de 1950 estala uma guerra que a intervenção militar norte-americana torna particularmente mortífera e que só terminaria três anos depois com um armistício. Até hoje. A Coreia fica dividida. A reunificação pacífica em que a RPDC sempre se empenhou é sistemáticamente sabotada. Os EUA instalam no Sul bases militares e armas nucleares com que ameaçam o Norte e a própria URSS. No Sul, revoltas populares, como em Kwanju, são violentamente reprimidas e ao longo de toda a linha de demarcação é erguido um muro intransponível. Anos e anos de propostas, negociações, entendimentos, rupturas. A RPDC é forçada a acordos sobre a produção de energia nuclear que os EUA não cumprem levando a Coreia do Norte a retomar o processo pelos seus próprios meios. Vem Bush, o «eixo do mal», novas ameaças, escalada de tensão.
Desculpem-se as lacunas e o esquematismo e retenha-se o essencial. Nunca como hoje foi tão necessário o conhecimento da História. Tentando roubar-nos a memória as classes dominantes querem roubar-nos a perspectiva e a confiança na vitória, querem dividir as forças anti-imperialistas e enfraquecer a solidariedade internacionalista. E isso os comunistas portugueses jamais aceitarão.
Seja qual for a sua complexidade, a solução dos graves problemas da Coreia deverá ser política, com respeito pela vontade soberana do povo coreano e na perspectiva da reunificação da sua pátria.
Vem isto a propósito da escalada de tensão que uma vez mais irrompeu na Península da Coreia. Com o pretexto de ensaios balísticos pela República Popular Democrática da Coréia, ensaios que as grandes potências e seus aliados se arrogam o direito de fazer quando e como bem entendem mas que negam àqueles países que querem submeter, os EUA agitam o espantalho do «eixo do mal» e procuram a todo o custo que o C.S. da ONU aprove sanções contra a RPDC, que esta por sua vez considera uma «declaração de guerra». E enquanto o governo de Tóquio chega ao ponto de ameaçar com um «ataque preventivo», desenvolvem-se pressões sobre a China e a Rússia que defendem que as disputas na Península coreana devem ser resolvidos por meios políticos e não pela via do estrangulamento económico e da ameaça militar.
Que leva os EUA e o Japão a escolher este momento para elevar tão alto o tom das ameaças? Manobra de diversão perante a crescente resistência no Iraque e no Afeganistão? Contornar dificuldades na ofensiva contra o Irão, apesar da servil colaboração da União Europeia? Afastar as atenções dos monstruosos crimes de Israel na Palestina? Acrescentar um novo degrau na sofisticada política de «cerco» à China perante o seu crescente papel na cena internacional? Cobertura para um novo salto do militarismo japonês e reforço da aliança estratégica nipo-norte americana? Esperemos pela resposta dos factos. Por agora o mais importante para o PCP, para lá de conhecidas diferenças de prática e projecto de sociedade, é combater a habitual campanha de diabolização da RPDC que tem sido uma peça central na estratégia do imperialismo norte-americano no Extremo Oriente.
Coreia. País milenário e uma das civilizações mais antigas. Ocupada após a guerra russo-japonesa de 1905, torna-se numa colónia do Japão, fonte de trabalho forçado para a indústria nipónica e base para a invasão da China em 1937 abrindo caminho à 2ª Guerra Mundial. Resistência, guerra de libertação e expulsão das tropas japonesas da Península. Mas a sul do paralelo 38 os EUA instalam o governo fascizante de Syngman Rhee. A RPDC fundada em 1948 fica circunscrita à parte norte do país. Instala-se uma situação de divisão e tensão alimentada pela «guerra fria». Com o triunfo da revolução chinesa em Outubro de 1949 a política de «contenção do comunismo» torna-se ainda mais agressiva. Em 25 de Junho de 1950 estala uma guerra que a intervenção militar norte-americana torna particularmente mortífera e que só terminaria três anos depois com um armistício. Até hoje. A Coreia fica dividida. A reunificação pacífica em que a RPDC sempre se empenhou é sistemáticamente sabotada. Os EUA instalam no Sul bases militares e armas nucleares com que ameaçam o Norte e a própria URSS. No Sul, revoltas populares, como em Kwanju, são violentamente reprimidas e ao longo de toda a linha de demarcação é erguido um muro intransponível. Anos e anos de propostas, negociações, entendimentos, rupturas. A RPDC é forçada a acordos sobre a produção de energia nuclear que os EUA não cumprem levando a Coreia do Norte a retomar o processo pelos seus próprios meios. Vem Bush, o «eixo do mal», novas ameaças, escalada de tensão.
Desculpem-se as lacunas e o esquematismo e retenha-se o essencial. Nunca como hoje foi tão necessário o conhecimento da História. Tentando roubar-nos a memória as classes dominantes querem roubar-nos a perspectiva e a confiança na vitória, querem dividir as forças anti-imperialistas e enfraquecer a solidariedade internacionalista. E isso os comunistas portugueses jamais aceitarão.
Seja qual for a sua complexidade, a solução dos graves problemas da Coreia deverá ser política, com respeito pela vontade soberana do povo coreano e na perspectiva da reunificação da sua pátria.