A construção colectiva do 8.º Congresso da JCP

Vasco Cardoso (Membro da Comissão Política)
Estamos a 3 meses da realização do 8º Congresso da JCP em Vila Nova de Gaia. Há medida que o tempo passa intensifica-se a sua preparação, envolvendo milhares de camaradas, contactando e agindo junto das massas juvenis, dinamizando a luta, afirmando o ideal comunista, reforçando a organização da JCP e o Partido.

Desde a última Festa do Avante a JCP recrutou 500 novos militantes

A decisão de realizar pela primeira vez um Congresso da JCP no norte do país constitui, por si só, um importante elemento de confiança face às potencialidades de trabalho que existem e um não menos importante sinal, face à dimensão nacional que hoje a JCP assume como organização de juventude que é.
Desde a última edição da Festa do Avante, travando com êxito, junto do PCP, duas importantes batalhas eleitorais, a JCP recrutou 500 novos militantes, fixando-se em metade do objectivo traçado até ao Congresso. Esta assinalável capacidade de atracção por parte da JCP, à qual se juntam centenas de jovens que entretanto aderiram ao PCP, constituiu um importante elemento de análise sobre as condições objectivas que temos para reforçar a JCP e o Partido (em ano do seu reforço). E claro está que um dos primeiros objectivos deste Congresso é chegar ao dia 20 de Maio com um organização mais forte, e mais forte para intervir melhor. É neste quadro de grande entusiasmo e determinação que estamos a preparar o Congresso.

O projecto de resolução política

Após o trabalho desenvolvido pela comissão de redacção mandatada pela Direcção Nacional da JCP e a sua aprovação a 8 de Janeiro por este órgão, decorre no seio da organização a discussão do projecto de resolução política. Este documento, naturalmente ainda incompleto, condensa a análise que a JCP desenvolve sobre a situação da juventude no mundo e no país, o papel e as condições de intervenção do movimento juvenil, a caracterização da organização da JCP e as principais linhas de trabalho que se apontam para o seu reforço. Para além da leitura e do contributo individual de cada camarada, valorizam-se sobretudo as centenas de reuniões, debates e encontros que irão aprofundar de forma colectiva as orientações que irão nortear a JCP nos próximos 3 anos.
Discutir os problemas da escola, do sistema de ensino, do emprego, dos salários, da precariedade, da política de direita, da União Europeia, do imperialismo, da participação e do regime democrático, da resistência e da luta dos povos, dos direitos sexuais e reprodutivos, do movimento juvenil, dos interesses e aspirações da juventude, da cultura, do desporto, da sociedade que combatemos e da sociedade que queremos. Discutir a organização da JCP nas escolas do Ensino Secundário, do Ensino Superior, nas empresas e sectores, na intervenção local, a militância, a recolha de fundos, o recrutamento, a formação ideológica, o AGIT, a propaganda, é um processo de aprendizagem e enriquecimento colectivo, que contribui de forma determinante para o acerto da orientação traçada e para a formação ideológica de milhares de jovens comunistas.
É um apelo concreto ao contributo individual de cada camarada, em que cada militante se sente parte integrante não apenas da discussão mas da concretização das orientações que se vierem a definir, cruzando experiências e realidades tão distintas e ao mesmo tempo convergentes na necessidade da sua transformação. Da situação na escola à vida dentro das empresas, dos centros urbanos às zonas mais abandonadas do país, das associações de estudantes à intervenção nas associações juvenis. De onde emerge uma profunda vontade de «Transformar o sonho em vida» como afirma o lema do 8º Congresso.

A afirmação do 8º Congresso e do ideal Comunista

A JCP é uma organização de massas. É conhecida e reconhecida nas escolas junto dos estudantes pela sua presença regular e interventiva em torno não apenas das grandes questões do ensino mas também dos problemas concretos que atingem os estudantes. A JCP é cada vez mais uma organização que vai à porta das empresas e dos locais de trabalho e que se prestigia junto dos jovens trabalhadores. Afirmar junto da juventude portuguesa o congresso e o ideal comunista é um aspecto indispensável na construção do congresso.
Por todo o país serão também colados milhares de cartazes, distribuídos centenas de milhares de documentos, mais de 100 murais estão a ser pintados nas ruas do nosso país, pintam-se e afixam-se dezenas de faixas, contactam-se rádios e jornais (também se contactam televisões mas é o que se sabe), envolvem-se dezenas de equipas de futsal no Torneio AGIT, vende-se o Avante! e o Agit, promovem-se debates nas escolas e em colectividades, realizam-se convívios, recolhem-se fundos (numa campanha cuja meta é alcançar os 60.000 €), com o objectivo de afirmar junto da juventude portuguesa que a JCP está ali, a preparar o seu 8º Congresso, dizendo que é possível viver melhor, convidando-os a conhecer a JCP e a engrossar a luta e as nossas fileiras.

Um Congresso ligado à vida

Na última semana, milhares de estudantes do ensino secundário saíram à rua, dando continuidade a uma luta que no essencial preconiza o direito a uma escola pública, gratuita e de qualidade, direito inalienável da juventude que as políticas de direita praticadas pelo PS insistem em negar. De norte a sul do país, os jovens comunistas foram determinantes para dezenas de acções que se realizaram.
No ensino superior, a política elitista e privatizadora praticada por sucessivos governos, com particular expressão nos crescentes aumentos de propinas e na imposição do processo de Bolonha, provoca um profundo descontentamento nos estudantes. Com o início do segundo semestre é necessário desenvolver em cada escola as condições para que esse descontentamento se transforme em acção e em luta.
Aproxima-se também a realização de uma importante jornada de luta de jovens trabalhadores, convocada pela CGTP-IN para o dia 28 de Março – Dia da Juventude –, com um importante papel da Interjovem. Trata-se de uma resposta à crescente exploração das novas gerações de trabalhadores. Esta acção, na continuidade das lutas desenvolvidas em cada empresa e sectores, constitui também uma importante prioridade da JCP, que deve contribuir para o esclarecimento e mobilização dos jovens para esta iniciativa.
Por outro lado, a luta pela Paz, contra a ocupação e destruição dos povos por parte do imperialismo; a solidariedade com organizações de juventude, que em vários pontos do mundo são perseguidas e atacadas (assumindo particular gravidade a tentativa de ilegalização da União de Jovens Comunistas da República Checa); as comemorações do dia da Mulher, do 25 de Abril ou do 1º de Maio; o combate à tentativa do Governo de reduzir os apoios e instrumentalizar o movimento juvenil convocam a JCP para uma empenhada e activa acção, que se desenvolve de forma dialéctica com a preparação do Congresso. Faltam três meses e muito trabalho pela frente.


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