Os chacais da tortura
O ex-embaixador britânico no Uzbequistão, Craig Murray, acusou, perante deputados do Parlamento Europeu, os governos do Reino Unido e dos EUA de utilizarem conscientemente informações obtidas sob tortura em território uzbeque.
Ministro britânico dos Estrangeiros sabia das torturas
O ex-diplomata Craig Murray, ouvido na quinta-feira, dia 20, pela comissão temporária do Parlamento Europeu que investiga as actividades ilegais da CIA na Europa, afirmou ter conhecimento de que os Estados Unidos e o Reino Unido «têm como prática utilizar confissões obtidas sob tortura em países terceiros».
Estes actos, revelou, têm lugar em países como o Uzbequistão ao abrigo da cooperação entre os serviços nacionais de informação em casos de presumidos terroristas.
Murray declarou ter «provas sólidas» de que os serviços secretos daquele país da Ásia Central da antiga União Soviética, onde foi embaixador de 2002 a 2004, torturavam com frequência prisioneiros. A CIA e o MI6 (os serviços britânicos), embora não participassem nos interrogatórios, partilhavam as informações obtidas daquela forma.
Cinismo ocidental
«Vi elementos de prova sobre múltiplos casos de tortura no Uzbequistão: indivíduos mergulhados em água fervente até à morte, mutilações de órgãos genitais, violações de pessoas na presença dos seus familiares. Tudo para que assinassem as confissões».
Quanto transmitiu estes factos ao Ministério britânico do Negócios Estrangeiros, depois de várias missivas, acabou por ser informado de que o ministro «Jack Straw tinha abordado a questão com o chefe do MI6, decidindo manter o fluxo deste tipo de informações, não vendo nada de contrário à convenção das Nações Unidas contra a tortura», já que o governo britânico não executava directamente as sevícias sobre os detidos.
O próprio conselheiro jurídico dos Negócios Estrangeiros, Michael Wood, numa carta ao diplomata, terá mesmo explicado que a referida convenção das Nações Unidas proibia apenas a utilização de informações obtidas sob tortura «a título de prova no âmbito de processos judiciais».
«Deste modo, o Reino Unido continua a manter a sua posição formal de que “não admitimos, não utilizamos e não encorajamos a tortura”», disse Murray, que acabaria por ser irradiado da carreira diplomática, em Outubro de 2004, por ter persistido no protesto.
Interrogado pelos eurodeputados, o britânico declarou ainda que não sabe se a CIA partilhou estas informações com outros serviços europeus. No entanto, declarou que «a Alemanha mantinha contactos estreitos com os serviços uzbeques e julgo que ainda mantém. Continuam a ter lá uma base militar».
Já em relação aos centros de detenção na Bulgária ou na Roménia, Murray afirmou não conhecer elementos que provem a sua existência. Em contrapartida, declarou estar ao corrente de que a tortura era igualmente praticada noutros países como a Síria, Argélia Egipto ou Marrocos.
A comissão temporária do Parlamento Europeu tem vindo a ouvir várias personalidades, cujos depoimentos possam contribuir para a investigação das ilegalidades cometidas pela CIA na Europa assim como da cumplicidade dos governos europeus.
Estes actos, revelou, têm lugar em países como o Uzbequistão ao abrigo da cooperação entre os serviços nacionais de informação em casos de presumidos terroristas.
Murray declarou ter «provas sólidas» de que os serviços secretos daquele país da Ásia Central da antiga União Soviética, onde foi embaixador de 2002 a 2004, torturavam com frequência prisioneiros. A CIA e o MI6 (os serviços britânicos), embora não participassem nos interrogatórios, partilhavam as informações obtidas daquela forma.
Cinismo ocidental
«Vi elementos de prova sobre múltiplos casos de tortura no Uzbequistão: indivíduos mergulhados em água fervente até à morte, mutilações de órgãos genitais, violações de pessoas na presença dos seus familiares. Tudo para que assinassem as confissões».
Quanto transmitiu estes factos ao Ministério britânico do Negócios Estrangeiros, depois de várias missivas, acabou por ser informado de que o ministro «Jack Straw tinha abordado a questão com o chefe do MI6, decidindo manter o fluxo deste tipo de informações, não vendo nada de contrário à convenção das Nações Unidas contra a tortura», já que o governo britânico não executava directamente as sevícias sobre os detidos.
O próprio conselheiro jurídico dos Negócios Estrangeiros, Michael Wood, numa carta ao diplomata, terá mesmo explicado que a referida convenção das Nações Unidas proibia apenas a utilização de informações obtidas sob tortura «a título de prova no âmbito de processos judiciais».
«Deste modo, o Reino Unido continua a manter a sua posição formal de que “não admitimos, não utilizamos e não encorajamos a tortura”», disse Murray, que acabaria por ser irradiado da carreira diplomática, em Outubro de 2004, por ter persistido no protesto.
Interrogado pelos eurodeputados, o britânico declarou ainda que não sabe se a CIA partilhou estas informações com outros serviços europeus. No entanto, declarou que «a Alemanha mantinha contactos estreitos com os serviços uzbeques e julgo que ainda mantém. Continuam a ter lá uma base militar».
Já em relação aos centros de detenção na Bulgária ou na Roménia, Murray afirmou não conhecer elementos que provem a sua existência. Em contrapartida, declarou estar ao corrente de que a tortura era igualmente praticada noutros países como a Síria, Argélia Egipto ou Marrocos.
A comissão temporária do Parlamento Europeu tem vindo a ouvir várias personalidades, cujos depoimentos possam contribuir para a investigação das ilegalidades cometidas pela CIA na Europa assim como da cumplicidade dos governos europeus.