A boca que foge para a verdade…
O Ministro da Saúde tem-se visto aflito para explicar a ideia de encerrar maternidades. Como o argumento dos “sacrifícios” é demasiado chocante quando aplicado a grávidas e bebés, tentou outro. A ideia de que os profissionais que trabalham em maternidades com menos de 1500 partos por ano perdem qualidades técnicas (presumimos, pela inexistência de clínicas privadas na lista a encerrar, que em todas se façam milhares de partos). É um argumento que lembra aquelas anedotas sobre estatísticas: se nas grandes maternidades se fazem muitos partos a dividir por mais profissionais, nas mais pequenas dividem-se por menos – e equilibra-se a experiência. Prova-se mais uma vez que a régua e o esquadro não são os instrumentos mais adequados quando em causa estão pessoas.
Aliás, foi o próprio Ministério da Saúde que se encarregou de desmentir a tese, entregando um prémio de qualidade à maternidade da Figueira da Foz, no dia seguinte ao anúncio do seu encerramento.
No Dia da Mãe, o Ministro disse o que lhe ia na alma. Em entrevista à Antena 1, ainda tentou desvalorizar as diversas manifestações contra os encerramentos que marcaram o fim-de-semana, dizendo que os manifestantes são gente mal informada e manipulada. É um argumento comum entre aqueles que só estão habituados a relacionar-se assim com as opiniões dos outros: enganando, bajulando, usando. Mas é difícil minimizar a voz de 3 mil pessoas na Figueira da Foz e em Lamego, 5 mil em Mirandela, 10 mil em Lisboa, vindas de Barcelos, da Covilhã, da Guarda, de Castelo Branco, para além de outras acções de protesto já antes realizadas em Oliveira de Azeméis, Santo Tirso, Amarante, Elvas, num enorme movimento de massas exigindo que não lhes retirem mais este serviço público.
A certa altura da entrevista, diz o Ministro: o esforço que se gasta a fazer manifestações podia ser melhor dirigido, mobilizando a “sociedade civil” para fazer maternidades privadas nesses concelhos.
Ora finalmente nos entendemos: é que não estão em causa nem os direitos das mulheres, nem os das crianças, nem a saúde pública. O que está em causa nos encerramentos das maternidades (como no de outros serviços públicos…) é o gigantesco negócio da saúde. Nós desconfiávamos, mas ainda bem que aconteceu ao Ministro aquilo que o povo diz que acontece às vezes à boca dos mentirosos: fugiu-lhe para a verdade.
Aliás, foi o próprio Ministério da Saúde que se encarregou de desmentir a tese, entregando um prémio de qualidade à maternidade da Figueira da Foz, no dia seguinte ao anúncio do seu encerramento.
No Dia da Mãe, o Ministro disse o que lhe ia na alma. Em entrevista à Antena 1, ainda tentou desvalorizar as diversas manifestações contra os encerramentos que marcaram o fim-de-semana, dizendo que os manifestantes são gente mal informada e manipulada. É um argumento comum entre aqueles que só estão habituados a relacionar-se assim com as opiniões dos outros: enganando, bajulando, usando. Mas é difícil minimizar a voz de 3 mil pessoas na Figueira da Foz e em Lamego, 5 mil em Mirandela, 10 mil em Lisboa, vindas de Barcelos, da Covilhã, da Guarda, de Castelo Branco, para além de outras acções de protesto já antes realizadas em Oliveira de Azeméis, Santo Tirso, Amarante, Elvas, num enorme movimento de massas exigindo que não lhes retirem mais este serviço público.
A certa altura da entrevista, diz o Ministro: o esforço que se gasta a fazer manifestações podia ser melhor dirigido, mobilizando a “sociedade civil” para fazer maternidades privadas nesses concelhos.
Ora finalmente nos entendemos: é que não estão em causa nem os direitos das mulheres, nem os das crianças, nem a saúde pública. O que está em causa nos encerramentos das maternidades (como no de outros serviços públicos…) é o gigantesco negócio da saúde. Nós desconfiávamos, mas ainda bem que aconteceu ao Ministro aquilo que o povo diz que acontece às vezes à boca dos mentirosos: fugiu-lhe para a verdade.