Operação «Torre de controlo»
Não pode deixar de constituir motivo de viva indignação, a desproporcionada e violenta intervenção da PSP numa «mega operação» que, na madrugada de terça-feira, a mesma desencadeou no Bairro da Ponte em Camarate e à qual decidiu chamar – Torre de controlo.
Durante mais de 5 horas, cerca de 600 polícias cercaram o bairro, constituído exclusivamente por barracas (daquelas que se constróem com um pouco de tudo aquilo que se encontra, onde nem a água nem o saneamento básico chegou) impedindo as entradas e saídas do mesmo, arrombando portas, impossibilitando pessoas de irem trabalhar, violentando crianças (muitas das quais encontravam-se sozinhas). Ao todo, 138 «buscas domiciliárias» que, ao que tudo indica, resultaram na apreensão de 19 armas, das quais 13 caçadeiras e em 10 detenções.
As «espectaculares» imagens televisivas que correram o país (e às quais nos vamos habituando) têm tanto de elucidativo, como de chocante. Por um lado, o impressionante e despropositado aparato policial, montado não para combater a grande criminalidade ou para garantir a tão necessária segurança de proximidade, mas para projectar operações de grande escala e aparato mediático incidindo a sua actuação sobre as populações mais excluídas, mais marginalizadas e mais pobres. Por outro lado, o choque que resulta da violência, da humilhação e desrespeito com que essas mesmas populações são tratadas.
A política de segurança interna prosseguida nos últimos anos, quer nas formas de organização e funcionamento quer no tipo de actuação das forças policiais, é parte integrante da ofensiva contra o regime democrático e os seus fundamentos. O seu conteúdo de classe tem-se vindo a acentuar, como demonstram este tipo de operações, que aliás se têm vindo a acentuar nos últimos anos. O crescente carácter repressivo da sua actuação - que não é contraditório com a perda continuada de direitos por parte dos profissionais, dirige-se preferencialmente aos elos mais fracos, do complexo sistema de cumplicidades e acções que o crime organizado desenvolve.
Desconhecemos a verdadeira dimensão do problema do tráfico de armas no nosso país. Mas mesmo admitindo a gravidade deste problema, que justificação é que existe para que de forma absolutamente abusiva seja efectuada uma intervenção de carácter quase militar num determinado bairro? Alguém imaginaria, estes mesmos 600 polícias, cercarem a «Quinta da Marinha», arrombassem portas, vasculhassem casas, impedissem as pessoas de ir trabalhar e tirassem do «sossego» e humilhassem umas centenas de «figurões»? É que provavelmente até encontrariam mais armas.
Durante mais de 5 horas, cerca de 600 polícias cercaram o bairro, constituído exclusivamente por barracas (daquelas que se constróem com um pouco de tudo aquilo que se encontra, onde nem a água nem o saneamento básico chegou) impedindo as entradas e saídas do mesmo, arrombando portas, impossibilitando pessoas de irem trabalhar, violentando crianças (muitas das quais encontravam-se sozinhas). Ao todo, 138 «buscas domiciliárias» que, ao que tudo indica, resultaram na apreensão de 19 armas, das quais 13 caçadeiras e em 10 detenções.
As «espectaculares» imagens televisivas que correram o país (e às quais nos vamos habituando) têm tanto de elucidativo, como de chocante. Por um lado, o impressionante e despropositado aparato policial, montado não para combater a grande criminalidade ou para garantir a tão necessária segurança de proximidade, mas para projectar operações de grande escala e aparato mediático incidindo a sua actuação sobre as populações mais excluídas, mais marginalizadas e mais pobres. Por outro lado, o choque que resulta da violência, da humilhação e desrespeito com que essas mesmas populações são tratadas.
A política de segurança interna prosseguida nos últimos anos, quer nas formas de organização e funcionamento quer no tipo de actuação das forças policiais, é parte integrante da ofensiva contra o regime democrático e os seus fundamentos. O seu conteúdo de classe tem-se vindo a acentuar, como demonstram este tipo de operações, que aliás se têm vindo a acentuar nos últimos anos. O crescente carácter repressivo da sua actuação - que não é contraditório com a perda continuada de direitos por parte dos profissionais, dirige-se preferencialmente aos elos mais fracos, do complexo sistema de cumplicidades e acções que o crime organizado desenvolve.
Desconhecemos a verdadeira dimensão do problema do tráfico de armas no nosso país. Mas mesmo admitindo a gravidade deste problema, que justificação é que existe para que de forma absolutamente abusiva seja efectuada uma intervenção de carácter quase militar num determinado bairro? Alguém imaginaria, estes mesmos 600 polícias, cercarem a «Quinta da Marinha», arrombassem portas, vasculhassem casas, impedissem as pessoas de ir trabalhar e tirassem do «sossego» e humilhassem umas centenas de «figurões»? É que provavelmente até encontrariam mais armas.