Bandeireiros
Por este tempo mole e incendiado de um Verão que ainda não começou e já faz estragos no País, uma certa loucura, que arde como um fogo posto – porque não é consequência de causas naturais – faz com que, mais uma vez, proliferem as bandeiras nacionais um pouco por toda a parte. Vêmo-las por aí penduradas nas janelas ou drapejando nos automóveis. E, se sairmos deste canto ocidental da Europa, continuaremos a vê-las, em bonés, cachecóis e T-shirts por essa Europa fora, lá onde a emigração portuguesa faz valer um trabalho que por cá escasseia.
E interrogamo-nos acerca deste sobressalto nacionalista, sabendo bem que se não trata de um sentimento profundo de gosto pelo desporto ou de amor à Pátria. Será apenas um reflexo de «mercado», resposta à propaganda orquestrada para que o futebol continue a ser um bom negócio para uns poucos. E, sobretudo, para que esta vaga de bandeiras e de entusiasmos ardentes faça esquecer o gelo da política de direita que promove os despedimentos, o desemprego e o trabalho precário e empurra milhares para a emigração. Que retira direitos. Que diminui salários reais enquanto os lucros sobem nas bolsas dos grandes do capital. Que rouba na saúde e na habitação, que saqueia o ensino e destrói o Estado social para engordar privados.
Orgulho patriótico? Nada disso. Aliás, um campeonato, mesmo mundial, não vale a histeria, vale apenas a simpatia que nos merece a selecção que representa Portugal e que nos leva a quase todos a torcer por um bom resultado.
Mas não é assim que nos querem ver. Querem-nos a todos aos berros, embrulhados em bandeiras, agressivos e doidos. Pretendem apagar-nos da memória e das convicções o patriotismo que nos leva a lutar por um Portugal melhor. E inventar para nós um nacionalismo que o fascismo derrubado cultivou ao longo de meio século e que em boa hora o povo português soube erradicar.
Ao mesmo tempo, as televisões servem-nos a toda a hora a propaganda de minúsculos bandos nazis que, sem implantação nas massas, parasitam o futebol, seguindo na esteira da histeria clubista ou nacional e já – fartamente anunciados – pretendem engrossar manifestações como as dos polícias que lutam pelos seus direitos.
Cuidado com estas misturas.
E interrogamo-nos acerca deste sobressalto nacionalista, sabendo bem que se não trata de um sentimento profundo de gosto pelo desporto ou de amor à Pátria. Será apenas um reflexo de «mercado», resposta à propaganda orquestrada para que o futebol continue a ser um bom negócio para uns poucos. E, sobretudo, para que esta vaga de bandeiras e de entusiasmos ardentes faça esquecer o gelo da política de direita que promove os despedimentos, o desemprego e o trabalho precário e empurra milhares para a emigração. Que retira direitos. Que diminui salários reais enquanto os lucros sobem nas bolsas dos grandes do capital. Que rouba na saúde e na habitação, que saqueia o ensino e destrói o Estado social para engordar privados.
Orgulho patriótico? Nada disso. Aliás, um campeonato, mesmo mundial, não vale a histeria, vale apenas a simpatia que nos merece a selecção que representa Portugal e que nos leva a quase todos a torcer por um bom resultado.
Mas não é assim que nos querem ver. Querem-nos a todos aos berros, embrulhados em bandeiras, agressivos e doidos. Pretendem apagar-nos da memória e das convicções o patriotismo que nos leva a lutar por um Portugal melhor. E inventar para nós um nacionalismo que o fascismo derrubado cultivou ao longo de meio século e que em boa hora o povo português soube erradicar.
Ao mesmo tempo, as televisões servem-nos a toda a hora a propaganda de minúsculos bandos nazis que, sem implantação nas massas, parasitam o futebol, seguindo na esteira da histeria clubista ou nacional e já – fartamente anunciados – pretendem engrossar manifestações como as dos polícias que lutam pelos seus direitos.
Cuidado com estas misturas.