E Israel?
Os EUA sabiam já em 1968 que Israel dispunha de armas nucleares
Prossegue a ofensiva político-mediática contra o Irão. Fala-se em sanções da ONU e vai-se preparando o terreno para um ataque militar. Mas documentos oficiais dos EUA agora tornados públicos revelam que, nesta como noutras matérias, há filhos e há enteados.
O Instituto National Security Archive da Universidade George Washington, na capital dos EUA, disponibilizou na Internet ( www.nsarchive.org ) alguns documentos oficiais sobre o «debate altamente secreto, durante o primeiro ano da Presidência Nixon [1969], relativo ao programa nuclear de Israel. Falando em termos gerais, o debate incidia sobre se era – política e tecnicamente - viável para o Governo Nixon tentar impedir que Israel ultrapassase o limiar nuclear». Neste caso, o «limiar nuclear» refere-se mesmo à posse de armas nucleares e não apenas ao desenvolvimento de centrais de produção de energia nuclear. Embora o principal documento sobre o tema, o chamado Memorando sobre o Estudo de Segurança Nacional nº40 (NSSM 40), permaneça em segredo de Estado, os documentos agora divulgados (e que são analisados num artigo no número de Maio/Junho de 2006 do Bulletin of the Atomic Scientists – www.thebulletin.org) fornecem um quadro esclarecedor da história. E a história é que os EUA sabiam já em 1968 que Israel dispunha de armas nucleares. Decidiram nada fazer para o impedir. Nem mesmo ameaçar com a suspensão da venda a Israel dos (na altura) modernos aviões de combate F-4. Pelo contrário, decidiram parar com as inspecções anuais que vinham realizando ao complexo nuclear israelita de Dimona.
Enquanto se realizava esse “debate” nos corredores do poder, a imagem pública era outra. Em 1 de Julho de 1968 tinha sido formalmente assinado o Tratado de Não Proliferação Nuclear (NPT). Entre os 62 países primeiros signatários estavam os EUA. O Tratado tem como objectivo impedir que novos países venham a adquirir armas nucleares, embora permita a qualquer país signatário construir centrais de energia nuclear. Ainda a tinta da assinatura dos EUA estava fresca e já esse país era conivente com a proliferação de armas nucleares israelitas.
Israel nunca assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear. O Irão sim. É esse Tratado que confere à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) poderes de inspecção aos complexos nucleares dos países signatários, para confirmar que apenas haja utilização de energia nuclear para fins pacíficos. Até hoje a AIEA nunca acusou o Irão de ter violado o acordo. Até a recente escalada das ameaças norte-americanas, o Irão sempre permitiu as inspecções da AIEA, e afirma-se pronto a continuar assim desde que cessem as ameaças. Israel nunca foi alvo de inspecções da AIEA. Ao contrário do Irão, Israel viola sistematicamente, e desde há 60 anos, inúmeras resoluções da ONU (que apenas não são mais porque o Grande Padrinho norte-americano dispõe de direito de veto no Conselho de Segurança). Ao contrário do Irão, Israel tem atacado e ocupado militarmente quase todos os seus países vizinhos. E se é verdade que o Presidente iraniano proferiu recentemente declarações questionando o direito à existência de Israel, a verdade é que – pela guerra, pela ocupação militar, pela violência mais incontrolada e desmedida – Israel nega na prática (não apenas em palavras) e desde há seis décadas, a existência de um Estado independente e soberano da Palestina.
Mas os EUA e a União Europeia ameaçam é o Irão. Segundo a revista The New Yorker (17.04.06) discute-se mesmo no governo dos EUA um criminoso ataque nuclear contra o Irão. O jornal britânico The Independent (07.05.06) diz que o até agora Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jack Straw, terá perdido o emprego por ter dito publicamente que isso seria «uma loucura». E enquanto isso, a potência nuclear israelita continua a cometer os seus crimes de muitas décadas, sem sequer haver um reconhecimento oficial de que é, desde há 40 anos, detentora de armas de destruição em massa.
O Instituto National Security Archive da Universidade George Washington, na capital dos EUA, disponibilizou na Internet ( www.nsarchive.org ) alguns documentos oficiais sobre o «debate altamente secreto, durante o primeiro ano da Presidência Nixon [1969], relativo ao programa nuclear de Israel. Falando em termos gerais, o debate incidia sobre se era – política e tecnicamente - viável para o Governo Nixon tentar impedir que Israel ultrapassase o limiar nuclear». Neste caso, o «limiar nuclear» refere-se mesmo à posse de armas nucleares e não apenas ao desenvolvimento de centrais de produção de energia nuclear. Embora o principal documento sobre o tema, o chamado Memorando sobre o Estudo de Segurança Nacional nº40 (NSSM 40), permaneça em segredo de Estado, os documentos agora divulgados (e que são analisados num artigo no número de Maio/Junho de 2006 do Bulletin of the Atomic Scientists – www.thebulletin.org) fornecem um quadro esclarecedor da história. E a história é que os EUA sabiam já em 1968 que Israel dispunha de armas nucleares. Decidiram nada fazer para o impedir. Nem mesmo ameaçar com a suspensão da venda a Israel dos (na altura) modernos aviões de combate F-4. Pelo contrário, decidiram parar com as inspecções anuais que vinham realizando ao complexo nuclear israelita de Dimona.
Enquanto se realizava esse “debate” nos corredores do poder, a imagem pública era outra. Em 1 de Julho de 1968 tinha sido formalmente assinado o Tratado de Não Proliferação Nuclear (NPT). Entre os 62 países primeiros signatários estavam os EUA. O Tratado tem como objectivo impedir que novos países venham a adquirir armas nucleares, embora permita a qualquer país signatário construir centrais de energia nuclear. Ainda a tinta da assinatura dos EUA estava fresca e já esse país era conivente com a proliferação de armas nucleares israelitas.
Israel nunca assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear. O Irão sim. É esse Tratado que confere à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) poderes de inspecção aos complexos nucleares dos países signatários, para confirmar que apenas haja utilização de energia nuclear para fins pacíficos. Até hoje a AIEA nunca acusou o Irão de ter violado o acordo. Até a recente escalada das ameaças norte-americanas, o Irão sempre permitiu as inspecções da AIEA, e afirma-se pronto a continuar assim desde que cessem as ameaças. Israel nunca foi alvo de inspecções da AIEA. Ao contrário do Irão, Israel viola sistematicamente, e desde há 60 anos, inúmeras resoluções da ONU (que apenas não são mais porque o Grande Padrinho norte-americano dispõe de direito de veto no Conselho de Segurança). Ao contrário do Irão, Israel tem atacado e ocupado militarmente quase todos os seus países vizinhos. E se é verdade que o Presidente iraniano proferiu recentemente declarações questionando o direito à existência de Israel, a verdade é que – pela guerra, pela ocupação militar, pela violência mais incontrolada e desmedida – Israel nega na prática (não apenas em palavras) e desde há seis décadas, a existência de um Estado independente e soberano da Palestina.
Mas os EUA e a União Europeia ameaçam é o Irão. Segundo a revista The New Yorker (17.04.06) discute-se mesmo no governo dos EUA um criminoso ataque nuclear contra o Irão. O jornal britânico The Independent (07.05.06) diz que o até agora Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jack Straw, terá perdido o emprego por ter dito publicamente que isso seria «uma loucura». E enquanto isso, a potência nuclear israelita continua a cometer os seus crimes de muitas décadas, sem sequer haver um reconhecimento oficial de que é, desde há 40 anos, detentora de armas de destruição em massa.