Caminhos da luta
O rápido crescimento da China há muito fez soar as campainhas de alarme em Washington
A propósito da recente visita do presidente chinês aos EUA, a Newsweek de 24.04 titula em capa: China/EUA o verdadeiro choque de civilizações. Descontado o sensacionalismo habitual nestas coisas, aquilo que sabemos – e a revista norte-americana confirma – é que o rápido crescimento da China há muito fez soar as campainhas de alarme em Washington. A sua emergência como potência em diferentes domínios é vista como desafio intolerável à pretensão de dominação planetária ad eternum do imperialismo norte-americano. A braços com as ameaças decorrentes dos gigantescos desequilíbrios da sua economia, os EUA, não podendo por ora prescindir do mercado e das importações chinesas, sobretudo quando parte substancial do enorme superavit comercial de Pequim tem sido reinvestido na sua economia, enveredam cada vez mais abertamente pela agressiva e perigosa via de «contenção» da China. Uma das suas últimas expressões, e acto inédito, levou a Pequim Thomas Shannon, sub-secretário de Estado para os Assuntos do Hemisfério Ocidental. Imbuído do mais vetusto espírito da doutrina Monroe, o «encarregado» da América Latina na Administração Bush, terá deixado na China, a acreditar na publicação acima mencionada, a imperativa advertência de «cautela» na zona que os EUA há muito tomam pelo seu «quintal das traseiras».
O relacionamento da China com os países da região, em bases mutuamente vantajosas, contribui objectivamente para a sua emancipação das garras do imperialismo. Mas em nada, que se saiba, contraria o direito internacional.
De facto, a sobranceria imperialista do sub-secretário traz à memória sombrios tempos passados. Convém, por exemplo, ter presente acontecimentos como os de 1900, quando Pequim foi ocupada por um exército expedicionário de oito potências capitalistas, e o país ficou à mercê das condições humilhantes de um tratado «colonial» leonino.
A crescente perturbação dos EUA com a evolução na América Latina é evidente.
Por todo o sub-continente é visível a falência das políticas do chamado Consenso de Washington. Aparelhos produtivos destruídos, economias arrasadas, abissais desigualdades sociais e uma pobreza pululante. É este o resultado de décadas de intervencionismo imperialista, de ingerências sanguinárias e conspirações golpistas, da perseguição política e da política de terrorismo; das doutrinas de ajuste e desregulação económicas implementadas até às últimas consequências. Que os EUA desejariam agora coroar com a aplicação da ALCA, travada em 2005, sob a acção directa de cinco países sul-americanos.
Este acontecimento assinalável é inseparável da vaga de ascenso e alargamento das lutas populares que percorrem a América Latina. Um contexto marcado por uma diversidade de processos e de forças participantes, inclusive até de sinal contraditório – que passam também pela acção de sectores das burguesias nacionais visando enquadrar e comandar as mudanças em curso –, mas em que sobressai como traço geral o cariz anti-imperialista e o avanço de saídas progressistas.
A persistência de Cuba socialista e a sua recuperação económica, demonstrando o fracasso de um bloqueio criminoso; as conquistas da revolução bolivariana na Venezuela; a proposta da ALBA que une os dois países, a que se acaba de juntar a Bolívia, constituem exemplos destacados e impressivos destes processos, confirmando o grande potencial, simultaneamente acumulador e libertador, que a nossa época encerra.
Ao mesmo tempo, as grandes manifestações de imigrantes, segmento importante da classe operária norte-americana, mostram que a realidade vivida na América Latina tem repercussões directas na própria situação dos EUA.
Atolado no Iraque, o imperialismo experimenta dificuldades no plano de dominação da Eurásia, sem a qual a sua hegemonia planetária ruirá.
Seria, contudo, um erro subestimar o contra-ataque imperialista em curso na América Latina, como o demonstram o Plano Colômbia, o envio de tropas para o Paraguai ou a chantagem dos TLC’s. Mas a América Latina representa hoje o elo fraco da cadeia imperialista, com tudo o que isso implica para a luta.
O relacionamento da China com os países da região, em bases mutuamente vantajosas, contribui objectivamente para a sua emancipação das garras do imperialismo. Mas em nada, que se saiba, contraria o direito internacional.
De facto, a sobranceria imperialista do sub-secretário traz à memória sombrios tempos passados. Convém, por exemplo, ter presente acontecimentos como os de 1900, quando Pequim foi ocupada por um exército expedicionário de oito potências capitalistas, e o país ficou à mercê das condições humilhantes de um tratado «colonial» leonino.
A crescente perturbação dos EUA com a evolução na América Latina é evidente.
Por todo o sub-continente é visível a falência das políticas do chamado Consenso de Washington. Aparelhos produtivos destruídos, economias arrasadas, abissais desigualdades sociais e uma pobreza pululante. É este o resultado de décadas de intervencionismo imperialista, de ingerências sanguinárias e conspirações golpistas, da perseguição política e da política de terrorismo; das doutrinas de ajuste e desregulação económicas implementadas até às últimas consequências. Que os EUA desejariam agora coroar com a aplicação da ALCA, travada em 2005, sob a acção directa de cinco países sul-americanos.
Este acontecimento assinalável é inseparável da vaga de ascenso e alargamento das lutas populares que percorrem a América Latina. Um contexto marcado por uma diversidade de processos e de forças participantes, inclusive até de sinal contraditório – que passam também pela acção de sectores das burguesias nacionais visando enquadrar e comandar as mudanças em curso –, mas em que sobressai como traço geral o cariz anti-imperialista e o avanço de saídas progressistas.
A persistência de Cuba socialista e a sua recuperação económica, demonstrando o fracasso de um bloqueio criminoso; as conquistas da revolução bolivariana na Venezuela; a proposta da ALBA que une os dois países, a que se acaba de juntar a Bolívia, constituem exemplos destacados e impressivos destes processos, confirmando o grande potencial, simultaneamente acumulador e libertador, que a nossa época encerra.
Ao mesmo tempo, as grandes manifestações de imigrantes, segmento importante da classe operária norte-americana, mostram que a realidade vivida na América Latina tem repercussões directas na própria situação dos EUA.
Atolado no Iraque, o imperialismo experimenta dificuldades no plano de dominação da Eurásia, sem a qual a sua hegemonia planetária ruirá.
Seria, contudo, um erro subestimar o contra-ataque imperialista em curso na América Latina, como o demonstram o Plano Colômbia, o envio de tropas para o Paraguai ou a chantagem dos TLC’s. Mas a América Latina representa hoje o elo fraco da cadeia imperialista, com tudo o que isso implica para a luta.