Bandeira Expresso & Bes
Há alguns anos, a interpretação do hino nacional em tom de rock, num programa de televisão, quase fez cair o Carmo e a Trindade, tantas e tão indignadas foram as reacções perante o «sacrilégio» de tal liberdade artística. Não foi assim há tanto tempo, mas parece ter passado uma eternidade a julgar pela mudança entretanto registada na mentalidade vigente.
Graças ao futebol e à multiplicidade de interesses e emoções que lhe está associada, os símbolos nacionais entraram na moda, qual argamassa a ligar o que parece ser a única manifestação desejável de nacionalismo.
Não há tasca, bar, restaurante, loja, beco ou avenida que se preze que não tenha uma bandeira nacional. A diferença, se existe, está na qualidade do pano, no tamanho, nos pagodes em lugar dos castelos a denunciar o compreensível lapso chinês na pressa da primeira leva de milhões de bandeiras para o Europeu de 2004, e nas inovações entretanto ditadas pelo mercado. É o caso da bandeira oferecida este 10 de Junho pelo semanário Expresso, de bom tamanho e melhor tecido, que ostenta no canto inferior direito, qual ponta do véu que se desvenda em benefício do cliente, a identificação dos seus altos patrocinadores: «Banco Espírito Santo & Expresso».
Este testemunho insólito da exuberante aliança Bes/Balsemão – os mesmos que patrocinaram a ida ao Jamor de milhares de mulheres para cumprirem o desígnio nacional de formar uma bandeira humana – poderia, noutros tempos, chocar os espíritos mais sensíveis que ainda pensam que a bandeira nacional é o símbolo por excelência de qualquer país e que portanto deve estar acima de mesquinhos interesses particulares.
Não é o caso nos dias de hoje, em que ‘A Portuguesa’ já não só pode como por ventura deve ser cantada ao som do money, Money e a bandeira serve para embrulhar qualquer anúncio. A prová-lo está o facto de a utilização abusiva da bandeira nacional para fins comerciais não ter suscitado nenhum prurido ou crítica, o que de resto não deve ser alheio ao «desempenho» do Bes: 105,1 milhões de euros de lucro no primeiro trimestre de 2006, o que representa um acréscimo de 31 por cento em relação a igual período de 2005.
Tais resultados em período de crise – ou justamente devido à crise? – comprovam que o pseudo nacionalismo pode ser rentável e que mesmo onde não há ricos patriotas há sempre sem dúvida ‘patriotas’ ricos.
Graças ao futebol e à multiplicidade de interesses e emoções que lhe está associada, os símbolos nacionais entraram na moda, qual argamassa a ligar o que parece ser a única manifestação desejável de nacionalismo.
Não há tasca, bar, restaurante, loja, beco ou avenida que se preze que não tenha uma bandeira nacional. A diferença, se existe, está na qualidade do pano, no tamanho, nos pagodes em lugar dos castelos a denunciar o compreensível lapso chinês na pressa da primeira leva de milhões de bandeiras para o Europeu de 2004, e nas inovações entretanto ditadas pelo mercado. É o caso da bandeira oferecida este 10 de Junho pelo semanário Expresso, de bom tamanho e melhor tecido, que ostenta no canto inferior direito, qual ponta do véu que se desvenda em benefício do cliente, a identificação dos seus altos patrocinadores: «Banco Espírito Santo & Expresso».
Este testemunho insólito da exuberante aliança Bes/Balsemão – os mesmos que patrocinaram a ida ao Jamor de milhares de mulheres para cumprirem o desígnio nacional de formar uma bandeira humana – poderia, noutros tempos, chocar os espíritos mais sensíveis que ainda pensam que a bandeira nacional é o símbolo por excelência de qualquer país e que portanto deve estar acima de mesquinhos interesses particulares.
Não é o caso nos dias de hoje, em que ‘A Portuguesa’ já não só pode como por ventura deve ser cantada ao som do money, Money e a bandeira serve para embrulhar qualquer anúncio. A prová-lo está o facto de a utilização abusiva da bandeira nacional para fins comerciais não ter suscitado nenhum prurido ou crítica, o que de resto não deve ser alheio ao «desempenho» do Bes: 105,1 milhões de euros de lucro no primeiro trimestre de 2006, o que representa um acréscimo de 31 por cento em relação a igual período de 2005.
Tais resultados em período de crise – ou justamente devido à crise? – comprovam que o pseudo nacionalismo pode ser rentável e que mesmo onde não há ricos patriotas há sempre sem dúvida ‘patriotas’ ricos.