Uma questão de classe
A União Europeia confirmou esta semana a decisão de proibir a entrada no território comunitário a Alexandre Lukachenko, presidente da Bielorrússia, e de mais 30 outros responsáveis daquele país, por alegadas «violações das normas eleitorais internacionais» no escrutínio presidencial de 19 de Março.
Os 25 confirmaram também a decisão de suspender os financiamentos à Autoridade Palestiniana - agora a cargo do movimento Hamas em resultado de eleições aparentemente conformes com as «normas eleitorais internacionais», para usar a nomenclatura da UE -, desta feita por aquele movimento estar classificado como terrorista. Para voltar a aceder à ajuda financeira da UE o Hamas deve «renunciar à violência», bem como reconhecer «o direito de existência do Estado de Israel» e os «acordos da paz de Oslo».
Ainda no mesmo dia, a diligente UE fez saber que poderá impor sanções económicas e políticas ao Irão, caso este país não acate o ultimato do Conselho de Segurança da ONU para pôr termo ao seu plano nuclear, mesmo para fins pacíficos.
Estas decisões, tomadas na reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, invocam como é devido os elevados princípios da liberdade, da democracia, da paz mundial, da justiça e da solidariedade entre os povos, que como é sabido não existem fora do sistema capitalista e do livre mercado.
Assim sendo, a UE dispensa-se de explicitar que «normas eleitorais internacionais» foram violadas na Bielorrrússia, onde o objectivo, tal como na Ucrânia, parece ser forçar a repetição de eleições até que o candidato do ocidente chegue ao poder.
Com a mesma leviandade, a UE omite que os tais «acordos da paz de Oslo» que o Hamas é instado a reconhecer já haviam sido declarados «nulos» pelo anterior governo israelita de Ariel Sharon, sem que daí tivesse resultado qualquer sanção ou ameaça a Israel.
Já agora vale a pena recordar que nunca a UE admitiu sequer a possibilidade de sancionar Telavive pelo reiterado desrespeito de resoluções da ONU sobre a ocupação da Palestina e o direito dos palestinianos a um Estado independente, e que os repetidos ataques contra a população civil palestiniana - como o que esta segunda-feira vitimou uma criança de quatro anos e feriu outras cinco - jamais foram classificados como actos terroristas.
E por falar em ameaça nuclear, importa não esquecer que Israel é uma potência nuclear não assumida, e que mantém sob liberdade condicionada o cientista que há anos revelou ao mundo essa realidade, o que então lhe valeu uma dura pena de prisão.
Dois pesos e duas medidas? Nem tanto. É a natureza intrínseca do capitalismo e da sua democracia burguesa.
Os 25 confirmaram também a decisão de suspender os financiamentos à Autoridade Palestiniana - agora a cargo do movimento Hamas em resultado de eleições aparentemente conformes com as «normas eleitorais internacionais», para usar a nomenclatura da UE -, desta feita por aquele movimento estar classificado como terrorista. Para voltar a aceder à ajuda financeira da UE o Hamas deve «renunciar à violência», bem como reconhecer «o direito de existência do Estado de Israel» e os «acordos da paz de Oslo».
Ainda no mesmo dia, a diligente UE fez saber que poderá impor sanções económicas e políticas ao Irão, caso este país não acate o ultimato do Conselho de Segurança da ONU para pôr termo ao seu plano nuclear, mesmo para fins pacíficos.
Estas decisões, tomadas na reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, invocam como é devido os elevados princípios da liberdade, da democracia, da paz mundial, da justiça e da solidariedade entre os povos, que como é sabido não existem fora do sistema capitalista e do livre mercado.
Assim sendo, a UE dispensa-se de explicitar que «normas eleitorais internacionais» foram violadas na Bielorrrússia, onde o objectivo, tal como na Ucrânia, parece ser forçar a repetição de eleições até que o candidato do ocidente chegue ao poder.
Com a mesma leviandade, a UE omite que os tais «acordos da paz de Oslo» que o Hamas é instado a reconhecer já haviam sido declarados «nulos» pelo anterior governo israelita de Ariel Sharon, sem que daí tivesse resultado qualquer sanção ou ameaça a Israel.
Já agora vale a pena recordar que nunca a UE admitiu sequer a possibilidade de sancionar Telavive pelo reiterado desrespeito de resoluções da ONU sobre a ocupação da Palestina e o direito dos palestinianos a um Estado independente, e que os repetidos ataques contra a população civil palestiniana - como o que esta segunda-feira vitimou uma criança de quatro anos e feriu outras cinco - jamais foram classificados como actos terroristas.
E por falar em ameaça nuclear, importa não esquecer que Israel é uma potência nuclear não assumida, e que mantém sob liberdade condicionada o cientista que há anos revelou ao mundo essa realidade, o que então lhe valeu uma dura pena de prisão.
Dois pesos e duas medidas? Nem tanto. É a natureza intrínseca do capitalismo e da sua democracia burguesa.